“Traziam contra ele algumas questões referentes à sua própria religião e particularmente a certo morto, chamado Jesus, que Paulo afirmava estar vivo” (Atos 25:19)
Hoje é o conhecido Domingo de Páscoa: a festa da ressurreição. A Páscoa é a principal celebração do calendário cristão. Paulo, o grande teólogo do Novo Testamento, afirmou: “E, se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil, e vocês ainda estão em seus pecados” (1 Coríntios 15.17).
Fiquei refletindo no teor desta acusação feita contra o apóstolo Paulo, que insistia na afirmação de que certo morto, chamado Jesus, estava vivo. Será que ainda precisamos pregar a mesma mensagem? Basta um olhar para o mundo, para percebermos o cenário de morte e confusão em que vivemos.
Vamos nos acostumando com atrocidades, com racismo, com a política dos paliativos, com a indústria da autoajuda gourmet (pegou a visão?) etc. Vamos driblando o tédio do jeito que dá, como bem cantou uma banda dos Anos 80 que ainda continua na estrada, Biquini Cavadão: “Sabe esses dias/ Em que horas dizem nada/ E você nem troca o pijama/ Preferia estar na cama”. Na rotina, temos o poder de desestabilizações constantes que são quase imperceptíveis, motivo pelo qual temos tanta dificuldade para diagnosticar e intervir nos caminhos percorridos. Já se acostumou com a mensagem de morte?
A própria pregação do Evangelho, que deveria insistir sem Transtorno Obsessivo de Deus, de que Jesus está vivo, está profundamente deformada em suas teologias do “Reino deste Mundo”. É muita ênfase em dinheiro, demônio, domínio da sociedade, prosperidade emocional e na construção de verdadeiros impérios em nome da fé. Tem muito discurso tentando “matar” o Cristo Vivo, e não estou me referindo ao ataque frontal de sistemas contrários ao Evangelho. E ainda tem gente que acredita que o problema na Páscoa é presentear com Ovos de Chocolate, sabe de nada, inocente!
Termino com uma provocação do brilhante Ariano Suassuna: “No meu entender o ser humano tem duas saídas para enfrentar o trágico da existência: o sonho e o riso”. Te convido para neste Domingo de Páscoa, sonhar e sorrir. Sonhar, porque somente quem sonha, transforma e faz história. Sorrir, para humanizar os abatimentos e as caretas da existência que sofremos.
Tem religioso discutindo se é lícito assistir The Chosen, alegando incoerências com o relato bíblico, um aspecto citado são as constantes risadas de Jesus. Nem vou comentar, não tenho mais idade e nem energia para a teologia do Jesus “mal-humorado”.
José Sipaúba Costa Júnior é Professor, escritor, teólogo, psicanalista, matemático e mestre de Taekwondo.