Professor de arquitetura espera que cheias em Porto Alegre promovam uma uma “revolução no Planejamento Urbano”

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Frederico Flósculo (Crédito:Reprodução,TV Câmara)

Para o professor Frederico Flósculo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UNB), “esse episódio lamentável de Porto Alegre, as cheias do Guaíba, ele prenuncia várias outras coisas muito graves, que com certeza acontecerão”. Ele espera, que “esse episódio de Porto Alegre signifique uma pequena revolução no planejamento urbano, e na gestão urbana”, disse em debate no programa Expressão Nacional, da TV Câmara com os deputados Bohn Gass (PT/RS), Pedro Aihara (PRB/MG) e Luiz Carlos Busato (União/RS), além do físico gaúcho Osvaldo Moraes, todos reclamam da falta de planejamento e comunicação.

Vitória da Construção Civil

Ilustração: inteligência artificial

“ Quando você examina por exemplo, o plano diretor de Porto Alegre, você ver imprevisibilidade. Nós vemos a vitória de algo que acontece em todas as cidades brasileiras, que é a vitória da construção civil. A vitória da especulação imobiliária”, argumenta o arquiteto.

Planos de sustentabilidade

Na opinião de Frederico Flósculo, “nós temos hoje, planos diretores urbanos imobiliários, planos de negócios, não são planos para o desenvolvimento humano e não são planos para o desenvolvimento de uma sustentabilidade, até a cidade e sua região, são negócios mesmo, e da pior qualidade, porque quando você ganha muito dinheiro e não a responsabilidade com essa movimentação imensa, você tem Porto Alegre como você vai ter outras situações horrorosas no Brasil. ”

Parâmetros Ambientais

Dentro de sua experiência como professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNB,oprofessor afirmounquen “esse planejamento urbano ele deve prever limitantes adentro. Nós não trabalhamos com parâmetros ambientais, a ecologia tem limites e tem pontos de não retorno”, acentuou o Frederico Flósculo

Armadilha geográfica e ambiental

Guaiba invade o centro da Capital Gaúcha

Porto Alegre em especial, “é uma armadilha geográfica e ambiental, porque no Guaíba deságuam três grandes rios, se um desses rios recebe muita água na cabeceira, problema para o Guaíba”, avaliou.

Hipóteses previsibilíssima

Dois rios, duplo problema, dessa vez foram três, e são hipóteses previsibilíssima”, afirmou o professor Frederico Flósculo, acrescentando que, “esses três contribuíram para esse desastre, e ao mesmo tempo que a construção civil estava ocupando margens, estava agindo como se os negócios fossem imunes ao clima. Então nós devemos ter planejamento urbano, agora, de uma maneira centralizada”.

Inteligência de Planejamento

O governo federal, lembra o professor, “tem um Ministério das Cidades, que não coordena inteligência urbana, inteligência de planejamento, e coloca à disposição das nossas 5.540 prefeituras, essa tecnologia de planejamento, essa associação do planejamento urbano, a metas de defesa civil”. Legislação Brasileira

Na avaliação de Frederico Flósculo, “existe na legislação brasileira a menor obrigação que a defesa civil, faça parte do planejamento urbano, isso é inaceitável, mas também devemos ter o desenvolvimento humano, como parte do plano diretor”, assinalou.

Saúde e Educação

“Devemos ter a questão da saúde e da educação, nada disso está nos planos diretores urbanos de cidade alguma do Brasil, inclusive, Brasília”, lamenta professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília

Pensar nas Prioridades

Para Frederico Flósculo, “isso é horroroso, porque nós temos um país com a economia enorme, nós temos um dinheiro de primeiro mundo e não pensamos como primeiro mundo, e pensar como primeiro mundo é pensar nas prioridades e de maneira racional e planejada”.

Políticos detestam planejamento

Na visão do arquiteto, “o problema é que os políticos aqui entre nós, detesta planejamento, porque o planejamento tem o seguinte defeito, ele torna as coisas previsíveis, então faz parte da política brasileira, nessa evolução recente, termos surpresa, e muito delas desagradáveis”.

Urubus em cima da carniça

Sem meias palavras o professor da UNB, foi taxativo: “Às vezes me parece, que os políticos se reúnem como verdadeiros urubus em cima da carniça da desgraça, e deixam acontecer impedindo que o planejamento urbano aja antecipadamente”.

Planejamento é a mordaça

Para o político, “o planejamento é a amodarça, os segura, impede a criatividade política do orçamento secreto, impede a criatividade política do fazer o que quiser, como se o Brasil fosse terra livre da vontade de alguns eleitos”.

Mente de planejadores

Na opinião de Frederico Flósculo, “isso é o oposto de planejamento, então nós devemos ide uma vez por todas, para não repetir Porto Alegre, para não repetir a dor imensa do povo gaúcho, investir em planejamento de verdade, ter uma mentalidade, desde o presidente da república ao governador, de planejadores”.

O exemplo de JK

O exemplo do mineiro Juscelino Kubitschek, fundador de Brasília.

O professor Frederico Flósculo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, contou um episódio que aconteceu no governo JK, quando Juscelino Kubitscheck foi governador de Minas no começo dos anos 50”. Ele disse que “o próprio JK quando deu um problema de entupimento na Lagoa da Pampulha, vocês acreditam que ele desceu pessoalmente lá no subsolo do bombeamento da lagoa para destravar a bomba, porque ninguém tinha coragem de fazer. ”

Desceu às entranhas do bombeamento

As pessoas diziam “ninguém fez essa manutenção governador”, ele disse “eu vou fazer”. Isso está nas memórias do Juscelino, ele desceu lá no subsolo, nas entranhas do bombeamento, destravou a bomba, por risco de vida.

Exemplo de coragem

Isso é um exemplo de como governante deve agir, de forma empática, interativa e inteligente. Precisamos da revolução de Porto Alegre, que Porto Alegre nos abra os olhos para um trabalho sério de governo.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

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