Liberdade de imprensa no Brasil e no mundo

Marcelo Rech, Presidente-Executivo da ANJ, destaca a importância da presença de jornais brasileiros no Congresso Mundial de Jornais, da Associação Mundial de News Publishers (WAN-IFRA), que começa neste domingo em Carcóvia, Polônia (Crédito: Pedro França Agência Senado) 

Primeira vez, precárias em metade dos países pesquisados pela Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil progrediu no ranking da liberdade de imprensa. Subiu 59 posições, ficando no 63º lugar entre 180 países. O relatório do Repórteres Sem Fronteiras, mostra que o novo governo Lula levou uma normalização, dentro das relações dos organismos do Estado e a imprensa após o mandato de Jair Bolsonaro, marcado pela hostilidade contra o jornalismo.

Desafios fora das grandes cidades

Mas ainda, a violência contra os jornalistas, principalmente em regiões fora das grandes cidades, continuam a ser desafios para a liberdade de imprensa no Brasil, avalia o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ). Marcelo Rech, que falou com o Repórter Brasília, da Crocávia, na Polônia, onde se realiza, o Congresso Mundial de Jornais, da Associação Mundial de News Publishers (WAN-IFRA) entre 4 e 6 de maio de 2025, com o tema “Mastering Media’s New Playbook.

Melhora no ambiente de Liberdade de Imprensa

Marcelo Rech afirmou que houve uma melhora no ambiente de liberdade de imprensa no Brasil por três razões:

-Cessação das hostilidades diárias do presidente contra jornalistas e meios de comunicação, que estimulavam também agressões de seus apoiadores

-Duas decisões favoráveis do STF. Na primeira, o fim do assédio judicial, quando pessoas interessadas em intimidar a imprensa entravam com a mesma ação em dezenas de comarcas. Agora, um juíz concentra todas as ações.

E decisão de repercussão geral do STF sobre responsabilização de veículos por entrevistas de terceiros foi positiva porque deixou claro que só pode haver responsabilização em caso de evidente má fé do veículo ou do jornalista. Permanecem, contudo, preocupações com decisões de censura em primeira instância e ameaças de agressões a jornalistas, destacou o Presidente-Executivo da ANJ, Marcelo Rech.

Pressões econômicas

De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras, isso se deve não apenas aos abusos físicos contra jornalistas em muitas regiões, mas também as pressões econômicas que impedem os profissionais da imprensa de exercer essa atividade.

Situação difícil

Ilustração, Edgar Lisboa com recursos de IA

A situação, que antes era considerada mediana, passou a ser classificada como difícil. Atualmente, as condições para o exercício do jornalismo são ruins em metade dos países do mundo, e menos de 1% da população global vive em países onde a liberdade de imprensa é plenamente garantida. A Noruega liderou a lista pelo nono ano consecutivo.

Deterioração nos Estados Unidos

Outro dado preocupante deste ano é que todas as regiões do mundo apresentaram queda nos seus índices médios. A organização também destaca uma deterioração preocupante nos Estados Unidos sobre o governo de Donald Trump. O país caiu duas posições, ficando logo atrás da Serra Leoa, um país africano marcado pela guerra civil, epidemia de ebola e um dos mais pobres do mundo. O ranking anual da Repórteres Sem Fronteiras é publicado nas vésperas do dia mundial da liberdade de imprensa, neste sábado dia 3 de maio..

Jornais associados à ANJ celebram, neste sábado, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Os principais jornais brasileiros participam, neste sábado (3), de duas campanhas alusivas ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Viabilizada pela AMI – Associação Colombiana de Meios de Informação, a primeira iniciativa destaca que, infelizmente, 70% dos governos em todo o planeta impõem restrições à prática jornalística. A campanha tem o apoio da Associação Nacional de Jornais (ANJ), de entidades latino-americanas, da World Association of Newspapers and News Publishers (WAN-IFRA) e da Sociedade Interamericana da Imprensa (SIP, na sigla em espanhol). A segunda mobilização envolve peças produzidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), cujo tema central chama a atenção para fato de que “sem jornalismo, a realidade fica incompleta”.

As campanhas contam com anúncios impressos, digitais, redes sociais e vídeos. “Essa é uma data para não ser esquecida jamais. A liberdade de expressão é a base da liberdade de imprensa, que é o direito de a sociedade ser informada livremente, muito antes de ser uma liberdade para a imprensa”, destaca o presidente-executivo da ANJ, o jornalista Marcelo Rech.

Perigo crescente

A campanha coordenada pela AMI Colômbia foi concebida e desenvolvida pela agência de publicidade espanhola Portavoz, com 30 anos de atuação. Juanma Soriano, diretor criativo da empresa, ressalta que a iniciativa nasceu em um contexto global em que os ataques à liberdade de imprensa por parte dos governos se intensificaram, colocando em risco a democracia e o direito à informação. “Queremos alertar a sociedade sobre esse perigo crescente e, ao mesmo tempo, apoiar os jornalistas que, apesar das ameaças, continuam a realizar seu trabalho tão necessário com comprometimento e coragem”, enfatiza.

Inteligência artificial

A iniciativa da UNESCO, por sua vez, está integrada a uma série de eventos pautados pelo tema “O impacto da Inteligência Artificial na Liberdade de Imprensa e na Mídia”. Segundo a organização, a IA está transformando o jornalismo, fornecendo ferramentas que aprimoram o jornalismo investigativo, a criação de conteúdo e a checagem de fatos.

“A tecnologia permite maior eficiência, acessibilidade multilíngue e análise de dados aprimorada. No entanto, esses avanços também trazem riscos: desinformação e informações enganosas geradas pela IA, tecnologia deepfake, moderação tendenciosa de conteúdo e ameaças de vigilância a jornalistas”, informa a UNESCO.

Conteúdo jornalístico

Além disso, de acordo com a agência da ONU, o papel da IA no modelo de negócios da mídia levanta preocupações sobre a remuneração justa do conteúdo jornalístico e a viabilidade da mídia.

Dia Mundial da liberdade de imprensa

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado sempre em 3 de maio, foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1993, em resposta a um apelo de jornalistas africanos que, em 1991, produziram a histórica Declaração de Windhoek.

Homenagem aos jornalistas

A data celebra os princípios fundamentais da liberdade de imprensa, avalia a liberdade de imprensa em todo o mundo, defende os profissionais de mídia contra ataques à sua independência e presta homenagem aos jornalistas que perderam a vida no exercício da profissão.

Curtas 

Do Clayton Aguiar: “depois de 45 anos trabalhando na área, como empregado, parceiro e dono de emissora de rádio, posso afirmar sem medo de errar, não existe liberdade de imprensa no Brasil. O que prevalece é o poder politico e econômico”.

Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa/ANJ

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