O valor do nome (Peniel Pacheco)

Peniel Pacheco/Divulgação

Você já parou para pensar o quanto as palavras são carregadas de símbolos? Se nos déssemos ao trabalho de analisar um texto, ou mesmo uma simples frase, decodificando cada palavra de per si, certamente nos surpreenderíamos com a multiplicidade de sentidos que elas podem traduzir.

Além de carregar significados e conotações, as palavras podem evocar lembranças, despertar sentimentos e estabelecer associações que interferem diretamente no modo como enxergamos o mundo e como nos relacionamos com o próximo. Portanto, pode-se afirmar que as palavras não apenas descrevem a realidade, mas elas ajudam a construí-la, pois elas têm o poder de moldar a nossa percepção, direcionando a forma como reagimos em obediência aos comandos por elas estabelecidos.

Uma simples palavra pode criar efeitos e provocar reações tão impactantes sobre as pessoas, de modo a gerar profundas alterações nos ambientes onde é pronunciada. Daí a necessidade do uso ético e estético das palavras. Como já dizia o sábio Salomão em seus Provérbios: “a palavra branda arrefece o furor”. Até mesmo na sabedoria popular encontramos ditos que reforçam a necessidade de agirmos com cautela no uso das palavras “Quem diz o que quer, ouve o que não quer”.

Se palavras comuns carregam tanto simbolismo, imaginem aquela palavra – quase sagrada – que nos define como pessoa e se constitui na nossa identidade pessoal, ou seja, o nosso nome.

Estudos demonstram que a palavra que cada pessoa mais vai ouvir ao longo da vida é o próprio nome. Não é por outro motivo que a sonoridade do nosso nome se torna tão familiar aos nossos ouvidos, a ponto de podermos percebê-lo claramente, mesmo quando pronunciado em um ambiente tomado por pessoas conversando em voz alta.

Desse modo, não seria impróprio dizer que ouvir o próprio nome deixa de ser uma experiência meramente auditiva para ser compreendida como uma experiência profundamente emocional, capaz de evocar sentimentos de reconhecimento, de inclusão e de conexão com o mundo e com as pessoas que nos rodeiam. Isto porque o nome não é apenas um amontoado de sílabas. Na verdade, ele é a tradução de uma história de vida. Essa história carrega toda a experiência passada, definindo a nossa própria identidade como ser humano.

Segue-se, portanto, que o nosso nome representa a síntese da pessoa que foi sendo construída ao longo de nossa existência. Nossas vivências modelaram nossos modos de ser, de pensar, de sentir, de falar e de agir, de tal modo que nos tornamos a amálgama de todas as experiências acumuladas ao longo da vida. Mas, não apenas isso. O nome é, também, uma projeção do futuro. Quando deixarmos a vida terrena, nosso nome continuará carregando o legado que deixarmos para as gerações vindouras. Cada pessoa será nominalmente lembrada por toda obra realizada como agente de transformação em mundo em constante mudança. O que a gente faz ou deixa de fazer, ficará como marca da nossa passagem pelo planeta terra. Por isso, devemos zelar pelo bom nome, como diz a memorável frase do, já citado, sábio Salomão: “Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro” (Provérbios 22:1).

Quantos há que atiram seu nome na lama por interesses tão efêmeros e banais? Quantos trocam o valor de um bom nome por aventuras tão insanas que nada acrescentam a não ser a certeza de estarem vivendo uma vida tão fútil e sem perspectivas? Quando terminar a jornada, o que dirão a seu respeito? Que reações seus descendentes terão quando seu nome for pronunciado? O maior presente que podemos deixar aos nossos herdeiros é a nossa história. E, de um jeito ou de outro, ela estará inevitavelmente vinculada à marca registrada do meu, do seu, do nosso nome.

Peniel Pacheco é ex-deputado distrital, professor de teologia e Mestre em Ciências da Educação.

Um Comentário

  1. MANOEL VICENTE DOS SANTOS NETO

    Excelente texto do Mestre e Pastor Peniel Pacheco.
    A importância do nome, a simbologia e o legado deixado.
    Lembrou-me um ditado popular: “não tenho dinheiro, mas meu nome tem valor, vale muito”.

    Parabéns, nobre Confrade Peniel Pacheco.

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