Em São Paulo, a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no apoio aos candidatos locais, deve ficar para o segundo turno da disputa municipal, avaliam integrantes da campanha de Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, que tem o apoio de Bolsonaro e Guilherme Boulos (Psol), apoiado por Lula. No resto do pais a competição tem características diferenciadas e com ingredientes locais.
Um candidato da direita
Na capital paulista, “as pesquisas de tracking realizadas pelas equipes nesta reta final, reforçam essa expectativa com o polêmico Pablo Marçal (PRTB), atrás dos dois. Considerando o perfil de São Paulo, dificilmente haverá dois candidatos da direita, no segundo turno”, avaliam interlocutores de Boulos.
Reflexo da eleição presidencial
As eleições municipais deste ano ainda vão refletir parte da polarização política verificada na eleição presidencial de 2022, admitem lideranças partidárias do governo e da oposição. Para o vice-líder da Federação PT-PCdoB-PV, deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), a predominância dos debates locais até a votação de 6 de outubro, quando quase 156 milhões de eleitores são aguardados nas urnas.
Polarização se mantém em alguns
Na avaliação do experiente parlamentar Arlindo Chinaglia, que já passou pela maioria dos tortuosos cargos na liderança do PT, “para alguns segmentos, com certeza, ainda se mantém a polarização que se expressou nas duas últimas eleições presidenciais”.
Alianças locais
As eleições municipais têm características diferentes, porque prevalece, muitas vezes, as alianças locais e as divergências também. A maior parte dos partidos pode apoiar este ou aquele candidato a presidente, mas, lá no seu município, tem alianças às vezes até surpreendentes.
Brasil continua dividido
Vice-líder do PL, o deputado General Girão (PL/RN) avalia o atual grau de polarização. “Infelizmente, a gente precisa dizer que o Brasil continua dividido. E essa divisão se reflete sim nos municípios. Não integralmente, mas reflete”.
Redes sociais
O deputado argumenta que “o povo brasileiro hoje tem acesso à internet e, pelas redes sociais, a gente está observando que cada vez mais os candidatos procuram demonstrar o seu posicionamento. É um governo que nos envergonha. Isso reflete, com certeza absoluta, nas eleições municipais”.
Sinais de trégua
Na visão do líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), ele vê sinais de trégua no acirramento político. Para o parlamentar, essa polarização, em alguns momentos, está arrefecendo. “Acreditamos que, diante do caminho que o governo tem conduzido em defesa da democracia, ela será cada vez mais arrefecida e diluída durante o tempo”.
Eleições de 2026
Os possíveis reflexos dessas eleições municipais nas eleições gerais de 2026, quando serão eleitos presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, também foram analisadas pelas lideranças dos partidos.
Estratégia dos partidos políticos
“Toda eleição municipal é oportunidade de os partidos formarem a sua base, apresentando candidaturas e lutando para que sejam eleitas e eleitos. Então, o reflexo da eleição municipal diante da eleição geral sempre é direto, diante da nova composição que os partidos passam a ter e diante do resultado eleitoral nos municípios”, avalia o emedebista Isnaldo Bulhões Jr. Explicando a estratégia geralmente adotada pelos partidos políticos.
Foco no Nordeste
O PL, segundo General Girão, tem foco no Nordeste. Ele afirmou que “em qualquer parte do Rio Grande do Norte, sou muito bem tratado, diferentemente de algumas pessoas que andam por lá e a gente fica perguntando onde é que estão os milhares de votos que essa turma do PT teve, especialmente o presidente Lula”.
Desempenho histórico do PT
Já Arlindo Chinaglia lembrou, “o desempenho histórico do PT nas eleições municipais para afirmar que a dinâmica de uma eleição presidencial, focada em temas nacionais, nem sempre aparece nas eleições municipais”.
PT ganhou cinco eleições
Na avaliação do líder petista, “ é óbvio que um partido que ganha em seis capitais ou que ganha 1.500 prefeituras, por exemplo, é um partido forte. Mas vou falar do PT: o máximo de prefeituras que o PT teve ao longo da sua história foram 632
Prefeituras, na eleição de 2012. Ou seja, o PT nunca elegeu tantas prefeituras assim. Entretanto, não há nenhum outro partido que tenha disputado nove eleições presidenciais, ganhando cinco e nas outras quatro ficando em segundo lugar”, acentuou Arlindo Chinaglia.
Maior eleição de todos os tempos
As eleições municipais deste ano será a maior de todos os tempos no país. A Justiça Eleitoral registrou aumento de 5% no número de eleitores
O primeiro turno está marcado para 6 de outubro. Foi reservada a data de 27 de outubro para eventual segundo turno nas cidades com mais de 200 mil eleitores.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa