Dia dos Namorados: o Brega Chic! (Júnior Sipaúba)

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Júnior Sipaúba /Divulgação

Não sou muito inclinado a ficar refém de datas comemorativas, me sentindo pressionado a escrever artigos, devocionais, pastorais conforme a demanda dos nossos calendários. Mas compreendo que algumas datas necessitam de uma boa reflexão, outras precisam ser resgatadas e muitas carecem de uma releitura. O Dia dos Namorados, em minha percepção, merece nossas reflexões!

      Nas palavras do rabino Nilton Bonder: “_Podemos assim dizer que o dia dos namorados é um monumento ao que de mais permanente e imortal há em nós. Nossas paixões e afetos são como partes de nós que se expandem e irradiam para o mundo e ficamos presentes para além do corpo e da presença_”.  O rabino foi certeiro e cirúrgico, estamos diante de um monumento e não de um evento para gastar dinheiro e encher os restaurantes.
      Nossos amores representam a única resposta sobre o além da vida, sobre a vida após a morte. É fascinante encontrar no livro Cântico dos Cânticos, de autoria atribuída a Salomão, a forte declaração: “_Coloque-me como selo sobre o seu coração, como selo sobre seu braço. Pois o amor é forte como a morte, e o ciúme, exigente como a sepultura. O amor arde como fogo, como as labaredas mais intensas_” (8.6). Os nossos amores mesmo quando interrompidos cronologicamente pela realidade da morte, nos sobreviverão como uma digital em corações e emoções de outros. Quando somos lembrados, também somos ressuscitados no outro!
      Outra declaração espetacular da sabedoria bíblica afirma: “_Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos_” (Salmo 116.15). Sempre tenho em mente que a morte dos santos é preciosa, porque a vida também o foi. Não faria sentido uma morte preciosa e uma vida irrelevante.
      A vida é para ser vivida (não brinca?) e não há como viver a vida sem amar, pois não há realização fora do amor. Nas palavras do rabino, não há como viver “__[…] sem amar amar ou sem amar ser amado_”. O monge Anselm Grün em seu brilhante livro O que nutre o amor – relacionamento e espiritualidade, nos deixa uma pérola: “_O estar apaixonado coloca-me em contato com a fonte do amor divino que jorra em mim_”. O Dia dos Namorados aponta para uma fonte maior, é como uma placa anunciando uma fonte capaz de saciar nossa sede de amor.
      Fechando esta reflexão “brega/chic”, relembro o alerta bíblico: “_E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos_” (Mateus 24.12). Não vamos deixar o amor se esfriar, vamos viver a vida nutridos pelo combustível do amor, lembrando mais uma vez o monge Grün: “_Cada um de nós anseia por mais amor do que um ser humano – seja ele amigo, cônjuge, coirmão ou colega de trabalho – consegue dar. Somente através do luto dessa fragilidade, dessa limitação e finitude chegaremos ao fundamento de nossa alma e, ali, fazer uma experiência profunda: que em nós jorra a fonte do amor divino_”. E, à luz das Escrituras: “_Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor_” (I João 4.8).
José Sipaúba Costa Júnior é Professor, escritor, teólogo, psicanalista, matemático e mestre de Taekwondo.

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