Cibercultura é pauta para um novo e fascinante universo humano (Por Gilberto Severo)

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Gilberto Severo

Fã de carteirinha do filósofo e sociólogo francês Pierre Lévy, nas últimas duas semanas revisitei a obra Cibercultura, que eu considero um livro de cabeceira. 

Me atrevi dar essa pequena opinião sobre o discurso dele, que aborda de uma forma profunda algo que já sabemos: que pensar a cibercultura é essencial para compreender o presente e vislumbrar o futuro. Ao contrário dos críticos que veem a internet e as novas tecnologias como meros instrumentos de alienação, a cibercultura representa uma nova fase na comunicação humana, com potencialidades ainda por explorar. 

Lévy é otimista quanto ao ciberespaço, sem ilusões de que resolverá magicamente os problemas do mundo. Esse otimismo está ancorado na observação de dois fatos principais: o ciberespaço surge de um movimento jovem e global em busca de novas formas de comunicação, e estamos apenas começando a explorar um novo movimento de comunicação, com amplas possibilidades econômicas, políticas, culturais e humanas. 

As críticas à cibercultura ecoam as reações de outrora ao rock e ao cinema, que foram inicialmente desprezados, mas se firmaram como importantes expressões culturais. A mesma resistência que o cinema enfrentou, sendo acusado de manipular as massas, é agora direcionada às tecnologias digitais. No entanto, assim como o cinema se consolidou como uma arte respeitada, a cibercultura tem o potencial de redefinir a comunicação e a cultura contemporâneas. 

Não se trata de idealizar tudo o que é produzido nas redes digitais, mas de manter uma postura aberta e receptiva às inovações. É necessário reconhecer as mudanças qualitativas trazidas pela cibercultura e explorar essas tecnologias com uma perspectiva humanista, valorizando as novas formas de interação que surgem. 

A comercialização da internet e o acesso restrito a certos serviços são pontos de crítica legítimos. Contudo, a coexistência de serviços pagos e gratuitos demonstra que o ciberespaço é um espaço dinâmico e multifacetado. A exclusão digital é um problema sério, mas não deve nos impedir de apreciar e estudar as implicações culturais da cibercultura. A resistência a essas mudanças muitas vezes vem daqueles que veem seus privilégios ameaçados. 

Albert Einstein referiu-se às telecomunicações como uma das grandes transformações do século 20, e seu impacto continua a crescer exponencialmente. Este “segundo dilúvio” de informações cria um cenário de comunicação global interativa, oferecendo uma alternativa positiva ao conflito e à exclusão. 

Em suma, a cibercultura abre novas possibilidades para a arte, a educação e a vida urbana, necessitando de uma abordagem crítica, mas também esperançosa e construtiva. Compreender e valorizar essas transformações é essencial para navegarmos no “dilúvio informacional” que define nossa era. Portanto, não fique de fora: mergulhe e se adapte à nova realidade da universalidade digital.   

Gilberto Severo é jornalista 

 

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