Governo quase impossível, diz José Dirceu

José Dirceu (Crédito: Wilson Dias, Agência Brasil)

“O problema do Brasil não é o Banco Central. O problema do Brasil são os juros altos”, afirmou o ex-deputado e ex-ministro do PT, José Dirceu (SP), em entrevista ao Canal Livre da TV Band. O político classificou o governo Lula como “um governo quase impossível”. Disse que os juros não subiram ou desceram por causa dos ataques, mas por causa do dólar.

Brasil está crescendo

“Com todas as dificuldades que enfrenta, o Brasil está crescendo, o emprego está crescendo, a renda está crescendo, nós temos quase R$ 400 bilhões de reservas, nós temos superávit na balança comercial, no investimento direto, não temos déficit em conta corrente”, argumentou José Dirceu.

Minoria na Câmara

Na avaliação de José Dirceu, “o que tem de diferente do Lula I e Lula II, é que o mundo mudou, o Brasil mudou e o partido do governo e os partidos que o apoiaram, são minoria. Se nós separarmos 90 deputados do PL e 130 da centro-esquerda, tem 300 votos, que de certa forma, quem lidera é o Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara. Isso é um impedimento quase impossível, como eu digo, e único”.

Articulação com a Câmara

Questionado sobre articulação com a Câmara, José Dirceu disse que não vê erro de articulação com a Câmara. “Mudou o Brasil em relação aos partidos políticos. Hoje os partidos e as bancadas têm posição, as bancadas são organizadas, como por exemplo, a do agronegócio. A que não está organizada é a da indústria, da reforma tributária”, acentuou o ex-ministro petista.

Mais poder que a Câmara

José Dirceu compara: o Senado onde 25% dos eleitores, em 14 Estados tem maioria, é a Câmara alta, Câmara revisora, tem iniciativa legislativa e tem mais poder que a Câmara dos Deputados. É um sistema político e uma circunstância que o presidente Lula passou a governar no seu terceiro mandato que leva esses impasses”.

Sistema político impraticável

“Governos com minoria no Congresso têm dificuldade em implementar sua agenda”, afirmou José Dirceu. “Ou o presidencialismo brasileiro passa a ter um Congresso com poder a partir das emendas impositivas, num sistema político partidário impraticável, que só existe no Brasil”.

O problema são os altos juros

No entendimento de José Dirceu, “o problema do Brasil são os juros altos”. Ele explica: “o Conselho Monetário Nacional estabelece uma meta de inflação de 3% num país como o Brasil, no mundo de hoje, de 3% de meta de inflação, mesmo que haja uma alteração para 1,5%. Como é que uma economia pode funcionar pagando 800 bilhões de reais de juros pelo serviço da dívida pública, para 1% dos brasileiros, que é isso que controla a dívida pública?”, questiona o experiente político.

Por causa do dólar

Os juros não subiram ou desceram por causa dos ataques, mas por causa do dólar que valorizou. Citou como exemplo a Correia do Sul, o Japão, o Chile, o México, a Colômbia, inclusive em países europeus. “Qual a estabilidade que há no Brasil, neste momento? O Brasil está crescendo, o emprego está crescendo, a renda está crescendo, nós temos quase R$ 400 bilhões de reservas, nós temos superávit na balança comercial, no investimento direto, não temos déficit em conta corrente”, argumentou.

O País tem rumo

Na visão de José Dirceu, “o país tem rumo. Está fazendo uma reforma e vai concluí-la, mesmo com altos e baixos, e muitas pressões”. Ele entende que a reforma tributária, dentro do que foi possível fazer, ajuda. “Acaba a guerra fiscal, simplifica e cobra no destino, favorecemos consumidores, desonera a exportação”. José Dirceu defende: “temos que tirar os impostos da produção e do consumo, temos que colocar os impostos na renda, na propriedade, na riqueza”, acentuou.

Reforma Tributária

Arthur Lira

A regulamentação da reforma tributária entra na sua fase decisiva esta semana.  O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), acredita que o texto tem condições de alcançar os consensos necessários para sua aprovação. “Há uma sensibilidade do grupo de trabalho ter feito bastante correções, melhorando técnica legislativa, revogando algumas leis, ajustando alguns parâmetros, e atendendo já muitos setores importantes para o Brasil, para o desenvolvimento do País”. Os debates, em plenário, foram intensos na noite de desta terça-feira (09). O) presidente Arthur Lira contestou manifestação do deputado Bibo Nunes (PL/RS), de que não houve debate sobre o tema.

Não misturar temas

Arthur Lira pretende colocar em votação, no plenário, entre hoje (10) e amanhã. A outra proposta, que trata da regulamentação do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (PLP 108/24), só deve ser votada no início de agosto, segundo o presidente da Câmara, “para não haver mistura dos temas”.

Assista o vídeo (Band/Canal Livre)

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

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