O legado esquecido de Tim Lopes

Osmar Terra (Crédito: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

O assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002, foi um divisor de águas na história da violência urbana brasileira. Capturado enquanto investigava o tráfico e a prostituição em bailes funk no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Tim foi torturado e queimado vivo por ordem de Elias Maluco, um dos chefes do Comando Vermelho. O crime chocou o país, revelou o domínio das facções sobre os morros cariocas, e expôs a impotência do Estado diante da brutalidade das organizações criminosas.

A voz indignada de Osmar Terra

O deputado federal Osmar Terra (PL/RS) relembra o episódio com indignação, diante das recentes operações policiais nos complexos da Penha e do Alemão. “O assassinato brutal do jornalista Tim Lopes, queimado vivo por ordem do líder do CV, marcou a ascensão da facção narcoterrorista que hoje controla o tráfico de drogas no Rio. Na época, a grande mídia ficou indignada e exigiu ação mais dura. Hoje já esqueceu, e passa pano”, lamenta o parlamentar.

Um crime que não pode cair no esquecimento

Tim Lopes era gaúcho de Pelotas, nascido em 18 de novembro de 1950. Sua coragem em denunciar os abusos das facções custou-lhe a vida, e deveria ter servido de alerta permanente para o País. No entanto, mais de duas décadas depois, as mesmas comunidades continuam reféns do tráfico, e a comoção nacional se diluiu no esquecimento conveniente de parte da opinião pública.

Memória e responsabilidade

Como ressalta Osmar Terra, “o Brasil parece ter perdido a capacidade de indignar-se de forma duradoura. O episódio que deveria ter marcado um ponto de virada na segurança pública e na defesa da liberdade de imprensa, acabou reduzido a uma lembrança distante. Não podemos aceitar a naturalização da barbárie”, alerta implicitamente o deputado.

Grito de resistência

Relembrar Tim Lopes é mais do que prestar homenagem, é exigir que a sociedade e o Estado não voltem a fechar os olhos diante da violência que ele ousou expor. A memória de seu sacrifício deve permanecer viva, como um grito de resistência contra a covardia, o silêncio e a impunidade.

Integração e financiamento

Andrei Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal

Durante audiência da comissão especial que discute a PEC da Segurança Pública, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, defendeu com firmeza a proposta do governo que prevê articulação entre as forças de segurança e os entes federados. Para ele, a integração é

“fundamental para o enfrentamento eficaz do crime organizado”, que hoje atua de forma interestadual e até transnacional.

Resistência e disputa política

O ponto enfrenta resistência da oposição e de governadores, que veem na proposta uma suposta interferência da União na autonomia dos Estados. Andrei rebateu: “Não se trata de interferência, mas de cooperação. O crime não respeita fronteiras; o Estado brasileiro precisa atuar como um só”.

Orçamento constitucional para a segurança

Outro ponto enfatizado foi o financiamento permanenteHoje, apenas educação e saúde têm garantias constitucionais de recursos. “Todos os anos, a segurança pública precisa lutar para obter orçamento. É insustentável manter o combate ao crime dessa forma”, alertou.

Contexto e urgência

A discussão ocorreu em meio à repercussão da megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 100 mortes. A PF defende que a PEC trará base legal para políticas coordenadas e sustentáveis de segurança pública em todo o país.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa