Cliente ou servo? (José Orcélio de Almeida Amâncio)

José Orcélio de Almeida Amâncio/Divulgação

“Se alguém quiser me seguir, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9.23).

“Sou teu servo; dá-me inteligência, para entender os teus testemunhos.” (Salmos 119.125).

Seguir a Cristo é um chamado ao auto sacrifício, não à auto satisfação. O verdadeiro discípulo não pergunta: “O que eu vou ganhar?”, mas: “O que posso fazer pelo Reino?” “Onde posso ser útil, como posso ajudar na obra?”

O servo tem identidade, o cliente tem preferências – Um servo entende que foi comprado por alto preço, preço de sangue. Veja o que disse Paulo: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” (1Co 6.20). Se foi comprado, então, pertence a quem o comprou: Cristo. Ele não está na igreja porque gosta apenas do estilo musical, da estrutura ou da programação. Está ali porque faz parte do Corpo de Cristo e ama a obra de Deus. Paulo escrevendo aos efésios disse: Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10. Deus não nos salvou apenas para irmos aos cultos, mas para realizarmos boas obras, como servos úteis em Sua missão.

O cliente exige, o servo se entrega. O cliente reclama se o “produto” não atende suas expectativas. Quer conforto, conveniência e benefícios pessoais. Já o servo se entrega, mesmo que seja cansativo ou invisível. Jesus disse no capítulo 15 de João o seguinte: “Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Eu sou a videira, vós as varas: quem está em mim, e eu nele, esse dá muitos frutos; porque sem mim nada podeis fazer. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (Jo 15.2,5,14).
O servo coloca o seu coração na obra porque tudo ele faz por amor a Cristo, sem pensar em recompensas, enquanto o cliente, só pensa em obter vantagens, ter lucro e ser bem sucedido. Veja o exemplo de Cristo: “pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10.45). A visão de Jesus é uma visão de servo e não de cliente.
Jesus, o Filho Unigênito do Pai, o maior de todos, deixou sua glória, o céu eterno e se fez servo por amor de nós todos. Como seus seguidores, não devemos esperar um tratamento diferente. Não devemos ter a mentalidade de cliente, mas a de servo, tal com Jesus nos ensinou. Nós temos a mente de Cristo, logo, não somos clientes, mas servos.

O cliente consome o culto, o servo constrói a comunhão – Em um culto, se somos clientes,
assistimos ao culto, não temos quase nenhuma participação, e acabamos criticando o louvor, a
orquestra, o pregador e o pastor da igreja. Isto é o espírito do cliente. Os servos são diferentes,
eles com amor e dedicação participam da edificação da igreja, glorificam ao Senhor e sentem a
presença do Espírito Santo. Eles entendem que todos têm dons e que devem ser usados para benefício mútuo e buscam o poder de Deus para as suas vidas. O apóstolo Pedro disse: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas.” (1Pe 4.10). O cliente não compartilha absolutamente nada com ninguém. O cliente só quer receber: receber oração, receber poder, curas, promessas, profecias de vitórias, prosperidades etc. O servo, ao contrário, se contenta com o que lhe confiado, e aguarda sempre o punhado que vem diretamente do Senhor.

Para o cliente, igreja é como se fosse um “shopping center espiritual”, onde ele vai encontrar tudo o que quer e almeja, sem interagir com ninguém. A igreja não é este shopping, ela é um
corpo vivo, é o corpo de Cristo, onde cada membro tem uma função e um chamado para servir. Enquanto o cliente só observa o que lhe agrada, o servo se coloca na brecha, pronto para ser usado pelo Senhor.

O servo entende o princípio da mordomia, enquanto o cliente só pensa em propriedade, em adquirir bens que o satisfaça – O cliente acha que está “pagando” com seu dízimo ou com seu tempo, e por isso tem “direitos”. Mas o servo entende que tudo é de Deus e que ele apenas administra aquilo que lhe foi confiado. O servo é prudente e sensato e sabe como agir de modo a agradar a Deus e não como ser agradado por Deus. O cliente só agrada a si mesmo.
Jesus disse em Sua Palavra: “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus servos, para dar-lhes o sustento no tempo devido?” (Lc 12.42). O servo fiel sabe que terá de prestar contas, não do que recebeu, mas do que fez com o que lhe foi confiado. O cliente não está nem aí para essas exigências da Palavra, porquanto, não pensa nas coisas que são de cima, mas somente nas terrenas. O cliente não pensa no porvir, mas somente no hoje.
Gostaria que você pensasse na seguinte pergunta: Estou indo à igreja como cliente ou como servo? Se você é dotado de algum dom ou talento, como você poderá contribuir para ajudar no crescimento espiritual da igreja? Se você está indo a igreja somente para sua edificação, então, passe a pensar no outro, no seu irmão ou naqueles que ainda não conhecem a pessoa de Jesus Cristo. Não seja somente cliente, mas servo, bom e fiel. Peça a Deus sabedoria, pois, ele te dará com todo prazer e alegria.

José Orcélio de Almeida Amâncio é pastor, escritor e membro da Academia Evangélica de Letras.

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