O Poder de um encontro (Luzelucia Ribeiro da Silva)

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Luzelucia Ribeiro da Silva/Divulgação

Na vida nós nos encontramos com muitas pessoas e nem sempre paramos para refletir sobre isso. Pessoas vêm e vão todos os dias e o que isso significa para nós?

A palavra encontro quer dizer ‘ir na direção, ao encontro de’. Mas, será que um encontro entre pessoas pode fazer diferença em nossa vida? Qual o poder de um encontro em nossa vida? Quais as expectativas que um encontro pode gerar?
Por alguns encontros nós esperamos com ansiedade, querendo antecipar o tempo… Outros nós tentamos postergar… Alguns encontros nos causam dor, tristeza, mágoas e de outros encontros jamais nos esqueceremos e ao evocá-los será como se estivéssemos vivendo aqueles momentos outra vez… A memória guarda detalhes, cheiros, sabores.
É bem verdade que nos lembraremos de alguns encontros pela vida afora, e também de como nos encontramos com Jesus, pois, um encontro verdadeiro com Jesus produz um impacto na vida de qualquer pessoa e causa mudanças. Mas para que isso aconteça é necessário abrir o coração e deixá-lo mudar os nossos conceitos e também os nossos pré-conceitos.
Algumas pessoas na época do Novo Testamento tiveram um encontro com Jesus que resultou em vida, vida nova, novos valores e parâmetros para enfrentar a sociedade da época. Haja vista a mudança na vida dos discípulos, homens rudes, pescadores, iletrados que tiveram suas vidas totalmente transformadas após terem encontrado a Cristo e andado com Ele. A transformação que ocorreu na vida de Pedro, após o último encontro com Jesus na Galileia foi notável.  Agora era um homem transformado. O impacto do encontro foi tão grande que ele e todos os demais começaram anunciar as boas novas com muita ousadia e intrepidez, levando as boas notícias de salvação até aos gentios e estas boas notícias chegaram até nós.
Um episódio singular marcou a vida de uma viúva que perdera seu único filho. Na estrada poeirenta que vai de Cafarnaum, junto ao mar da Galileia, até a cidade de Naim, perto de Samaria, às portas da cidade, duas procissões muito diferentes se encontram. A primeira tem Jesus como figura central, acompanhado por “seus discípulos e uma grande multidão”. No entanto, o ritmo alegre e a conversa animada desta multidão cruzam com uma procissão de um tipo muito diferente: uma procissão fúnebre. Às lágrimas da mãe juntam-se as de alguns dos amigos do jovem que se revezam, descalços, em sustentar o cadáver; e em vez de conversas animadas, juntam-se os gritos das carpideiras e as flautas que tocam tons lúgubres. A tradição ditava que quando alguém se deparasse com tal procissão, era obrigado a largar o que estivesse fazendo e seguir o cadáver, mesmo que fosse apenas por uma curta distância. Jesus vê a mãe, facilmente identificável porque, segundo o costume da Galileia, ela liderava a procissão, e lhe diz: “Não chores” (Lucas 7.13b). É um imperativo sob a forma de uma proibição: pare de chorar. Parar de chorar? Isso é muito forte. Como alguém diz a uma mãe viúva, que perdeu o seu único filho jovem, para não chorar? Ninguém ousaria expressar algo assim num funeral porque soaria quase ofensivo. Além disso, a própria tradição dizia que se deve chorar (Jeremias 9.17; Marcos 5.38). Naquele momento a vida e a morte se encontraram (Lucas 7.11-17). Vendo aquela mãe o Senhor Jesus moveu-se de íntima compaixão por ela (Lucas 7.13a). A viúva não teve que exercer qualquer tipo de fé, o Senhor da vida sentiu espontaneamente uma grande compaixão pelo seu sofrimento e veio em seu auxílio. Ordenou que a vida voltasse ao corpo do jovem. “E entregou-o à sua mãe” (Lucas 7.15). Que encontro maravilhoso! Produziu vida!
Outro encontro que marcou a vida de uma mulher e sua geração foi o encontro da mulher samaritana com o Senhor Jesus. Era uma mulher que vivia à margem da sociedade, por ser samaritana e levar uma vida fora dos padrões de conduta moral exigidos pela lei (João 4). Foi buscar água ao meio-dia para não ter encontros indesejáveis com as mulheres da sociedade que reprovavam seu comportamento. A primeira parte do diálogo de Jesus com a mulher samaritana revelou a necessidade espiritual dessa mulher atribulada, mas também os seus muitos preconceitos culturais e teológicos que dificultaram muito sua compreensão da mensagem e da pessoa de Jesus. Porém, a mulher samaritana experimentou a revelação transcendental quando percebeu que este estranho homem estava a par dos seus segredos mais íntimos. Aquilo mudou completamente a sua vida; ainda que ela siga debatendo com Jesus por alguns momentos, é como um barco em um canal, pois ainda que pareça estar à deriva, o seu destino já está decidido e ela acabará voltando a esse momento decisivo. A última vez que ela é mencionada no evangelho será como uma mulher restaurada. As mesmas pessoas que anteriormente a tinham rejeitado ou olhado para ela com desconfiança, agora lhe dizem: “Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (João 4.42). A mulher samaritana espalhou bem a luz do Evangelho, e com o seu trabalho fechou perfeitamente o círculo do evangelismo. Segundo a tradição, a samaritana chamada Fotina era de Deus, por isso ouviu suas palavras, e Deus fez dela uma personagem imortal nas Escrituras e a primeira missionária na história da igreja. Tudo por conta de um encontro, aparentemente casual. Ela encontrou o Messias!
Portanto, não devemos menosprezar o poder de um encontro. Só necessitamos de uma palavra, uma pregação, uma oração. Uma reunião de oração não é coisa de pouco valor. A oração do justo pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16b).
Um encontro, somente um encontro pode ser poderoso, restaurador, revigorante. Encontros inesquecíveis que para sempre reverberarão em nossa vida. Alguns nos deixarão com um gosto amargo na boca e na lembrança. A lembrança de outros sempre nos fará sorrir. No entanto, os encontros ainda não terminaram. O encontro final ainda vai acontecer. Para uns será de alegria e regozijo, para outros de tristeza e vergonha eterna. Que alegria quando nos encontrarmos com Cristo. Não sabemos quando, como e onde. Mas sabemos que um dia todos nós haveremos de comparecer perante o tribunal de Cristo para sermos julgados segundo as nossas obras e recebermos Dele a recompensa: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2Coríntios 5.10). Esse, possivelmente, será o mais significativo encontro de nossas vidas. Que não nos decepcionemos a nós mesmos!
Luzelucia Ribeiro da Silva é professora, pastora e membro da Academia Evangélica de Letras do DF.

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