Primavera  à brasileira (Por Decio Guimarães)

Decio Guimarães

Bem, pela chegada da primavera e pela lembrança que teremos de um setembro inesquecível, é que me atrevo a refletir.

A primavera sempre nos brinda com chuvas, florescências e temperaturas agradáveis.

Mas, neste setembro que se esvai, foi uma grata surpresa.

Sim, tivemos um encontro memorável com o despertar da Democracia e com o povo da rua.

Isso é saudável, pois nos coloca em confronto com o passado recente, que não produzia nenhum fato digno de nota.

Haviam sinais trocados, pela entrada em cena de novos atores, gerações da nova década.

Incensada, ainda, por novidades como a inteligência artificial e pela assunção de velhos dirigentes ao poder, sedizentes mundiais.

Foi preciso que acontecesse fatos ligados à Política e aos direitos dos cidadãos, para que surgissem apelos e manifestações acordando o povo e os colocando novamente na rua.

Desde o julgamento de ex-dirigentes e figuras conhecidas no meio militar, nunca antes na história pátria, o país não foi mais o mesmo.

O Judiciário, chamado a se pronunciar, não titubeou e mostrou o seu tamanho na história desse país.

Foram acionados artigos da Constituição que dormitavam, mas que, acionados, mostraram suas pertinências.

Havia uma espécie de desencanto, e, paradoxalmente, houve um acordar cívico que despertou de um sono lento.

Sim, para que se configure uma Democracia, em sua inteireza, é preciso mais do que respeito às instituições e  a  separação dos poderes.

É preciso que as consignas e as leis sugeridas tenham relação com o bom senso e com a Constituição Federal.

Criar uma exceção ou uma casta de cidadãos que buscavam se proteger, exigindo autorização para serem processados, andou longe da ética e dos bons costumes democráticos, para sermos bem claros.

E não foi só isso, houve um sopro de mudança, parecendo uma primavera de esperança, que aconteceu em outros países.

Nada como as manifestações no Egito,Tunísia e países do Oriente Médio (primavera árabe), que viviam  em regimes autoritários, mas sinaliza que, por aqui, também acontecerão câmbios.

Por mera coincidência, está acontecendo na entrada da nova estação e neste setembro inolvidável.

E quais são os sinais evidentes dessa súbita mudança de ares?

Primeiramente, se vê sinais de fumaça do lado de lá (USA) arrefecendo as tarifas e propondo uma discussão econômica.

Não sabemos, ainda, o seu alcance e seu desiderato, mas houve avanços significativos neste setembro.

Ficaram claros para todos os que acompanham a política internacional, que mudanças estão para acontecer, assim como o fim das duas guerras que incomodam a todos neste planeta.

Eu, assim, espero!

Além dos discursos protocolares na ONU,vários encontros bilaterais tornaram possível pensar em soluções negociadas e mudanças geopolíticas.

Todo o esforço é possível, tendo em vista o cansaço das Nações com relação à GAZA e Ucrânia.

Evidenciou-se, nestes últimos dias, a vontade de sentar-se à mesa e discutir temas que estão afetando o clima e o mundo como um todo.

E a ONU, embora enfraquecida, é um símbolo e um espaço a ser valorizado, tendo em vista a dicotomia de posições das nações hegemônicas, leia-se China e Estados Unidos.

Mas setembro, que finda, vai deixar marcas indeléveis no concerto das nações, de que é possível mudar o curso do rio, e navegar por águas mais limpas.

Decio Guimarães, Escritor e Poeta