Senador Hamilton Mourão (Crédito:Waldemar Barreto, Agência Senado)
O Professor Rubem Siqueira Duarte, do programa de pós-graduação de ciências militares na Escola de Comandos e Estado-Maior do Exército e coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial, fez uma avaliação dos possíveis avanços entre as conversas de Donald Trump, dos EUA e Vladimir Putin, da Rússia, na guerra da Ucrânia. O especialista afirmou que, é possível identificar algum avanço nas conversas entre os dois presidentes. Também a opinião do senador Hamilton Mourão, um dos maiores conhecedores das estratégias militares no Congresso Nacional.
Posição do senador Hamilton Mourão
“A Guerra na Ucrânia mostrou a falência dos Organismos Internacionais, que não conseguiram impedir a invasão inicial, a matança e nem articular a paz” avalia o senador Hamilton Mourão, general e ex-vice presidente da República, acrescentando que,” por outro lado, há um vácuo de lideranças fortes e autênticas na União Europeia, propiciando que os EUA e a Rússia protagonizem as negociações, ocupando esse vácuo de poder geopolítico”.
Interesse econômico
“Lembro, por fim, que a reconstrução da Ucrânia tem custo estimado de ao menos US$ 500 bilhões, fato que sem dúvida vai despertar interesses econômicos em função das oportunidades que daí podem advir”, concluiu o senador gaúcho.
Trocar espaço por tempo
O professor Rubem Siqueira Duarte, em longa entrevista ao Jornal da CBN, disse que “há uma estratégia muito clara de Putin, como a gente chama no meio militar, de trocar espaço por tempo, ou seja, ele cede um pouquinho, quase nada, para conseguir alongar a negociação e com isso ganhar vantagens lá na frente”.
Enrolando TrumpReunião Putin com Trump (Crédito: divulgação Oficial Casa Branca/Kremlin Montagem, ilustração).
“Está muito claro que Putin está conseguindo, com sucesso, enrolar o Trump e tentar algumas vantagens mais significativas no longo prazo, como por exemplo, retirar todas as sanções que eles receberam desde o início da guerra, descongelar os ativos que estão na Europa que estão congelados, que são russos e também um jogo político, no mundo,” avalia o coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial, Rubem Siqueira Duarte.
Vantagens para outras negociações
O professor fala sobre qual vai ser a relação futura da Rússia com o Irã, qual vai ser a futura relação da Rússia com a Síria, que são os outros tabuleiros que estão acontecendo ao mesmo tempo e o Putin quer usar a guerra na Ucrânia com vantagem também nessas outras negociações.
Temor na Europa
Questionado sobre o temor que existe, por exemplo, entre países da Europa, de que a partir da forma como se está conduzindo a negociação desse conflito, a Rússia se sinta livre para tentar agir também em outros territórios, a exemplo do que fez com a Ucrânia, esse é um risco que vai se tornando cada vez mais real.
Rússia se sente livre
Na opinião de Ruben Siqueira Duarte, “não é a primeira vez que a Rússia se sente livre. Em 2007, a Rússia fez um ataque cibernético na Estônia, que é membro do OTAN, e a OTAN não respondeu. Em 2008, invadiu a Geórgia, ninguém respondeu, 2014 invadiu a Crimeia, ninguém respondeu e agora mais territórios da Ucrânia e também a resposta foi a quem, do que poderia ser”, avalia o professor.
Países europeus se rearmando
“É claro, acentua o especialista militar, “a Rússia está se sentindo livre, volta a ser uma potência europeia muito forte e não à toa, os países europeus estão se rearmando. A gente viu no início do mês, a declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, dizendo que vai dobrar o investimento em defesa até no prazo de 10 anos. A gente viu o parlamento Alemão votando também o rearmamento da Alemanha”.
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Edgar Lisboa