A cada dia, mais instituições e profissionais buscam entender a utilização e o impacto da inteligência artificial, no dia a dia do cidadão e também na sua utilização, na mídia. Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) aponta que, “os potenciais positivos, como o de evitar tarefas repetitivas, já vêm sendo progressivamente adotados pelos veículos”.
Uso inadequado do IAG
Na avaliação de Marcelo Rech, “há uma preocupação muito grande com o uso inadequado da Inteligência Artificial Generativa (IAG). O primeiro é quanto aos direitos de autor. A Open AI, por exemplo, se apropriou virtualmente de todos os conteúdos jornalísticos, sob “paywall” ou não, sem pedir autorização ou pagar por eles. Por isso, começa a sofrer processos milionários, como o do The New York Times.
Grande ameaça
“Essa é uma grande ameaça porque a IAG captura esses conteúdos arduamente apurados, reembaralha-os e os entrega ao consumidor sem que os fornecedores originais dessa matéria-prima sejam reconhecidos ou remunerados”, criticou o presidente da ANJ.
Desinformação por “deepfakes”
O segundo problema é quanto à desinformação por “deepfakes” que já estão sendo amplamente usados em eleições. Começam a surgir programas para identificar manipulação de conteúdos, mas são falhos ainda e precisa haver a verificação de cada conteúdo suspeito”.
Direito do autor
Por isso, defendemos a necessidade de uma autorregulação. Caso não venha, é preciso se agir legalmente para restabelecer o direito do autor e o fornecimento de conteúdos verdadeiros aos usuários.
Inteligência Artificial na Mídia
O jornalista Marcelo Beraba, que foi editor e diretor de alguns dos principais jornais brasileiros, na Folha de S. Paulo, exerceu também a função de Ombudsman, ex-presidente da Abraji, questionado pelo Repórter Brasília, sobre o impacto da Inteligência Artificial na mídia avaliou que “tem coisas positivas e negativas. É uma incógnita, ninguém sabe ainda como vai ser o impacto”.
Preocupação de médio e longo prazo
“O que eu tenho entendido é que há uma preocupação mais de médio e longo prazo, que não se sabe ainda como ela vai bater sobre o jornalismo”, sintetizou Beraba.
Nova tecnologia
Marcelo Beraba afirmou que, “a médio e longo prazo, o que eu tenho visto, é que, como toda a nova tecnologia vai ser aproveitada pelo jornalismo”. O jornalista lembrou que, “a gente rejeitou inicialmente o computador, e foi ótimo, a gente rejeitou inicialmente, um monte de coisas, a internet, por exemplo, e foram favoráveis”.
Driblar a fake news
Na opinião de Marcelo Beraba, “ao mesmo tempo, vai ser mais um problema para o jornalismo. Vai exigir mais energia, recursos, orçamento, etc. Para driblar a fake News, com uma sofisticação muito maior do que a gente viu até hoje, mas não tenho me aprofundado nisso”, concluiu.
Fantástico na Comercialização
Para o presidente da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), Roberto Cervo, a Inteligência Artificial, “é algo simplesmente fantástico, principalmente, quando usada na comercialização, criando alternativas de formatação de spot publicitários”.
Regulamentação
A proposta de regulamentação da inteligência artificial (PL 2.338/2023) foi apresentada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a partir de outros projetos que tratam da regulação da tecnologia no Brasil e do trabalho de uma comissão de juristas formada em 2022. Em 2023, uma comissão temporária promoveu dez audiências públicas com especialistas, para colaborar com o relatório do senador Eduardo Gomes (PL-TO), que deve ser apresentado em breve. A expectativa é que o marco regulatório seja votado pelo Senado neste primeiro semestre.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa