DF conta com 1.314 catadores vinculados a 32 associações que mantêm contratos de triagem, coleta seletiva e comercialização dos materiais recicláveis com o governo
Antes da desativação do Lixão da Estrutural, os catadores de recicláveis do Distrito Federal trabalhavam na informalidade expostos a doenças e em jornadas exaustivas. Essa realidade se modificou com a criação do Complexo Integrado de Reciclagem (CIR), inaugurado há três anos, onde são mantidas 11 unidades de triagem de materiais recicláveis usadas por cooperativas e associações credenciadas e contratadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Serviço de Limpeza Urbana (SLU).
Atualmente, o governo conta com 42 contratos de triagem e coleta seletiva com 32 organizações compostas por 1.314 catadores, que, em sua maioria, vieram do lixão da Estrutural. Só neste ano, entre janeiro e agosto (os dados até novembro estão em apuração), foram investidos pelo GDF nas cooperativas mais de R$ 35 milhões, sendo mais de R$ 16 milhões em triagem e mais de R$ 19 milhões com receita da comercialização dos materiais recicláveis.
A catadora Eleuza Moraes Rodrigues, 47 anos, é uma das profissionais que lembram do período do lixão e comemora as mudanças. “Era muito perigoso, porque não tínhamos essa estrutura. Aqui [no Complexo Integrado de Reciclagem], nós temos refeitório, banheiros e um teto. Lá, em tempo de chuva, a gente sofria muito para trabalhar. Era muito difícil. Eu adoeci várias vezes. Tive duas pneumonias por conta da friagem e também tive alergia na pele por causa do lixo. Aqui, as condições para trabalharmos são bem melhores”, destaca.
O diretor-presidente do SLU, Silvio Vieira, diz que o governo tem feito uma série de ações para valorizar e dar melhores condições aos catadores. “O Governo do Distrito Federal juntamente com o SLU tem investido nos catadores porque entende a importância desses trabalhadores para nossa cidade. Eles são fundamentais para a limpeza pública, pois fazem um trabalho preciso de reciclagem, ajudando a diminuir o descarte incorreto de resíduos no Aterro Sanitário”, afirma Silvio Vieira, diretor-presidente do SLU.
Catador desde os 17 anos, Geovânio Pereira dos Santos, 37, aponta que a principal melhoria para a categoria está ligada às condições de trabalho. “A grande vantagem aqui é ter um teto com sombra para trabalhar. Não pegamos mais sol e nem chuva. Também contamos com regulamento do INSS. Então, se tivermos algum acidente, podemos nos precaver. Aqui mesmo temos casos de dois funcionários que conseguiram se aposentar pela cooperativa. Melhorou 100%”, diz.
No ano passado, o SLU recolheu 730.757 toneladas de resíduos, das quais cerca de 42 mil toneladas foram recicladas pelos catadores, representando em média 5,7% do total. Esse material triado é comercializado. Até julho deste ano, o SLU pagava R$ 304,14 por tonelada. Esse valor recebeu um reajuste entre 16% a 32% a depender da situação da cooperativa. A remuneração é feita pelo quantitativo que é desviado do Aterro Sanitário de Brasília, comprovado por notas fiscais de comercialização dos resíduos recicláveis.
Repórter Brasília/Agência Brasília