Deputado Zé Trovão (Crédito: Mário Agra, Câmara dos Deputados)
O governo analisa aumentar imposto de importação de pneus. A indústria nacional reclama da concorrência com estrangeiras. Pneus vêm, principalmente, da China, Vietnã, Índia e Malásia, por um preço baixo. O deputado Zé Trovão (PL/SC) defende uma solução equilibrada e justa.
Queda de braço
Após as eleições municipais, deve esquentar na Câmara dos Deputados, o debate sobre importação de pneus. A queda de braço que tem produtores de borracha e fabricantes nacionais de pneus de um lado e, do outro, caminhoneiros e importadores do produto vem sendo discutido na Comissão de Viação e Transportes da Câmara do Deputados, inclusive, com audiência pública, com participação de lideranças das diversas entidades do setor.
Solução equilibrada
O deputado Zé Trovão, da Comissão de Viação e Transportes da Câmara do Deputados ressaltou a importância do debate para 615 mil caminhoneiros autônomos do Brasil e afirmou ser viável buscar uma solução equilibrada e justa.
Consumidor vai pagar a conta
Sobre o tema, o deputado Ubiratan Sanderson (PL/RS), disse à coluna Repórter Brasília, que, “sou contra a taxação porque mais uma vez quem vai pagar a conta é o consumidor brasileiro. Já ficou provado que políticas protecionistas enfraquecem ainda mais a economia de mercado”. O parlamentar adiantou que “quando essa matéria chegar numa das comissões em que eu atuo, ou no plenário, certamente votarei contra”.
Participação de importados
Nos últimos quatro anos a participação de importados no mercado de pneus para veículos de carga aumentou de 15% para 47%. Para veículos de passeio a participação aumentou ainda mais: passou de 27% para 62%. Os pneus vêm, principalmente, da China, Vietnã, Índia e Malásia, por um preço abaixo dos produzidos no país. Nos últimos dois anos, os preços caíram até 20%.
Maior produção da América Latina
De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneus (Anip), o Brasil é o maior polo de produção de pneus da América Latina e sétimo no mundo. São 11 empresas e 21 fábricas em sete estados. Os 52 milhões de pneus vendidos arrecadam R$ 5,2 bilhões por ano em impostos, e mantêm 32 mil empregos diretos e 500 mil indiretos.
Aumento da alíquota
Enquanto caminhoneiros comemoram o preço mais baixo, representantes da indústria pedem o aumento da tarifa de importação para assegurar a competitividade do produto nacional. A Câmara de Comércio Exterior (Camex), do governo federal, analisa aumentar de 16% para 35% a alíquota de importação do item.
Sem repercussão negativa
O consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gustavo Madi, afirmou, em audiência pública, que o aumento da tarifa elevaria os preços dos importados em 16,4%. Segundo ele, isso não traria repercussão negativa significativa no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação. “Esse impacto seria da casa de 0,03% a 0,05%. Para ter uma dimensão disso: a gente fala numa projeção de inflação de 3,74%, [e então] ela seria de 3,79% somando esse impacto”, afirmou.
Conter queda na produção nacional
Para a CNI, a medida geraria efeitos positivos para a economia, contendo a queda na produção nacional de pneus. A elevação da taxa representaria aumento de R$ 8,9 bilhões no PIB nacional por ano, 105 mil empregos a mais e R$ 3,7 bilhões em salários.
Competição desleal
O presidente-executivo da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), Klaus Curt Muller, apontou o Brasil como único país do ocidente que tem em seu território a produção de pneus e de borracha natural, o que é estratégico. Segundo ele, os fabricantes não são contra a importação, mas contra o que ele chamou de competição leal.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa