O plenário da Câmara Legislativa foi palco de comemoração dos 135 anos do Museu dos Correios. Realizada por iniciativa do deputado Chico Vigilante (PT), a sessão solene foi marcada por homenagens ao espaço que guarda a história da maior empresa de logística do Brasil, os Correios; e teve como um dos pontos altos a obliteração – carimbo com aspecto simbólico, histórico e singular – do selo comemorativo por dois alunos de escolas públicas do Distrito Federal.
Ainda durante a solenidade, foi anunciada a abertura de exposição, no foyer do plenário, com algumas peças do acervo do Museu. Entre elas, um aparelho de telégrafo, uma caixa de assinantes de 1865 e uma caixa de coleta do ano de 1931. A mostra pode ser visitada, gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, de hoje a 29 de maio.
“Essa não é qualquer sessão solene, e quero que a homenagem aos 135 anos do Museu sirva para homenagear, também, toda a empresa, tão importante e fundamental para o desenvolvimento do nosso País”, afirmou o deputado Chico Vigilante.
O distrital recordou a principal forma de comunicação em seus tempos de criança, no interior do Maranhão: o telegrama. E lembrou a existência dos chamados “guarda-fios” dos Correios: “Eles saíam a cavalo para desbastar os matos para não tocarem os fios”.
“Em homenagens, a gente pára para pensar sobre as construções ao longo do tempo. Os Correios atuam em várias frentes, desenvolvem a maior operação logística do Brasil e cuidam de um museu. A empresa está presente em todos os municípios, com 11 mil unidades”, destacou a diretora de Governança e Estratégia dos Correios, Juliana Picoli Agatte, que representou o presidente da estatal, Fabiano dos Santos, no evento.
O coordenador de Serviços Postais do Ministério das Comunicações, Francklin Mattar Furtado, reforçou a enorme capilaridade dos Correios, empresa com maior presença em todo o território brasileiro, e defendeu que “a história dos Correios é a história da comunicação no Brasil”.
A diretora Juliana Picoli Agatte vai além. Para ela, o Museu dos Correios é mais que o “guardião da memória postal” do País: “É também um ponto de encontro com a história do Brasil. A história dos Correios caminha lado a lado com a história do Brasil”. Segundo informou, o espaço abriga mais de sete milhões de itens “que mostram a evolução das comunicações, são testemunho vivo das transformações”.
Ressaltando que “as comunicações não começaram hoje”, o diretor de Recursos Humanos dos Correios, Getúlio Marques Ferreira, argumentou que o museu postal não diz respeito apenas à empresa de correios e telégrafos: “Fala do Brasil e do mundo”. Ele apontou ainda que, apesar de ter 135 anos, o Museu preserva a história dos 365 anos dos Correios.
“Esse museu significa a história dessa empresa, que carteiros e carteiras levam no ombro todos os dias”, avaliou a deputada federal Erika Kokay (PT/DF). A parlamentar abordou também a importância social dos serviços da estatal, responsável pelo transporte dos livros didáticos e dos remédios de alto custo, por exemplo. Ademais, ressaltou o papel da estatal para a integração de todo o País: “Imagine o que seria deste Brasil se não tivesse um correio que integra?”.
Empresa pública e seu papel social
Durante a solenidade, foi unânime a defesa da manutenção dos Correios como uma empresa pública. Diversos participantes aproveitaram para elogiar e comemorar a iniciativa do presidente Lula de retirar a instituição do Programa Nacional de Desestatização (PND).
“É a maior empresa de logística da América Latina. Se tivesse sido privatizada, não teríamos essa empresa ajudando quem precisa, como tem ocorrido agora no Rio Grande do Sul”, defendeu Paulo Henrique Soares de Moura,superintendente estadual dos Correios de Brasília.
Na mesma toada, Maria do Carmo Lara Perpétuo, diretora econômico-financeira, de Tecnologia e Segurança da Informação dos Correios afirmou: “Estamos todos tristes e preocupados com a situação do Rio Grande do Sul, mas estamos orgulhosos do que essa empresa está dando conta de fazer em solidariedade ao estado”. E arrematou: “Com certeza, isso vai constar também do Museu: o papel e a importância dessa empresa estatal de logística para o País”.
Selo comemorativo
A pedido do deputado Chico Vigilante (PT), dois estudantes das escolas que acompanhavam a sessão solene no plenário da Casa – como parte do programa Conhecendo o Parlamento – foram indicados para a obliteração dos selos comemorativos.
A obliteração é uma espécie de ritual realizado, tradicionalmente, nos lançamentos de selos especiais, o que confere um valor simbólico ao objeto. Na prática, o selo é marcado com carimbo personalizado, ganhando singularidade.
Os estudantes Maísa Alves de Oliveira, do 9º ano do CEF 410 Norte, e Lucas Barbosa, do 3º ano do CED Gisno, tiveram a oportunidade de obliterar os selos. Na sequência, foi a vez de Chico Vigilante e Erika Kokay.
“A obliteração é um ato próprio dos Correios. Possibilita, pelos selos, demarcar a história. Quando a gente olha a história dos selos, a gente define o período histórico a que ele se refere”, explicou diretora Juliana Picoli Agatte.
Museu dos Correios
Sediado desde 1980 no Edifício Apollo, no Setor Comercial Sul, o Museu dos Correios completou 135 anos no último dia 26 de fevereiro.
O primeiro Museu Postal foi inaugurado em 1889 e guardava relíquias do “correio brasileiro”, além de colecionar documentos históricos. Em 1930, com a junção dos serviços de correios e telégrafos em um único departamento, os acervos postais e telegráficos foram organizados e deram origem ao Museu Postal-Telegráfico. Em 1980, com o nome atual, o Museu Nacional dos Correios foi transferido do Rio de Janeiro para Brasília.
O espaço abriga exposições permanentes e temporárias e pode ser visitado de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. A entrada é franca.
Repórter Brasília/Denise Caputo – Agência CLDF