O Secretário Executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, afirmou que “não faltam informações, não faltam pesquisas, não faltam relatórios, não faltam alertas da ciência”, que catástrofes climáticas iriam acontecer. “Temos aí uma diversidade muito grande de informações seja na previsão do tempo, como a gente está vendo agora, seja nessa previsão climática que há mais de uma década tem sido previsto”. Ele disse, em entrevista à Renata Lo Prete, do Jornal da Globo, na madrugada de ontem (8), que “os cientistas colocam isso em público, de que muitos eventos climáticos vão acontecer, de forma mais extrema e de forma mais constante, quanto mais o planeta sofre transformações com mais emissões de efeito estufa”.
Colapso climático
Márcio Astrini (Crédito: Márcia Alves/Observatório do Clima)
Para Márcio Astrini, o colapso climático com eventos extremos, “não devia ser uma novidade para ninguém.” Inclusive, lembra o especialista, isso vem sendo visto há muito tempo no Brasil. “Nós tivemos uma seca histórica, na Amazônia, no ano passado, enchente no Rio Grande do Sul, também no ano passado, aconteceu em São Sebastião, em Petrópolis, no Sul da Bahia, no Norte de Minas Gerais é um acúmulo e uma constância muito grande desses eventos e, agora, estamos vendo o pior deles, no Rio Grande do Sul”, acentuou.
Falta ação
Márcio Astrini salienta que “muitas dessas autoridades que hoje estão chocadas com isso que está acontecendo, participam, inclusive, das conferências de clima. Vão lá, ouvem todas essas previsões mas parece que não escutam ou pelo menos não internalizam a gravidade da situação”. Segundo ele, “nós estamos chegando, realmente, num mundo muito diferente e não falta informação sobre isso, o que falta é ação”.
Agenda de retrocessos
Para Márcio AStrini, “primeiro a gente precisa, no nosso país, parar de andar para trás. Nós temos uma agenda que impõe retrocessos gigantescos, a começar pelo Congresso Nacional. Para que se tenha uma ideia, existem projetos no Congresso, que diminuem toda a proteção ambiental no Brasil, a começar pela Amazônia, que está na pauta, e diminuem a área de proteção legal da Amazônia e pode levar, segundo cálculos do Ministério do Meio Ambiente, a um desmatamento 30 vezes maior do que o registrado, no ano passado”.
Definir prioridades
A primeira coisa, acentua Márcio Astrini, ” é parar esse tipo de absurdo e impedir esse tipo de pauta de avançar. Num segundo momento é olhar para as áreas que estão sob risco, e nós temos diversas, o próprio governo cataloga, hoje, cerca de mil áreas, ou mais do que isso, que estão sobre extremo risco climático e ter um plano para estas áreas: investimento, o que vai ser feito, quando vai ser feito, o que é mais prioritário e mais urgente”, questiona o Diretor-Executivo do Observatório do Clima.
Agora é socorrer as vítimas
No entendimento de Astrini, “agora, a gente tem que socorrer as vítimas, e dar assistência emergencial, a catástrofe já aconteceu. Logo depois, a gente colocar em ação, um plano para tornar as cidades mais resilientes e também não deixar que as coisas retroajam no país”.
Negacionismo científico.
Durante a reunião da Comissão de Meio Ambiente (CMA), a senadora Leila Barros (PDT-DF), presidente da comissão, expressou preocupação com os desafios impostos pela emergência climática no Brasil, particularmente em resposta aos recentes eventos no Rio Grande do Sul. “Não há mais espaço para o negacionismo científico”, declarou a senadora, enfatizando a necessidade urgente de políticas públicas eficazes que enfrentem os eventos climáticos extremos.
Preservar o meio ambiente
Leila Barros ressaltou a importância de preservar ecossistemas e repensar a ocupação de áreas de risco. “É preciso preservar as matas nas margens dos rios para minimizar os efeitos das chuvas intensas e proteger a vegetação de restinga para frear os efeitos das ressacas do mar,” disse ela, argumentando contra a flexibilização das normas ambientais. “Preservar o meio ambiente não é um empecilho para o desenvolvimento econômico”, disse.
Respeito ao meio ambiente
“O povo do Rio Grande é extremamente respeitoso com o meio ambiente”, afirmou o deputado Osmar Terra (MDB/RS) rebatendo críticas que circulam nas redes sociais e que acusam os agricultores gaúchos como responsáveis pelo desequilíbrio climatológico. O parlamentar argumenta que “as plantações de soja respeitam os limites das matas ciliares e nascentes”. Disse que o que aconteceu, no Rio Grande do Sul,” foi um fenômeno atmosférico raro, pelo encontro de massas de ar frio e quente que resultou em inundação”.
A Coluna Repórter Brasíliaé publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa
Em que planeta habita o deputado Osmar Terra?