Márcio Pinheiro
“A vida é um balanço que não fecha, quando fecha não é mais vida. A vantagem é que, aos 80, você já aprendeu a conviver com o mistério. Em breve saberei quem sou”, diz o jornalista Elmar Bones – se amparando em uma citação do escritor argentino Jorge Luís Borges, então aos 80 anos, já velho, doente e cego – para definir a inédita experiência que o acompanha nos últimos 10 dias: completar oito décadas de vida. Elmar continua: “O velho Borges às vezes acreditava que tinha uma outra vida pela frente”, antes de concluir: “Me sinto mais ou menos assim, com a vantagem de que não estou cego nem doente”.
Gaúcho de Cacequi – embora pelas origens profissionais seja constantemente confundido com quem nasceu em Santana do Livramento – Elmar completa 80 anos com mais de seis décadas de carreira, uma trajetória que o coloca entre os jornalistas mais destacados de sua geração. Elmar é ainda o Bicudo, apelido que trouxe da infância (dado por um tio que via a dificuldade que o menino tinha para aprender a assobiar) e que foi espalhado pelas redações de Porto Alegre pelos amigos e conterrâneos Kenny Braga e Danilo Ucha.
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