Embaixador do Paquistão apresenta à jornalistas situação da disputa pela Caxemira

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Embaixador do Paquistão Murad Ashraf Janjua

O embaixador da República islâmica do Paquistão no Brasil, Murad Ashraf Janjua, recepcionou jornalistas para falar sobre  o dia da exploração da Caxemira. Em extenso pronunciamento o embaixador apresentou detalhes da situação da Caxemira, uma região entre a India o Paquistão e a China. A India e o Paquistão disputam o território desde 1947, tendo realizado duas guerras em consequência da disputa (1947/48 e 1965). A região é importante pois é onde nascem os rios Ganges  e indo, os principais rios da India e do Paquistão.

A maior extensão do solo da Caxemira é seca durante grande parte do ano, mas  a área localizada no vale dos Rios tem uma grande produção de vegetais e plantações de arroz, frutas e legumes.
Em sua apresentação aos jornalistas, que publicamos, na íntegra a seguir, o embaixador do Paquistão, Murad Ashraf Janjua detalha a situação da Caxemira hoje.

Diplomatas e jornalistas na embaixada do Paquistão. Da esquerda para à direita o Diplomata Chefe de Missão Irfan Ullah Khan; Jornalista Cláudia Meirelles; General de Brigada Tariq Naeem Athar; Empresária Caroline Kalil; Jornalista Elna Souza Silva; Embaixador do Paquistão, Murad Ashraf Janjua; Jornalista Ivan Godoy; Jornalista e Fotógrafa Claudia Godoy e o Jornalista Edgar Lisboa.  Embaixador Murad Ashraf Janjua (ao centro), à direita General de Brigada Tariq Naeem Athar e à esquerda jornalista e ex-embaixador do Brasil, na Nigéria, Pedro Luiz Rodrigues, hoje, conselheiro consultivo, Campo (www.campo.com.br) 

Discurso do embaixador do Paquistão no Brasil, Murad Janjua

“Senhoras e senhores.

Obrigado por se juntarem a nós hoje

Jornalista Elna Souza Silva, do Portal Diplomacia Business, à esquerda; Embaixador Murad Ashraf Janjua e Jornalista Edgar Lisboa do Repórter Brasília.

Estou diante de vocês para discutir uma questão de grande importância internacional, que desafia a consciência da comunidade global e põe à prova os ideais de direitos humanos e justiça que todos nós defendemos.

Os senhores sabem que a Caxemira é um território disputado reconhecido internacionalmente. Há várias Resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a Caxemira que permanecem sem implementação e, portanto, a Caxemira é a agenda da ONU há mais tempo não resolvida.

 

Como você já assistiu no clipe, em 5 de agosto de 2019, o governo da Índia revogou unilateralmente os artigos 370 e 35A de sua Constituição, alterando efetivamente o status legal de Jammu e Caxemira ocupados ilegalmente pela Índia (IIOJK). Essa ação, que nós, no Paquistão, e muitos em todo o mundo, reconhecemos como ilegal e ilegítima.

A revogação desses dois artigos alterou fundamentalmente a relação constitucional entre Jammu e Caxemira e a União Indiana. O Artigo 370 concedeu à região um status autônomo especial, permitindo que ela tivesse sua própria constituição e uma bandeira separada.

A revogação dessas disposições retirou a autonomia da IIOJK, integrando-a totalmente à Índia como um território da União. Essa medida não apenas anulou o status especial da região, mas também abriu as portas para mudanças demográficas e para a imposição de leis que alteram a estrutura cultural e social da Caxemira.

Esse dia, que marcamos como Yaum-e-Istehsal, ou o Dia da Exploração, não é apenas um momento sombrio na história da Caxemira, mas uma violação dos princípios consagrados no direito internacional, incluindo várias Resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a IIOJK e a 4a Convenção de Genebra. Essas resoluções exigem explicitamente o direito do povo da Caxemira à autodeterminação, um direito que tem sido sistematicamente negado a eles por meio de ocupação militar, leis repressivas e abusos generalizados de direitos humanos.

Desde a revogação do status especial da Caxemira, a região tem sido submetida a um cerco militar sem precedentes. Cerca de um milhão de soldados indianos estão posicionados na IIOJK, tornando-a uma das zonas mais militarizadas do mundo. A presença militar não tem sido uma força de paz, mas sim um veículo de subjugação e terror.

Os relatos da IIOJK são angustiantes. Homens, mulheres e crianças inocentes vivem sob constante medo, sujeitos a prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais.

O uso de armas de chumbinho, que cegaram e mutilaram inúmeros civis, é um testemunho horrível da brutalidade cotidiana enfrentada pelo povo da Caxemira. Nessa situação, as vozes da dissidência são silenciadas e os gritos por justiça são abafados por ações opressivas severas.

A Caxemira é uma questão internacional, e sua crise de direitos humanos exige ação global. O silêncio prolongado e a inação da comunidade mundial apenas encorajam o opressor. Não devemos permitir mais violações graves dos direitos e da dignidade dos seres humanos que vivem na IIOJK. O mundo tem a responsabilidade de apoiar os caxemires em sua busca por dignidade, liberdade da opressão e autodeterminação. O Brasil sempre foi um firme defensor da liberdade, da justiça e dos direitos humanos. A história de sua nação em defender esses valores nos dá esperança de que a situação da Caxemira continuará a ressoar nos corações e mentes do povo brasileiro.

Senhoras e senhores,

Acreditamos no poder de suas palavras, na influência de seu trabalho, bem como na consciência do povo brasileiro.

Peço-lhes que tragam esse assunto à tona; usem suas vozes para amplificar os gritos daqueles que foram silenciados; e informem seu público sobre a realidade da IIOJK, onde cada dia é uma luta pela sobrevivência, sob um regime que só consegue espalhar o medo e a repressão. Muito obrigado.” Embaixador Murad Janjua.

A imagem ilustrativa acima é a capa de uma publicação paquistanesa com informações sobre a Caxemira. 

Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa

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