Facções em expansão

Ubiratan Sanderson (Crédito:Kayo Magalhães/ Câmara dos Deputados)

O deputado Ubiratan Sanderson (PL/RS), integrante da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, fez um alerta contundente à Coluna Repórter Brasília sobre a escalada da violência no Rio de Janeiro e o fortalecimento das facções criminosas. Segundo ele, “o atual cenário era algo anunciado, resultado direto da omissão do governo federal e de decisões judiciais que restringem a atuação das forças de segurança”.

Bandidos se sentem protegidos

“Essas omissões governamentais, juntamente com a ADPF-635 do STF, acabaram incentivando a concentração de faccionados nas comunidades pobres do Rio. Lá eles se sentem protegidos; ninguém pode mexer”, afirmou Sanderson.

Concentração e resistência armada

O parlamentar relatou que criminosos de outros estados, como Bahia e Espírito Santo, têm se refugiado em favelas cariocas. “Eles saem de seus estados porque lá poderiam ser capturados. No Rio, se homiziam nas comunidades”. O parlamentar ressaltou que, “quando as polícias agem, a reação violenta parte dos criminosos, quem opta pelo confronto é o bandido. A polícia vai para prender”.

Brizola e o Pacto Perdido

Ubiratan Sanderson lembrou o antigo “acordo” dos anos 1980, feito durante o governo Brizola, em que a polícia não subia os morros e os traficantes não desciam. “Isso acabou. Hoje o Estado tenta retomar o controle e eles não aceitam, por isso os confrontos aumentam, e a tendência é piorar”.

Falta de medidas duras

Questionado sobre o papel do Parlamento, Sanderson afirmou que já existem projetos para endurecer as leis, mas criticou a falta de ação do Executivo. “O governo federal não tomou nenhuma atitude. É só discurso, discurso, discurso. Não reconhece as facções como grupos terroristas, como já ocorre em outros países. Isso facilitaria extradições, sequestro de bens e bloqueio de contas no exterior”.

Defesa da GLO no Rio de Janeiro

Sanderson defende a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), restrita à cidade do Rio de Janeiro. “O estado sozinho não tem forças para superar a crise. É preciso apoio das Forças Armadas, Polícia Federal e Rodoviária Federal”. Ele relatou que o secretário de Segurança Pública do Rio, delegado Victor Santos, pediu formalmente auxílio ao Ministério da Defesa, mas não foi atendido. “A leniência e a omissão do governo federal contribuem diretamente para o agigantamento das facções criminosas no Brasil”, concluiu o parlamentar.

Responsabilidade de todos

Paulo Paim (Crédito: Jefferson Rudy/ Agência Senado)

Para o senador Paulo Paim (PT/RS), “o enfrentamento ao crime organizado não se resolve com mortes nem busca de culpados, mas com ação efetiva do Estado e do Congresso”. Ele defende a votação urgente da PEC da Segurança (18/2025), enviada pelo governo Lula, lembrando que, como disse o ministro Ricardo Lewandowski, “não existe bala de prata”. Para Paim, “a sociedade exige respostas concretas, blindagens e anistias não são prioridades; a omissão e o jogo de interesses custam vidas”.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa