Mudança no esquema vacinal – antes eram duas doses com intervalo de seis meses – visa aumentar proteção da população contra vírus causador de câncer de colo de útero e outras complicações
O Governo do Distrito Federal (GDF) começou, nesta sexta-feira (5), a aplicação da dose única da vacina contra o HPV em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. A medida segue orientação do Ministério da Saúde e visa aumentar a cobertura contra o vírus, que causa câncer de colo de útero e outras complicações. A dose única do imunizante está disponível nas salas de vacinação. Confira os horários de funcionamento e endereço de cada uma no site da Secretaria de Saúde (SES-DF). Pais ou responsáveis devem comparecer com documento de identificação da criança ou adolescente e a caderneta de vacinação.
O Distrito Federal foi a primeira unidade da Federação a oferecer a vacina contra o HPV para a população, iniciando a imunização das meninas em 2013 e dos meninos em 2017. No entanto, mesmo com o pioneirismo, a capital está abaixo da meta de cobertura vacinal estabelecida nacionalmente. Com a implementação da dose única, o objetivo é alcançar toda a população na faixa etária indicada, de 9 a 14 anos.
“A mudança veio após diversos estudos realizados mostrando evidências robustas de que uma dose da vacina HPV pode fornecer proteção igual a duas ou três doses, a depender da idade, em áreas com altas coberturas vacinais”, Tereza Luiza Pereira, chefe do Núcleo de Rede de Frio Central
A chefe do Núcleo de Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira, explica que a adesão à dose única ocorreu após pesquisas científicas sobre a eficácia do esquema. “A mudança veio após diversos estudos realizados mostrando evidências robustas de que uma dose da vacina HPV pode fornecer proteção igual a duas ou três doses, a depender da idade, em áreas com altas coberturas vacinais”, observa. Anteriormente, a vacina era administrada em duas doses com intervalo mínimo de seis meses.
Com a adesão da dose única, crianças e adolescentes de 9 a 14 anos que já receberam a primeira dose e têm a próxima agendada, não precisarão mais tomar a segunda dose, encerrando assim o esquema de vacinação. Imunossuprimidos e vítimas de violência sexual, que também podem receber a vacina na rede pública, continuarão com o esquema anterior de até três doses.
“Tais resultados, somados às dificuldades enfrentadas por muitos países na incorporação da vacinação contra o HPV, motivaram o posicionamento favorável à adoção de um esquema vacinal de dose única da vacina HPV até 20 anos de idade da Organização Mundial da Saúde, em 2022, e a Organização Pan-Americana da Saúde, em 2023”, acrescenta. Tereza destaca ainda que não houve alteração na composição da vacina.
A especialista relaciona as vantagens da aplicação da dose única. “Uma maior adesão à vacinação, uma vez que o usuário precisa comparecer apenas uma vez ao serviço de vacinação; aumento da cobertura vacinal e consequentemente imunidade de rebanho; oportunidade para a inclusão de outros públicos prioritários; melhor logística e facilitação da introdução da vacina HPV em programas de imunizações nos países de média e baixa renda, e aceleração da eliminação do câncer de colo do útero, não só no Brasil, mas em nível mundial”, exemplifica Tereza.
O papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês) é uma infecção sexualmente transmissível associado ao desenvolvimento de câncer de colo de útero, pênis, vulva, canal anal e boca, além de verrugas anogenitais e papilomatose respiratória recorrente (PRR), que são patologias classificadas como benignas, do ponto de vista oncogênico, mas que causam grave comprometimento clínico e psicológico nos indivíduos afetados. O vírus pode ser detectado por meio de exames clínicos regulares que incluem observação da presença das verrugas e exames de rastreamento como o Papanicolau.
Assim que soube da disponibilidade da dose única, a servidora pública Patrícia Prado, 38 anos, levou a filha Manoela, 10, para vacinar contra a HPV na UBS 2 da Asa Norte. “O que me motivou a trazê-la foi a possibilidade de protegê-la do câncer de colo de útero”, destacou a mãe, que aproveitou a ocasião para imunizar a filha também contra a dengue. “Vou tomar a vacina da dengue para não ficar doente, faltar à escola e perder prova”, enfatizou a menina.
Foi justamente ao levar a filha para vacinar contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que José Alberto Martins, 50, descobriu que a pequena Raquel, 10, estava com uma das doses da vacina da HPV atrasada. “Na época que ela tomou a primeira ainda eram aplicadas duas doses, não tinha essa comodidade da dose única. Então resolvi trazê-la para tomar a segunda dose”, explicou.
Vacina contra a dengue
O imunizante contra a dengue está disponível para todas as crianças e adolescentes de 10 anos completos a 14 anos de idade (14 anos, 11 meses e 29 dias). São duas doses, com intervalo de 90 dias. Caso a pessoa tenha sido diagnosticada com dengue, é necessário aguardar seis meses para iniciar o esquema vacinal. Em caso de contaminação por dengue após a primeira dose, deve-se manter a data prevista para a segunda dose, desde que haja um intervalo de 30 dias entre a infecção e a segunda dose.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informa os locais de vacinação diariamente neste site.
Repórter Brasília/Agência Brasília