Alimentos do Mercosul, da produção ao consumo nos países da União Europeia

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Luis Carlos Heinze (crédito: Site Progressistas)

O senador Luís Carlos Heinze (PP/RS) afirmou que a reação contra o acordo do Mercosul, pela França e outros países europeus, “ é um pano de fundo”. O senador apresentou argumentos do professor Daniel Vargas, coordenador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que acompanhou os protestos, na Europa, e tem uma visão bem clara do que vem acontecendo. Ele argumenta que o comércio internacional de alimentos passou por uma transformação fundamental, nas últimas duas décadas e meia. Na base dessa mudança está o deslocamento do centro de gravidade da produção para o consumo. ”

Padrões se alteram

Daniel Vargas, professor da FGV

Até então, pontua o professo Daniel Vargas, “eram os países produtores de alimentos que competiam para colocar no mercado bens, com qualidade e com preços mais acessíveis para atender os consumidores do planeta.  Com duas mudanças fundamentais, esse perfil e essa dinâmica se alteram. De um lado, surgem, os chamados padrões voluntários de sustentabilidade, criados por organizações internacionais, sobretudo, de países ricos, nem sempre com base científica robusta, porém ingressam no mercado definindo o perfil e a qualidade do produto que podem então ser comercializados”, aponta o professor.

Regulação “sólida”

Ao lado disso, na visão do professor Daniel Vargas, “países, em particular, na Europa, utilizam essa dinâmica de geração de padrões de sustentabilidade e passam a criar, por meio de uma regulação sólida, critérios segundo essas organizações devem operar, “argumenta.

Correia de transmissão

A combinação dos chamados padrões voluntários de sustentabilidade e a regulação pública, do Estado, cria “uma correia de transmissão entre o novo centro de gravidade do comércio, o interesse dos consumidores dos países ricos e a realidade, na ponta, de quem corre o risco da produção e produz”, avalia Vargas.

Organizando a produção

O professor da FGBV, afirma que, segundo a ONU, hoje, em todo o mundo, “o Brasil é o país com o maior número de padrões voluntários de sustentabilidade, organizando a produção de alimentos”. Na visão do estudioso, isso significa que “ nós somos um dos países em que, nessa dinâmica, de mudança do comércio, passamos de um país que orientava, que pautava os rumos da alimentação internacional, para nos tornar uma espécie não de consumidor de padrões fixados por ONGs, segundo as leis europeias, que dizem o que e como nós devemos produzir. ”

Os números dos países

Os cinco países que mais produziram itens agrícolas em 2022, de acordo com a  FAO, o EuroStat e a Statista, foram a China, Índia, os Estados Unidos, o Brasil e a Rússia. Alguns outros levantamentos colocam o Brasil e os Estados Unidos à frente da Índia em valor da produção. A diferença pode se dar por questões metodológicas ou, ainda, por falta de dados completos e confiáveis em relação ao país asiático. Essas estimativas incluem, toda a produção agropecuária.

Vantagens ao Mercosul

Os valores podem mudar por revisões, graças a inúmeras variáveis que cercam a produção agropecuária. A previsão da produção agropecuária em 2023, apesar das intempéries, pode trazer algumas vantagens ao Brasil, e ao Mercosul, no fornecimento de alimentos ao mercado internacional.

Repórter Brasília/Edgar Lisboa

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