A crise de público do cinema nacional

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O Sequestro do Voo 375

O Cinema nacional, continua enfrentando uma crise de público nas salas de projeção, que foi agravada pela pandemia que afastou de forma abrupta os amantes das telas, mas muito também pelos streamings, que de certa forma ocuparam um grande espaço, aberto por aquele público mais cômodo, que prefere ficar em casa, sentado em frente a TV, assistindo aos lançamentos que mal passaram pelo cinema. Muitas vezes, um filme é lançado no cinema, mas o público espera alguns meses, ou até mesmo semanas para ver em casa. Triste realidade.

Isso é ainda mais grave, quando se trata de produções nacionais. O publico brasileiro é avesso a filmes produzidos no Brasil. O que se sabe ao certo, é que em algum momento o cinema nacional se viu órfão de público. Um pouco antes da pandemia, as pessoas ainda saiam de casa para ver comédias nacionais que levavam um grande público as salas de cinema. Contudo, alguns conceitos, tem dificultado a vida dos roteiristas que não encontram mais facilidade em criar textos que de alguma forma, não ofendam alguns públicos e algumas classes. É fato que comédias também já estão saturadas e o cinema nacional carece de novos formatos.

Se levarmos em consideração a dificuldade financeira enfrentada pelo público brasileiro, para ir ao cinema, muitas vezes tendo que escolher, depois do ingresso, entre a passagem de transporte público, o custo de estacionamento no shopping ou a pipoca, fica mais fácil entender que a escolha do filme tem que ser certeira e daí vem a definição por blockbusters americanos.

O fato é que o cinema nacional é muito bom, mas tem que provar todos os dias e para isso precisa de ajuda, muita ajuda. Não se trata apenas de recursos financeiros, mas também de uma campanha nacional promovida por todos os meios de comunicação do país, inclusive pelas distribuidoras de conteúdo e os exibidores. Os produtores americanos possuem uma indústria cinematográfica que movimentam bilhões de dólares todos os anos e lançam centenas de filmes todos os anos. Nem sempre são bons filmes, mas atraem muita gente ao cinema, boa parte dessas pessoas, se arrependem de ter ido, mas aí já é tarde. A máquina gira em torno de um nome “Hollywood”. Quando vem de lá é bom. Será mesmo? Se isso é verdade porque algumas distribuidoras escondem em seus anúncios o real teor de alguns filmes? Muitas vezes um trailer é publicado, mostrando uma determinada história, mas quando o público chega a salas de cinema, a história é outra. Recentemente vimos isso, como muitos arrependidos que foram ao cinema ver um lançamento, em detrimento de outro produto nacional, achando que veria o remake de uma grande obra e descobriram que se tratava de um musical, gênero não muito aceito por brasileiros. Tarde demais!!

No dia 07 de dezembro, entrou em cartaz um grande filme nacional, que pode provar que não deve nada ao cinema produzido em Hollywood. O Sequestro do Voo 375 é uma obra de ficção baseada em fatos ocorridos em 1988, depois de mais de uma década de pesquisas feitas pelo jornalista Constâncio Viana, morador de Brasília e que viveu uma situação de quase morte, ao sobrevoar Moçambique a bordo de um avião 737-300, saindo de Tete para a capital Maputo.

O Sequestro do Voo 375” é um filme longa metragem que relata o caso que poderia ter sido o 11 de setembro brasileiro. Em 1988, o trabalhador Nonato (Jorge Paz) se rebela contra o presidente Sarney e as dificuldades de um país em crise e orquestra o sequestro de um voo comercial para um atentado ao Palácio do Planalto. Murilo (Danilo Grangheia), o piloto desse avião, se vê responsável pela vida de mais de 100 pessoas a bordo e mesmo com toda tensão criada pelo sequestrador dentro da aeronave, após matar o seu amigo e copiloto Salvador Evangelista (César Melo) executa as manobras mais impressionantes da sua carreira e muda a história da aviação.

Gravado em várias locações, principalmente no icônico estúdio Vera Cruz, o longa contou com uma robusta estrutura de filmagens, sendo fiel aos detalhes da época, especialmente na recriação do Boeing. “O Sequestro do Voo 375” é um filme do Estúdio Escarlate, dirigido por Marcus Baldini e produzido por Joana Henning, tendo como coprodutor o próprio pesquisador Constâncio Viana. A coprodução é da Star Original Productions e LTC Produções. A distribuição pela Star Distribution, ambos selos da The Walt Disney Company voltados para filmes nacionais. Uma grande aposta do cinema nacional, que mostra o verdadeiro potencial da indústria nacional de cinema. Você precisa acreditar.

Repórter Brasília, Edgar Lisboa

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