Nogueira alerta para a democracia e economia

Ronaldo Nogueira (Crédito: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

O deputado Ronaldo Nogueira (Republicanos/RS) manifestou preocupação com a decisão judicial que restringiu a liberdade do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não se trata de colocar alguém acima da lei, mas de reconhecer que ações enérgicas contra líderes políticos, ainda com processos em curso, podem gerar instabilidade social”, alertou. Segundo ele, o Brasil precisa de equilíbrio e independência entre os poderes. “Ninguém deve estar acima da lei, mas tampouco pode ser atropelado por ela.”

O Brasil precisa de equilíbrio

A advertência de Nogueira é oportuna. Em tempos de tensões políticas e judiciais, o país exige serenidade institucional. “Ninguém está acima da lei, mas tampouco pode ser atropelado por ela”, afirma. A democracia não se fortalece com confrontos entre os poderes, mas com o respeito às suas competências.

Exportações em queda livre

Enquanto o ambiente político ferve, os efeitos econômicos do tarifaço anunciado por Donald Trump já se fazem sentir. A carne bovina brasileira, que bateu recorde em abril, registrou queda de 42% nas exportações em maio e, em julho, o recuo chegou a 61%. Se as novas tarifas forem aplicadas em 1º de agosto, a alíquota efetiva pode superar 76%. O setor produtivo está em alerta.

Um caso fora da curva

Claudio Frischtak (Crédito: Divulgação/FGV)

O economista Claudio Frischtak, fundador da Inter.B Consultoria e ex-Banco Mundial, vê o Brasil numa situação singular. “Somos o único país atingido com tarifa de 50%, e ainda há uma dimensão política explícita”, afirma. A tentativa de vincular o futuro jurídico de Bolsonaro a vantagens comerciais rompe com padrões tradicionais de negociação.

Negociação impossível no prazo

Na visão de Frischtak, é ilusório esperar um acordo até 1º de agosto. “As negociações comerciais são complexas. Nenhum país conseguiu costurar acordos em tão pouco tempo. O que Trump busca é um anúncio impactante para suas redes sociais”, avalia. A retórica política, mais do que os resultados econômicos, parece ser o objetivo.

Adiar tarifas é essencial

Frischtak defende que o Brasil concentre esforços para adiar a entrada em vigor da tarifa por 60 a 90 dias. “Esse prazo abriria espaço para diálogo técnico e evitaria prejuízos imediatos”. O economista apoia a criação de linhas de crédito emergenciais, como sugerido por Fernando Haddad, e reforça a necessidade de ajuste fiscal para dar respaldo a medidas anticrise.

Exportadores sob pressão

A recomendação é clara: os setores afetados devem se reorganizar. Parte buscará novos mercados — Canadá, Europa, Ásia — ou retorno ao mercado interno. Mas nem todos têm essa flexibilidade. “No caso da Embraer, por exemplo, é quase impossível redirecionar aviões executivos no curto prazo. É preciso negociar exceções tarifárias urgentes”, pontua Frischtak.

Impactos nos EUA também

As perdas não se restringem ao Brasil. A General Motors já estima prejuízo de até US$ 5 bilhões com as novas tarifas. Produtos tradicionais importados do Brasil, como suco de laranja e café, terão alta nos preços. “Isso pode gerar inflação e insatisfação política nos EUA, justamente em ano pré-eleitoral”, destaca o economista. “Tarifas não são populares entre os americanos.”

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *