Estamos nos primeiros dias de 2025. Praticamente ontem vimos as luzes dele chegando e também ouvimos alguns estampidos – ainda que proibidos – de sua entrada em nossa história. Estamos em 2025 e 2025 está em nós.
Entramos em um novo ano e um novo ano entrou na gente. Novos sonhos, velhos planos, revitalizados projetos, repaginados ideais. De alguns, apenas deles tirada a poeira. É mais uma oportunidade, é mais uma chance que temos de nos ajustarmos, de melhorarmos, de avançarmos, de irmos “ao infinito e além”.
2024 já se foi e, pasmem, daqui a pouco, 2025 já se terá ido. É que o tempo está passando muito rápido, como que escorregando por entre nossos dedos. Não é de hoje que ele corre de nós, foge de nós. Não é de hoje que ele corre mais que os quenianos nas últimas edições da São Silvestre.
Se quisermos fazer o que temos que fazer e deixar de fazer o que temos que deixar de fazer, precisamos ser determinados, disciplinados, objetivos. Não há tempo a perder. Precisamos ser organizados ainda que para isso gastemos um pouco de tempo. Precisamos usar a agenda seja ela física, virtual ou mental.
Alguns não têm agenda, não têm seus objetivos bem determinados. Esses perdem muito tempo. Estamos em janeiro. É em janeiro que tudo começa. Como disse o poeta e confrade Peniel Pacheco, janeiro começa com “Já”. A hora é agora. Vamos, então, ainda como diz o poeta citado, “janeirar”. Esse verbo precisa ser conjugado em todos os modos e tempos verbais.
Essa necessidade de aproveitar o tempo, essa vontade de viver o tempo, essa corrida por querermos dominar o tempo causa muita apreensão e provoca estresse, uma vez que não podemos deixar que ele se vá, não podemos perdê-lo de vista e não podemos nos deixar atropelar por ele. Uma vez que ele se foi, já era.
Alguns não estão nem aí: “Deixa a vida me levar. Vida leva eu.” São os do pagode de Zeca Pagodinho. Outros arrumam tempo não sei de onde. Parece que o dia deles é maior que o de todos. Uns correm muito. Outros não correm de jeito nenhum.
Precisamos de equilíbrio. Nada de apressado demais, pois esse come cru. Nada de lento demais, pois esse não come, pois, quando chega, a comida já acabou.
É necessário imprimirmos um ritmo o mais perto do constante. Nas horas necessárias, acelerador. Em outras horas, freio. E há horas em que se usa a ré, uma vez que existem momentos na vida em que a saída é para trás.
Essa briga contra o tempo, com o tempo, pelo tempo e no tempo, em 2024, fez com que a palavra do ano, entre nós brasileiros, fosse ansiedade. Sei que isso não acontece apenas no Brasil, mas vamos falar de nós.
Consoante a Organização Mundial da Saúde (OMS), ansiedade é um transtorno caracterizado por medo e preocupação excessivos. A palavra-chave de ansiedade é medo. Medo do passado, que está sempre presente. Medo do presente, que é incerto por causa do passado. Medo do futuro, que é ameaçador devido ao passado e ao presente. E, lógico, face a tantos medos, a preocupação descontrolada.
Tais medos e tal preocupação fazem com que a pessoa sofra e a vida se torne um fardo pesadíssimo. É que a ansiedade faz com que a pessoa viva, no presente, todos esses medos. Viva-os realmente apesar de eles não serem reais. Essa vivência estraga sua existência dia a dia. Viver se torna um sofrimento.
São vívidos medos imaginários. São tão reais que a pessoa os vivencia e os sente na alma (angústia, desespero, tristeza, fobia, pânico, desânimo, vergonha, culpa, dor, sofrimento, baixa autoestima, sensação de que algo terrível vai acontecer a qualquer momento, incapacidade de agir, vontade de morrer etc.), no espírito (falta de fé, falta de esperança, falta de perspectiva, raiva de Deus etc.) e no corpo (dor no peito, nó na garganta, aceleramento cardíaco, sensação de sufocamento, tensão muscular, náuseas, tremuras, tonturas, dor de cabeça, choro descontrolado etc.). A pessoa é atingida integralmente. São dores fortes em sua alma, em seu espírito e em seu corpo.
A ansiedade também pode ser conceituada como sendo o desejo de ter tudo sob controle. O passado, o presente e o futuro. Como controlar o passado? O que aconteceu
já aconteceu e não há como desfazê-lo. Como controlar o presente? Se o que está acontecendo depende de nós, façamos o que cabe a nós fazermos. Se não depende de nós, o que fazer? E o futuro? Como o controlar se ele nem ainda aconteceu? A coisa fica pior ainda porque o futuro previsto pelo ansioso é muito terrível, assombroso. É sempre o pior.
O Mestre dos mestres, no Sermão do Monte registrado pelo evangelista Mateus, capítulo 6, versos 25 a 34, dá-nos uma receita bem prática para evitarmos e vencermos a ansiedade: 1) valorizem a vida mais que as coisas; 2) valorizem o corpo mais que as vestes; 3) confiem em Deus e se deixem cuidar por Ele; 4) saibam que a ansiedade não resolve nada; ela, pelo contrário, potencializa o problema?; 5 ) busquem primeiro o reino de Deus e a sua justiça; 6) vivam o presente sem a interferência do passado e do futuro e 7) vençam o mal de cada dia, ou seja, não antecipem males.
São ações muito práticas. Alguns conseguem, apenas com a ajuda divina, executá-las. Outros não conseguem. Somos diferentes. Somos indivíduos. Os que não conseguem apenas com a ajuda divina precisam também de ajuda humana.
Ainda há muito preconceito acerca de se pedir ajuda para se vencer a ansiedade. De modo geral, as pessoas procuram tratamento para as dores no físico, contudo, quando a dor é na alma, nas suas emoções, e no espírito, recuam, fazem de conta que não estão sofrendo ou procuram aprender a viver com tal sofrimento.
No ano passado, a palavra ansiedade ganhou com 22% dos votos. Sabe qual foi a segunda palavra mais votada, com 21%? Resiliência (superação, cura, libertação da dor, transposição dos obstáculos limitantes).
Em 2025, em sua vida, qual palavra vencerá? Ansiedade ou resiliência?
Josué Silva é professor, pastor, teólogo, palestrante, conselheiro cristão, master terapeuta emocional da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), escritor e membro da Academia Evangélica de Letras do Distrito Federal.