Dependência da China preocupa

Exportação para China (Crédito: Agência de Notícias da Indústria)

O Brasil bate recorde de exportações, mas a dependência da China aumenta. No ano passado, a China foi destino para 30,7% do total de produtos embarcados pelo Brasil; há dez anos esse percentual não passava de 20%. A sucessão de recordes na balança comercial que vem sendo celebrada pelo governo desvia as atenções da dificuldade do Brasil de diversificar o comércio exterior com o resto do mundo. Para chegar à marca histórica de US$ 339,7 bilhões exportados em 2023, o Brasil contou com a China e seu inesgotável apetite por commodities.

Fortalecer o Mercosul

O deputado Heitor Schuch (PSB/RS) vê com muita preocupação essa dependência da China. “É como diz aquele ditado, não se pode colocar todos os ovos numa cesta só”. O parlamentar tem defendido que seja reforçado o mercado comum do Mercosul, “tem que fortalecer esse mercado”. Na verdade, admitiu o congressista, “nós compramos muita coisa dos nossos vizinhos daqui. Acho que quando a gente não consegue estabelecer um comércio forte com os vizinhos, querer atravessar o oceano para chegar lá do outro lado, a qualquer movimento geopolítico, a gente fica numa grande dependência”, alertou.

Avançar na industrialização

Heitor Schuch

Na opinião de Heitor Schuch, “um país que é grande produtor de commodities tem que alcançar seus mercados, ao mesmo tempo que temos que avançar rapidamente na industrialização de muitos desses produtos”. Ele argumenta, que “em vez de nós vendermos a soja, o milho, para engordar o porco chinês, temos que pensar em vender a ração para eles. Tem que dar uma trabalhada nisso, e assim como outros países também, para que a gente possa ter mais de movimentação interna de produtos.”

Biodiesel vai auxiliar

No entendimento do deputado, “essa questão do biodiesel, que vai aumentar o consumo agora, vai ser muito bom para os produtores de soja, de um modo geral. Claro que nem todos vão vender para fazer biodiesel, mas isso vai aumentar a vazão do produto, vai ser bom para a indústria, vai ser bom para quem compra insumos para seus plantéis de aves, suínos e outros, inclusive, para uma alimentação que hoje está em alta, que é alimentação para cães e gatos.”

Tudo dependerá do clima

Para Heitor Schuch, a expectativa do produtor para 2024 dependerá muito do clima. “No Rio Grande do Sul, a safra do trigo ficou quebrada por causa do excesso de chuva, perdemos qualidade. O milho do cedo, nós vamos colher uma safra menor, porque na época da floração, não tinha sol e as espigas até são bonitas, mas faltam grãos. A soja, nós plantamos praticamente fora de época. Tem muita soja plantada no tarde”, acentuou o congressista.

A lavoura “está uma beleza”

“Olhando a lavoura, está uma beleza, mas isso dialoga diretamente com o clima 30 dias mais tarde, na época do plantio”, afirmou Schuch destacando: “nós vamos estar muito perto do inverno, e aí os dias são mais curtos, às vezes chuvosos; então não dá para dizer que nós vamos colher uma super safra”. Ele arremata acentuando. “Se o tempo correr bem, sim, mas vai depender muito do clima, porque nós plantamos muito tarde”, reforçou o parlamentar.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

 

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