Crescem as críticas ao governo pela decisão de importar arroz “para reduzir os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o mercado”. Lideranças da cadeia produtiva que estiveram na reunião da Câmara Setorial do Arroz do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ampliam suas reclamações à ação do governo e recebem o respaldo de parlamentares dos diversos partidos.
Parlamentares protestam
O primeiro leilão para compra de arroz importado, pelo governo, anunciado para esta quinta-feira (06) está abaixo de fogo cruzado. Além dos produtores, que pressionam o governo argumentando que não há necessidade de importar pois a safra nacional atende à demanda de mercado, agora, parlamentares dos diversos Estados tem se revezado na tribuna da Câmara, para protestar.
Força do Parlamento
O deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS), que presidiu a mesa da Câmara, nesta terça-feira (06), em boa parte da tarde, não cansava de anunciar a presença, na tribuna, de deputados, criticando a ação do governo de importar arroz.
Produção suficiente
“Indignação, absurdo, importar arroz tendo produção suficiente”, afirmou o deputado progressista, Afonso Hamm, vice-presidente da Comissão de Agricultura. “O levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) mostra que, nesse momento, temos 10,5 milhões de toneladas e o Rio Grande do Sul quando teve esse evento das enxurradas, enchentes, essa tragédia já havia colhido praticamente 90% da produção, portanto não há necessidade de importação”.
Arroz “inferior ao nosso”
Além disso, “o consumidor brasileiro vai consumir um arroz que vem da Tailândia, da Ásia, que não tem as mesmas propriedades. É inferior ao nosso”. Na visão de Afonso Hamm, “poderíamos comprar os estoques e fazer estoque da produção nacional. É absolutamente equivocada essa importação”.
Plano de reconstrução
“Nós precisamos de um plano de reestruturação, um plano de recuperação, dessa situação do agro”, pontua Afonso Hamm ao mesmo tempo que anuncia a convocação à Câmara, do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro para justificar a importação de arroz. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA), judicializou, entrou com uma ação de inconstitucionalidade. Não há ninguém que se favoreça, neste momento, muito menos o consumidor”, acentuou Afonso Hamm.
Pagamento dos salários
Alceu Moreira alerta para a necessidade de pagamento dos salários dos funcionários das empresas até esta sexta-feira (7), quinto dia útil. “As empresas invadidas pelas águas, não faturam um centavo, não tem como pagar os salários”. O deputado argumenta que, “na pandemia, os salários foram pagos pela União, para que as pessoas não perdessem o vínculo empregatício”.
Ruptura com as empresas
“Nós não estamos querendo ajudar só os empresários, nós queremos ajudar que tem emprego”, acentuou o emedebista. “Pagar ao salário é manter essa máquina, essa engrenagem funcionando. Precisa ter resultados até sexta-feira, se não for pago, esses funcionários serão demitidos e nós então vamos ter uma ruptura com as empresas. É uma irresponsabilidade, o governo tem que pagar os salários para manter o vínculo empregatício e dar um tempo para as empresas se reorganizar”, apelou Alceu Moreira.
Representação no TCU
Os deputados federais do Partido Novo, Adriana Ventura (SP), Marcel van Hattem (RS) e Gilson Marques (SC) entraram com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) contestando a decisão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de realizar leilões para a compra de arroz importado.
“Ninguém disse que falta arroz”
O deputado Bibo Nunes (PL/RS) manifestou sua indignação de como o governo quer importar arroz da China, dizendo que não tem arroz do Brasil. O parlamentar questiona: qual foi o empresário gaúcho que disse que faltaria arroz no Brasil? Ninguém falou, ninguém pediu, aí o governo vai lá importar, subsidiando, vendendo a R$ 4,00, com uma condição, tem que embalar na Ásia. Para que importar, se tem aqui. Enquanto isso, os recursos para o Rio Grande do Sul ainda não pareceram”.
Governo quer se vingar
O deputado Giovani Cherini (PL/RS) afirmou que o governo quer se vingar pois o agro e os empresários não apoiaram o Lula. O Rio Grande do Sul é a vítima. Comprar arroz importado. O agricultor não vai conseguir dar a resposta, chame o Paulo Guedes que ele resolve”, disparou Cherini.
Apunhala o agronegócio
Para o deputado Rodolfo Nogueira (PL/MS), “Lula salvou os produtores de arroz, mas não brasileiros. Salvou os produtores e arroz, da Argentina e do Uruguai. Destina R$ 7 bilhões e 200 milhões para compra de arroz de fora do Mercosul, ou seja, novamente não escuta os produtores, não escuta à Frente Parlamentar da Agricultura e novamente apunhala o agronegócio pelas costas”. Nogueira argumenta que Os 7 bilhões poderiam ser investidos para salvar o agronegócio brasileiro, para salvar os agricultores do Rio Grande do Sul que, hoje, vivem uma tragédia”.
Prejuízos aos agricultores
Nos cálculos do deputado Mauricio Marcon (Podemos/RS), a medida (compra de arroz), resultará na perda de quase 500 milhões de reais em ICMS para o estado e prejuízos para os produtores gaúchos, uma vez que a safra já foi colhida.
Prioridade do Executivo
No entendimento do deputado Mauricio Marcon, “a prioridade do Executivo federal deveria ser manter o emprego e a renda na iniciativa privada do Rio Grande do Sul. Ele pede ao governo que não crie medidas que vão atrapalhar a reconstrução do Estado”.
Presidente e ministros no Estado
A deputada Denise Pessôa (PT/RS), parlamentar, de Caxias do Sul, destacou que na região os deslizamentos foram frequentes, inclusive, com vítimas fatais. Ela destacou o trabalho que o Governo Federal está realizando no Estado, “com a presença dos ministros atuando e fazendo com que a política chegue na ponta”. Destacou que o presidente Lula esteve quatro vezes no Rio Grande do Sul.
Dinheiro “está chegando”
A deputada contestou as críticas de que o dinheiro prometido não está chegando. Ela apresentou um levantamento mostrando que os municípios já começaram a receber os recursos. Afirmou que o governo vai garantir moradia fora das áreas de risco.
Trabalho do Pimenta
Denise Pessôa cumprimentou o ministro Paulo Pimenta pelo trabalho que vem desenvolvendo, “sem hora para terminar, buscando a reconstrução do Rio Grande do Sul”.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa