Amigos do Idoso

Curitiba

O gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, morador de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde está a maior concentração de idosos do país, avalia a difícil situação do idoso, a começar por tentar pegar um ônibus. “Depois de conseguir que o coletivo pare, o idoso tem que ser quase um atleta de salto em altura para embarcar, os degraus do ônibus são altos e de difícil acesso”.

Exigências para cidade amigável

Alexandre Kalache é conhecido no mundo todo, pois em 2007 foi quem ajudou a criar o conceito de “cidade amiga do idoso”. Na época o médico era diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da OMS. Uma cidade é considerada amigável se atender a oito aspectos da vida urbana: espaços abertos e prédios, transporte, moradia, participação social, respeito e inclusão social, participação cívica e emprego, comunicação e informação, e apoio comunitário e serviços de saúde.

Só falta bater nos passageiros

No caso do transporte, a cidade candidata precisa preencher, entre outros requisitos, tarifas baixas, assentos preferenciais, e motoristas gentis. Ônibus superlotados e motoristas mal-educados, sem chances.

Paraná é um bom exemplo

Desde sua criação em 2007, 1.542 cidades, em 51 países, já ganharam o status de “age-friendly”, da OMS. Só no Brasil são 34, dessas, 26 estão no Paraná, quatro no Rio Grande do Sul, duas em São Paulo, uma em Minas Gerais, e uma em Santa Catarina.

Veranópolis “viver bem”

A primeira a conquistar o almejado título foi Veranópolis (RS), a 170 km de Porto Alegre, em 2016, já era conhecida como a Capital Brasileira da Saúde. O prefeito Waldemar de Carli, 71 anos, afirmou: “Não basta viver muito. Temos de viver bem”.  A mais recente cidade a conquistar o título foi Curitiba (PR), em 2023.

Viver muito e adoecer pouco

Todos os 5.570 municípios brasileiros foram avaliados, e apenas 428 tiveram resultados considerados satisfatórios, mostra pesquisa do Estadão

Prioridade nas políticas públicas

Paulo Paim (Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado.

“O envelhecimento populacional é uma realidade”, avalia o senador Paulo Paim (PT/RS), acrescentando que “essa questão deve ser uma prioridade nas políticas públicas em níveis, nacional, estadual e municipal. Todos têm responsabilidade nisso. A própria sociedade precisa mudar sua mentalidade e tratar os idosos com respeito. É lamentável que o Brasil tenha somente 26 cidades amigas do idoso”, disse ao Repórter Brasília, o senador, “amigo do idoso”, Paulo Paim.

Ainda há muito a ser feito

“Nos últimos 20 anos, fizemos progressos, mas ainda há muito a ser feito. Infelizmente, o Brasil não está totalmente preparado para atender às necessidades dos idosos. É fundamental que todo o país se una para garantir o pleno cumprimento do Estatuto da Pessoa Idosa (Lei Federal 10.741/2003), de nossa autoria. O Estatuto possui 118 artigos que tratam de direitos fundamentais, como saúde, alimentação, previdência social, moradia, emprego, transporte, assistência social, medidas protetivas, acesso à justiça, entre outros”, conclui Paulo Paim.

 A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

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