Convenhamos, este é um ano atípico de novidades climáticas, portanto, um desafio e tanto.
São chuvas torrenciais e alagamentos, agora estacionados, em grande parte, no Rio Grande do Sul.
Ninguém imaginava, até agora, um clima tão adverso que gerou esta catástrofe climática.
Estou me repetindo, pois já havia dito em uma crônica passada.” Os passos a serem dados neste início de ano é que temos mudanças climáticas agudas, que crescem a cada ano”.
Disse e repito novamente, “Será preciso assumir a Mudança Climática presente em nossos continentes, como uma urgência climática, herança de um descuido secular com o meio ambiente.“
E não temos políticas emergenciais para o combate e mitigação das chuvas torrenciais, quedas de barreiras, deslizamento de terra e …por aí vai.
E o saldo negativo que estamos vendo é que são vidas ceifadas pela fúria das águas, bem como a destruição das estradas, casas e pontes.
Nunca, em toda história gaúcha, se viu tamanha hecatombe, com a presença de alagamentos, deslizamentos de barreiras com a predominância de efeitos climáticos tão adversos.
Choram mães que perderam filhos e parentes, outros lamentam a perda de suas casas e pertences, adquiridos ao longo de suas vidas.
As imagens que vemos nos mais diferentes canais de comunicação, seja televisão, ou nas redes sociais, dão conta da destruição e das dores sofridas pelos sobreviventes.
São lágrimas de pavor e de desencanto com a situação jamais imaginada. Verifica-se uma mudança radical no clima e na intensidade das chuvas, sem contar com o comportamento das barragens e no escoamento dos rios e seus afluentes.
Num ballet perverso de deslizamentos e desmoronamentos de encostas, e a constatação de que áreas que foram degradadas, pelo uso indevido de solos, poderiam servir para segurar as matas ciliares.
Será preciso agilizar e colocar em prática ensinamentos que já são percebidos por outros países, como a informação que precede o evento, e a manutenção de componentes profissionais para agirem de imediato.
Preservando vidas e animais, preferencialmente. Passa pela profissionalização de pessoal e de verbas à disposição deste tipo de evento, para assegurar uma defesa efetiva.
A forma como eram tratados estes efeitos climáticos não resistem a estes anos furiosos, onde o clima subverte todo o planejamento.
Teríamos que ter, em tempo integral, políticas para desastres naturais e suas consequências, com treinamentos e orçamentos compatíveis de modo a enfrentar estes novos tempos.
Os fenômenos cada vez mais se apresentam de maneira desafiadora, e deixam um rastro de destruição por onde passam.
São sinais preocupantes para todos aqueles que vivem nas encostas dos morros e, em especial, nas cidades banhadas por rios e seus afluentes.
Todos os estudos e projeções feitas anteriormente serviram para diagnosticar o problema, o qual estamos vivenciando, mas com uma dose maior, do que havíamos imaginado.
São temperaturas altas além do previsto, chuvas torrenciais, aprofundamento das secas em vários biomas, intercalados com incêndios fora de controle.
Então, é hora de aprender com eles, estudá-los, prevenindo seus passos e estratégias de manutenção de um sobreaviso efetivo.
A simples oferta de materiais e víveres para os que sofreram com o desastre, por parte de diversos estados e ong’s, precisa ser melhorada e colocada na ordem do dia das cidades.
Pensar outro tipo de política, que envolva todos os atores sociais, além do Governo Federal, Estados e Municípios, para que se tenha uma Política de Defesa Dos Efeitos Climáticos.
Serão necessários mais médicos e enfermeiros socorristas, bombeiros treinados, profissionalizados e preparados para estes acontecimentos meteorológicos/catastróficos.
Assim, o orçamento dos governos, em qualquer nível, deverá ser repensado e reavaliado.
O que se quer é uma mudança radical nestes tempos nebulosos, e não ter que ouvir dos dirigentes políticos “não saia de casa”, neste período chuvoso, pois é preciso estar atento e forte com as mudanças que vieram sem avisar.
Antecipar-se às tragédias, bem como um azeitado corpo de pessoas com expertise no assunto, servirão para darmos uma nova cara para as carcomidas políticas públicas hoje vigentes.
Choro eu, e todo o Rio Grande Do Sul, por este drama.
Décio Guimarães, Escritor e Poeta