Facções já estão no interior do país, alerta Sanderson

Sanderson (Crédito: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

 

O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL/RS) fez um duro pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados, cobrando medidas concretas e urgentes contra o avanço das   criminosas em todo o território nacional. Segundo ele, “as facções tomaram conta do Brasil”, não apenas nas grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, mas também no interior dos estados.
“Hoje temos 88 facções identificadas como organizadas. Isso é resultado de um conjunto de omissões institucionais”, afirmou.

Oásis para o crime organizado

Para Sanderson, o problema é fruto da inércia acumulada dos Três Poderes. “O Judiciário tem culpa, o Congresso tem culpa, o Executivo tem culpa, todos foram omissos nos últimos 30 anos. O Brasil virou um oásis para o crime organizado”, denunciou.

Fronteiras desprotegidas
Sanderson ressaltou que as fronteiras brasileiras continuam abertas e desprotegidas, permitindo a entrada de armas e drogas.“Os faccionados usam fuzis de alto calibre que não são fabricados aqui. Entram pelas fronteiras abandonadas porque o governo federal não prioriza a segurança pública.”

“O governo federal é um conjunto vazio”

Em tom crítico, o parlamentar gaúcho afirmou que o atual governo apenas faz discurso, sem ação prática. “O discurso é bonito, mas na prática, nenhuma atitude. Ele contou ter ouvido de agentes da Polícia Federal que faltam recursos até para diárias e que as operações estão paralisadas. Não há investimentos”.

Unidade no Congresso

O deputado defendeu a aprovação imediata do projeto de lei antifacção, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PL/SP).Tem que unir, direita, centro e esquerda. Não podemos permitir que o Brasil se transforme num narco-Estado”, enfatizou.
Sanderson alertou que as facções já dominam o narcotráfico, a pirataria e o contrabando, colocando a população em risco.

Fortalecimento das forças policiais

Sanderson encerrou pedindo união e fortalecimento das instituições de segurança.
“A Polícia Federal é órgão de Estado, não de governo. Deve ser prestigiada, assim como as polícias civis e o Ministério Público. Só com integração e inteligência poderemos enfrentar o crime organizado”, disse. E concluiu com um alerta: “Se não agirmos agora, as facções colocarão o povo brasileiro de joelhos e isso nós jamais podemos aceitar.”

O abandono dos pescadores gaúchos

Daniel Trzeciak (Crédito:Bruno Spada, Câmara dos Deputados)

O deputado Daniel Trzeciak (PSDB/RS) fez um duro desabafo na tribuna: milhares de pescadores artesanais do Rio Grande do Sul estão sem receber o Seguro-Defeso desde julho. O benefício, garantido por lei, assegura renda durante o período em que a pesca é proibida para preservação das espécies.

Injustiça e descaso federal
São mais de três mil famílias de Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul enfrentando meses sem renda, com armários vazios e contas atrasadas. Enquanto o governo promete reuniões e soluções, o sofrimento aumenta.

Se há fraudes, punam os culpados

A difícil situação dos pescadores gaúchos (Ilustração, Edgar Lisboa, com recursos de IA)

É inadmissível que o Estado abandone quem vive do trabalho honesto e da pesca artesanal. Se há fraudes, que sejam punidos os culpados, mas não se pode punir o povo pela incompetência do governo. O seguro-defeso é direito, não favor. Justiça social começa pelo cumprimento da lei.

O absurdo do “vencidão”

Gisela Simona (Crédito: Bruno Spada, Câmara dos Deputados)

A deputada Gisela Simona (União/MT) subiu à tribuna da Câmara para denunciar uma proposta que soa como um atentado à saúde pública: o Projeto de Lei 3059/2025, que pretende acabar com o prazo de validade dos alimentos no Brasil. A ideia é substituir a data de validade por uma mera indicação de “consumir preferencialmente até tal data”, sob o argumento de reduzir o desperdício de comida.

Retrocesso perigoso
Gisela alerta que a medida desmonta um dos maiores avanços do Código de Defesa do Consumidor, em vigor desde 1990. Ao eliminar o prazo de validade, o texto transfere ao consumidor a responsabilidade de “observar, cheirar e provar” o alimento para saber se está bom — uma lógica que ela chama de “retrocesso civilizatório”.

Risco à saúde e à segurança jurídica
Além do perigo sanitário, o projeto cria insegurança jurídica para fornecedores e consumidores. Sem data limite, qualquer intoxicação poderia gerar disputa eterna sobre a responsabilidade do fabricante.

O “mercado do vencido”
O texto ainda abre brecha para a criação de prateleiras de produtos vencidos com descontos de até 50%. Gisela foi taxativa: “A defesa do consumidor não aceitará o ‘vencidão’ no Brasil.”

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa