Para quem compartilha o amor, construção ocorre por meio de compreensão, diálogo e esperança
Neste domingo (10) celebramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos, data que marca a proclamação, em 1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral da ONU. Esse documento é uma inspiração a todos os democratas e a todos que acreditam na vida.
Composto por 30 artigos, ele fundamenta a dignidade humana como um esteio do desenvolvimento civilizatório. O primeiro artigo estabelece que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, dotados de razão e consciência, devendo agir uns em relação aos outros com espírito de fraternidade.
Abordar os direitos humanos é enfrentar as batalhas contra injustiças, discriminações, preconceitos e racismo, promovendo o respeito às diferenças, diversidades e garantindo direitos civis, políticos, sociais, trabalhistas e econômicos; a defesa da igualdade de oportunidades; a preservação do meio ambiente; e o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Os direitos humanos representam viver plenamente em condições de cidadania, abrangendo saúde, educação, emprego, renda, moradia, segurança, aposentadoria justa, salário digno e acesso à terra para o plantio e a distribuição do pão. Quando esses direitos são negados à população, muitos pontos essenciais para o bem-estar das pessoas ficam em descaminhos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é mais do que um documento; é um tratado de paz e humanidade. Se fosse seguida e cumprida por todos os países e nações, poderia contribuir para a redução dos conflitos armados.
Em 2022, a ONU e o Programa de Dados de Conflitos da Universidade de Uppsala, na Suécia, registraram cerca de 55 conflitos armados em 38 países, incluindo 8 considerados guerras. De acordo com a Acnur (Agência da ONU para Refugiados), nesse mesmo ano, aproximadamente 108,4 milhões de pessoas foram forçadas a migrar devido a conflitos.
Esse cenário resulta em um alto custo humanitário, fazendo-se presente em mortes, migrações, fome, miséria, insegurança alimentar, agricultura prejudicada, destruição de infraestrutura, desestruturação econômica e social, além da escassez de recursos.
Diante desses horrores, especialmente quando a população civil é a mais afetada, não podemos permanecer indiferentes. Nosso compromisso com os direitos humanos exige não apenas lágrimas e solidariedade, mas também um firme empenho na construção de um mundo melhor para se viver. Em meio a debates políticos e polarizações, é fundamental sublinhar que no centro das guerras estão vidas humanas.
Essa questão é muito superior ao apoio a governos ou grupos. Cada vida perdida representa um sonho desfeito, uma história interrompida e um vazio nos corações daqueles entes queridos que ficam para trás. Nosso caminho é cultivar a consciência humana, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e sentir a dor alheia como se fosse a nossa.
Buscamos a paz em todas as dimensões, buscando soluções para problemas por meio diplomático, e repudiamos veementemente a normalização da violência como método para resolver conflitos. Que parem todas as guerras. Para todos que compartilham do amor, a construção se dá por meio da compreensão, promoção do diálogo e nutrição da esperança. Sejamos todos construtores da paz.
Paulo Paim, Senador da República (PT-RS), é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal.