“O Melhor de Nós” versus O Pior de Nós (Josué Silva)

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Josué Silva/Divulgação

Estamos em plenos jogos olímpicos. Trata-se da XXXIII Olimpíada dos jogos modernos. Os Jogos Olímpicos da Antiguidade tiveram sua última edição em 393 d.C. Apenas 1503 anos depois, ou seja, em 1896, é que voltaram a acontecer por iniciativa de Pierre de Frédy, mais conhecido como Barão de Coubertin, pedagogo e historiador francês.

De  26 de julho a 11 de agosto deste ano, bilhões de pessoas assistirão a alguma disputa e se emocionarão com alguns resultados. Serão 17 dias de grandes atrações, de grandes conquistas, de grandes vitórias e de grandes derrotas.
Em 1896, na cidade de Atenas, participaram 14 países e 241 atletas. Só homens. À época, as mulheres eram proibidas de competir. Na atual Olimpíada – Olha quanto avanço! –, temos 205 delegações e 10.500 atletas competindo em 48 modalidades. Nestes jogos olímpicos e paraolímpicos, teremos 5.250 homens e 5.250 mulheres.
A maior delegação é a dos Estados Unidos com 630 atletas. Quatro países têm apenas um atleta. O Brasil se faz representar com 241 atletas.
O objetivo maior das Olimpíadas é fomentar a paz e a união entre todas as nações do planeta por meio do esporte. É isso que está tão bem expresso na bandeira dos jogos: cinco círculos entrelaçados. Cada círculo representa um continente.
Participar de uma olimpíada já é uma grande conquista, um espetacular feito. Dela participam os melhores dentre os melhores. Lá estão os mais-mais de cada categoria.
São muitos anos de dedicação, de empenho, de superação e, na hora H, muitos sonhos se tornam terríveis pesadelos.
Todos sabemos que aprendemos mais com as derrotas do que com as vitórias, mas perder é duro e maltrata demais. Nessas horas, praticamente todos choram e alguns até sentem a necessidade de um abraço, de um afago, de se sentirem protegidos.
É claro que sempre há os favoritos, todavia, como são seres humanos, uma falha, uma manobra que não é encaixada, uma estratégia que não dá certo, uma jogada ensaiada mal executada e o favoritismo se vai. Às vezes, o que favorece a derrota é o emocional e não o técnico.
Também é claro que o treino, a dedicação, a decisão de ser o melhor faz com que alguns se mantenham no pelotão de elite. Alguns parecem – até – que não são seres normais como os demais, pois estão muito acima de todos. Esses seres “especiais” nos proporcionam espetáculos inimagináveis, inesquecíveis, eternos.
Todos os atletas olímpicos desejam uma medalha, entretanto, apenas três, em cada modalidade, vão levar uma no peito: ouro, prata ou bronze.
Em latim, “atleta” é “lutador”. Do grego “athlos”, vem luta, combate em jogos, competição. Como a Bíblia é um livro que fala de tudo para de tudo nos dar lições e nos informar princípios, temos duas passagens que falam de atleta (1Co 9.24-25 e 2Tm 2.5).
Escrevendo aos coríntios (2Co 9.24-25), o apóstolo Paulo adverte: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.”
Na época de Paulo, apenas um ganhava o prêmio. Agora, de que modalidade de competição fala o apóstolo na qual todos podem ganhar o prêmio sendo que só um ganha o prêmio? Em que modalidade esportiva todos podem ser vencedores?
É lógico que Paulo está falando de uma competição singular. Está falando da corrida da vida cristã, da corrida de se parecer com Cristo, de glorificar a Deus, de ser um exemplo a ser seguido.
Nesta competição, os atletas não precisam ter habilidades especiais, formas físicas privilegiadas, treinamentos sofisticados nem de condições anormais. Qualquer um pode ser campeão uma vez que não há impedimento político, cultural, econômico nem de povo ou raça.
Normalmente, é uma corrida com barreiras, com obstáculos. Para alguns poucos, uma corrida rápida, de 100 metros, digamos (talvez a do ladrão na cruz ao lado de Jesus), mas, para a maioria, uma maratona. Uma maratona com muitas e muitas barreiras, com muitos obstáculos.
O certo é que todos podem ganhar o prêmio, todos podem vencer. E por que todos podem vencer? Porque só depende de a pessoa querer, de tomar a decisão e suportar as consequências. Uma vez feito isso, a pessoa não correrá sozinha. Há um grupo de apoio, uma torcida a favor: o Pai, o Filho, o Espírito Santo e o grupo dos que realmente querem vê-la no ponto mais alto do podium dando glória a Deus e aleluia.
Nas Olimpíadas, aqui, “o melhor de nós” não é para todos nós. É para poucos. Poucos lá estão. Na corrida em busca de sermos aprovados por Deus “o melhor de nós” é possível a todos nós.
Os quatro princípios olímpicos são entendimento mútuo, igualdade, amizade e jogo limpo. Os três valores olímpicos são excelência, amizade e respeito. Quão decepcionados ficamos quando ouvimos de atletas que quebram tais princípios e que desrespeitam tais valores! Nesses casos, mostram “o pior de nós”.
Na corrida cristã, alguns atletas assim também procedem e nos envergonham. Toda vez que “o pior de nós” é mostrado, mais Deus é desonrado e sua obra-prima o desacata.
Temos dentro nós “o melhor de nós” e “o pior de nós”. Nas Olimpíadas, quem não jogar atentando para os princípios e os valores olímpicos, será eliminado da competição. Na carreira cristã, tal atitude nos colocará no time dos que jogam contra Deus.
Nas Olimpíadas, juízes, com a ajuda da tecnologia, procuram todos os ângulos para verem se o atleta está competindo de forma justa. Na carreira cristã, o Juiz de toda terra, com olhos como que de fogo, tudo vê. Enquanto aqui estivermos, neste mundo, Ele nos dá novas oportunidades, mas chegará o dia em que Ele apenas nos julgará segundo a forma como corremos a corrida cristã.
“O melhor de nós” é visto, no mais das vezes, nas vitórias, por isso, é nas derrotas que ele tem a obrigação de aparecer. O consternador é que “o pior de nós” aparece mais que “o melhor de nós”.
Josué Silva é professor, pastor, teólogo, palestrante, conselheiro cristão, master terapeuta emocional da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), escritor e membro da Academia Evangélica de Letras do Distrito Federal.

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