Trump assombra investidores, consumidores e até especuladores com tarifaços

Por Ivanir José Bortot

Donald Trump

A incerteza sobre os rumos da economia mundial, com o tarifaço do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assombra os investidores, os cidadãos consumidores e até mesmo os especuladores.

Trump mudou as relações de trocas de produtos e serviços entre os Países e os Estados Unidos. Com isso, jogou por terra os instrumentos de política monetária de todas as nações, onde seus bancos centrais estão diante de um dilema: elevam taxas de juros para combater a inflação provocadas pelos aumentos das tarifas, ou reduzem os juros para estimular a economia diante do processo de recessão que vem aí.

Isso tudo, sem falar das consequências da política cambial, cujo preço da moeda de cada País e formado no jogo de mercado, onde   saldo de reservas internacionais e situação de endividamento fiscal contam muito.   Aqui é preciso lembrar que o Tesouro Americano é o mais endividado do mundo e a China maior credor dos Estados Unidos.

O próprio FED, Banco Central dos Estados Unidos, que tem independência em relação ao governo Trump, ainda não sabe que política monetária vai seguir.

Os efeitos inflacionários e de desaquecimento da economia hoje andarão lado a lado.  Poderá seguir para um lado ou outro dependendo da decisão no comando da política monetária e fiscal.

O Banco Central da Comunidade Econômica Europeia (BCE) reduziu suas taxas de juros em 0,25% indicando preocupação com a recessão. Nos Estados Unidos a tendência é de redução de juros nos próximos meses, mas pode ocorrer o inverso dependendo da intensidade de aumentos dos preços internos.

No Brasil, os juros continuam subindo. A dosagem das taxas é que está em aberto para enfrentamento da inflação, uma vez que os esforços contracionistas da política monetária do Banco Central são neutralizados, em parte, pela política de expansão fiscal do governo federal. Ou seja: quando mais dinheiro sem lastro e injetado pelo governo na economia, menor o efeito contracionista dos juros sobre o consumo. A política fiscal e monetária no Brasil é como um motorista que conduz o carro com um pé no pedal dos freios e outro no acelerador. O Banco Central precisa subir juros para contrair a economia e combater o aumento dos preços, enquanto o governo Lula busca todos os atalhos imagináveis para elevar o gasto público a fim de acelerar o crescimento da economia em buscar apoio popular. A LDO, que estabelece o orçamento de 2026, aponta um desiquilíbrio de R$ 118 bilhões de receitas para cobrir as despesas. O dinheiro poderá vir com aumento de novos impostos ou emissão de moeda lastreada na dívida pública.

Mantidas as condições atuais de injeção desmedida de recursos públicos na economia, não haverá vencedores entre Banco Central e governo Lula, uma vez que um atrapalha o objetivo do outro. O certo é que o endividamento público que já anda equivalente a 79% do Produto Interno Bruto (PIB), “é coisa nunca antes vista no Brasil”, consequência do desequilíbrio fiscal.  O pior é que País não consegue crescer e gerar renda, ao ponto de o Tesouro Nacional ser obrigado a liberar apenas com o bolsa família R$ 168 bilhões anuais para alimentar a população pobre, sem falar em outros programas assistenciais.

O que fica claro neste processo de integração da economia com as cadeias de produção global é que os preços dos produtos cada vez mais são referenciados em dólar. Hoje os alimentos que produzimos no Brasil ou importamos seguem esta referência. Como o real corroído pela inflação, seu poder de compra ficou enfraquecido nas gôndolas dos supermercados ou na relação de troca com dólar. Quando foi adotado o plano real no governo de Itamar Franco, a paridade de troca de nossa moeda foi estabelecida de uma paridade de um real para um dólar, devido a um engenhoso mecanismo de desindexação dos preços da economia e um forte ajuste fiscal nas contas públicas. Ou seja RS 1,00 valia o equivalente a U$ 1,00. Ao longo dos últimos anos acabamos ficando em desvantagem nesta relação de troca por negligencia na área fiscal, inflação e falta de um projeto de desenvolvimento econômico competitivo com os parceiros comerciais mundo a fora.

Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa/ Por Ivanir José Bortot

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