O Contra-ataque de Bohn Gass

Bohn Gass (Crédito: Kayo Magalhães/ Câmara dos Deputados)

O deputado Bohn Gass (PT/RS) reagiu duramente às críticas feitas pelo senador Hamilton Mourão (Republicanos/RS) ao presidente Lula e à COP30. Para o petista, o ex-vice-presidente fala “sem fundamento” e tenta desqualificar um esforço climático que o próprio governo Bolsonaro do qual Mourão participou se recusou a sediar. Bohn Gass afirma que Mourão “integrou o pior governo do país, que destruiu a Amazônia”, apontando que os piores índices de desmatamento ocorreram justamente no período em que o senador coordenou o Conselho da Amazônia.

Desmatamento, Conivência e Negacionismo

Bohn Gass reforça que “o governo deles só causou tragédia no Brasil e no meio ambiente”, destacando episódios que considera marcantes: “a conivência com o contrabando de madeira, a atuação de Ricardo Salles “o passa boiada” e o afastamento do físico Ricardo Galvão por defender a ciência”. Para o parlamentar, “Mourão não tem nenhum dado bom para apresentar, enquanto Lula tem reduzido desmatamento e queimadas, além de fortalecer políticas ambientais com o novo Fundo Internacional das Florestas Tropicais. É incomparável”, celebra.

Eleições e o Paralelo com Trump

Ao rebater a acusação de Mourão de que “alguém só pensa em eleição”, Bohn Gass afirma que “Bolsonaro e o próprio Mourão pensaram tanto em eleição que chegaram a impedir com a Polícia Rodoviária Federal que o povo pudesse votar”. Ele também compara a postura do senador à de Donald Trump: “quem mais destruiu deveria ajudar a pagar, e eles se negam a pagar”. Na visão do petista, Mourão critica Lula “colaborando com o maior poluidor, e suas declarações não passam de ataques genéricos contra um governo que está reconstruindo a política ambiental brasileira”.

A Pressão do Momento

O envio do projeto de lei anti-facção pelo Governo Federal, logo após a megaoperação no Rio de Janeiro, revela o grau de urgência imposto pela escalada do crime organizado. A inclusão do texto na pauta por Hugo Motta (Republicanos/PB), ainda que sem previsão de votação imediata, demonstra mais um capítulo da relação tensa entre Executivo e Legislativo. Com a Câmara operando em ritmo reduzido por causa da COP30, a tendência é de debates lentos e disputas mais políticas que técnicas. O país, porém, já não dispõe desse luxo.

O relator que irritou o Planalto

A escolha de Hugo Motta de entregar a relatoria ao oposicionista Guilherme Derritte abriu uma fissura nítida com o governo. Derritte, que deixou o comando da Segurança Pública de São Paulo para reassumir o mandato, simboliza a estratégia da oposição de pautar a narrativa do enfrentamento às facções. Seu parecer inicial apresentado antes mesmo de o governo se reorganizar internamente mostrou autonomia e contrariou o Planalto ao rejeitar a fusão com propostas que equiparam facções ao terrorismo. O gesto foi político, calculado e ruidoso.

O perigo do ringue ideológico

No mérito, Derritte propõe penas duríssimas de 20 a 40 anos para ações armadas e domínio territorial por facções, além do bloqueio de bens de empresas usadas para financiar o crime.

O Congresso tende a transformar esse projeto num ringue ideológico, mas o país precisa de algo maior: coragem institucional para enfrentar facções que já atuam como Estados paralelos. Sem isso, nenhuma lei terá efeito real.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa