
O líder da Oposição no Congresso e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, deputado Luciano Zucco (PL/RS), afirma que encerra o ano com a sensação de “enormes entregas” no Parlamento, mas com a convicção de que “agora é hora de olhar para o Rio Grande”. Entre ataques ao governo Lula, defesa da anistia e críticas à atuação do STF, Zucco sustenta que construiu musculatura política para disputar o Palácio Piratini. “Tive meu papel como líder. Agora, o foco é priorizar o Rio Grande”, disse ao Repórter Brasília.
Balanço da liderança da oposição
Zucco afirma que “a oposição teve um papel muito importante de transparência”, citando ações como o fim da licitação do arroz asiático, a suspensão do contrato da Secom, articulações ligadas à FPA, ao agro, ao MST, à segurança no campo e à segurança jurídica.
Ele destaca ainda a tentativa de abrir uma CPMI da COP30, acusando irregularidades envolvendo a OEI: “uma ONG espanhola que é um absurdo, que subcontrata empresas brasileiras. Temos mais de 150 assinaturas, mas o TCU, nas mãos do ministro Bruno Dantas, não avança nas denúncias”.
Segundo ele, a liderança demandou “pautas pesadíssimas”, como a inclusão de Guilherme Derrite como relator do projeto de segurança do governo, a CPMI do INSS e a pauta da anistia. “Absorvi muito. Entre acertos e erros, acertamos muito mais”.
Construção política no RS
No plano estadual, Zucco confirma articulação com Republicanos, Podemos e Progressistas. Sobre uma possível vice, a deputada Silvana Covatti, afirma: “é um grande nome, com credibilidade e história no Rio Grande. Seria uma composição muito positiva, mas aguardamos a indicação do partido”.
Ele reforça que sua visibilidade nacional como líder abriu portas: “tem cara com sete, oito mandatos que não tem a porta aberta que a gente tem”.
“Organizei a liderança”
Zucco afirma ter base sólida dentro da oposição. “Eu tenho todos os deputados do meu lado. Já pediram para eu não sair da liderança. O Zucco organizou a liderança”.
Ao mesmo tempo, reconhece o desgaste natural: “política é arte de administrar egos. Abri mão de relatorias, de espaço, mas sempre haverá críticas”.
Pauta da Anistia e futuro da liderança
O deputado admite que a anistia “não será fácil”, mas insiste que ela é “mais necessária do que imaginam”. Segundo ele, há presos “que nunca passaram perto de uma delegacia” e que hoje cumprem penas de 14 a 15 anos por participação no 8 de janeiro.
Zucco diz que, se a pauta não andar este ano, deixará a liderança de forma discreta, passando o bastão para Cabo Gilberto, que tenta construir apoio.
Críticas diretas ao governo Lula
Em tom duro, Zucco afirma que o governo “não está preocupado em desenvolver o país”. Ele acrescenta: “o governo Lula quer manter pessoas reféns eleitoralmente. 50% dos brasileiros dependem de programas sociais. Isso não é pensar no bem da população, é estratégia eleitoreira”, disse.
Sobre a relação governo–Congresso: “os princípios não movem mais ninguém. É interesse pessoal. Hugo e Davi eram governistas até Lula não atender o anseio da indicação. Hoje são oposição”.
Poder excessivo do STF
Zucco acusa uma “intromissão” do Supremo: “hoje há um superpoder. O ministro do STF manda mais que o presidente da República”. Ele cita seu PDL do IOF, aprovado por 387 deputados e todo o Senado, “invalidado por uma canetada de Alexandre de Moraes”.
Reforma Tributária e Segurança Pública
Para Zucco, o projeto relatado por Guilherme Derrite “foi avanço, mas ainda incompleto por não tipificar organizações criminosas como terrorismo”.
Já a reforma tributária “não é clara, tem arestas enormes” e deixa dúvidas até entre especialistas.
Rota para o Piratini: Segurança é a prioridade absoluta
Ao falar do Rio Grande do Sul, Zucco destaca a indicação do atual secretário de Segurança de Porto Alegre, coronel Alexandre Aragon, “oficial qualificado do PL”, responsável pela implantação de monitoramento e redução de roubos.
Mas critica o governo estadual: “eles maquiam números. Melhorias existem, mas falta muito. Feminicídio, por exemplo, exige atenção urgente”.
Se eleito, promete foco no sistema prisional, endurecimento das penas, valorização das forças de segurança e fortalecimento das guardas municipais:
“O guarda municipal nasce e morre no bairro. É papel social e preventivo”.
Tecnologia, IA e vigilância
Zucco enfatiza que é autor da lei estadual do reconhecimento facial e garante que o tema será prioridade: “Sou autor da lei que permite identificação de desaparecidos, de foragidos e placas de carros. Vou trabalhar muito nisso”.
Bolsonaro, 2026 e alianças nacionais
Zucco diz que a presença de Bolsonaro no palanque “fortalece qualquer situação” e afirma nutrir esperança na libertação do ex-presidente:
“É difícil, mas quem sabe o STF pare de fazer política e volte a fazer justiça”.
Seu alinhamento com Bolsonaro, diz ele, já está consolidado: “Nada substitui o capitão em cima do caminhão, mas o PL terá um grupo forte no RS”.
Sobre Eduardo Bolsonaro: “É outro injustiçado. Se pisar no Brasil, seria preso. Ele mostra ao mundo os abusos cometidos aqui”.
Venezuela, EUA e a política externa
Zucco afirma que não vê risco imediato de reflexos militares no Brasil, mas critica a diplomacia do governo: “há um distanciamento enorme dos Estados Unidos. Isso é muito ruim pra nós”.
Frustração com a bancada gaúcha
O deputado lamenta a postura de parlamentares de esquerda do Rio Grande do Sul na votação da securitização e da suspensão da dívida: “abandonaram os gaúchos. O Rio Grande do Sul chorando após as enchentes, e eles votaram contra. Somos celeiro do mundo e ainda assim recebemos apenas R$19 de cada R$100 que mandamos”.
Encerramento: “Entregamos muito”
Zucco encerra afirmando que seu grupo deixa “saldo muito positivo”, apesar de agendas que não avançaram.
Para 2026, reforça a visão de que o Brasil “caminha para uma das maiores crises econômicas da história” sob o governo Lula, e promete continuar atuando na oposição.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa