EuroLat inaugura XVI sessão plenária em Lima com um chamado a unidade política e a cooperação entre continentes (Crédito: Portal Congreso de la República)
O deputado Heitor Schuch (PSB-RS) voltou bastante otimista da Reunião da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat) realizada em Lima, no Peru, onde representou o Brasil. O encontro, que reuniu de 1º a 3 de junho, parlamentares da União Europeia, do Parlasul, do ParlaAndino, do Parlatino e da América Central,promoveu debates sobre questões econômicas, políticas e sociais.
Futuro do setor agrícola
Segundo Schuch, um dos principais temas discutidos foi a crescente preocupação dos países europeus com o futuro do setor agrícola. “Na maioria dos países europeus — com exceção de alguns, como França, Polônia e Romênia, onde a situação é um pouco diferente — há uma grande apreensão sobre o envelhecimento dos agricultores. Hoje, a idade média dos produtores rurais na Europa é de 58 anos”.
Custos de produção
Outro ponto relevante apontado por Schuch é a elevação dos custos de produção agrícola no continente europeu. “Os preços dos insumos, especialmente os importados, subiram muito no último período, agravando a inflação do setor”, observou. Ele também mencionou o temor generalizado de que a guerra na Ucrânia se prolongue, com possíveis desdobramentos em outras regiões, o que, segundo ele, eleva ainda mais os custos e a insegurança no campo. “Produzir em tempos de guerra não é uma tarefa simples”, ressaltou.
Abastecimento alimentar
Heitor Schuch na Eurolat (Crédito: site do deputado)
De acordo com o deputado Heitor Schuch, há um movimento claro na Europa em busca de soluções para garantir o abastecimento alimentar. “Eles querem encontrar formas de comprar alimentos de qualidade a preços acessíveis e enxergam no Mercosul uma oportunidade”.
Política dos EUA preocupa
Apesar do consenso majoritário, Schuch ponderou que não há unanimidade entre os europeus. “A maioria dos parlamentares quer resolver essa questão para aumentar a disponibilidade de alimentos para suas populações. Mas também há resistências, especialmente em relação às políticas dos Estados Unidos e à incerteza sobre o futuro da Rússia sob o comando de Vladimir Putin, o que preocupa muito”, relatou.
Avaliação otimista
O deputado também compartilhou uma avaliação otimista sobre o avanço do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. “Ouvi do vice-presidente Geraldo Alckmin, no sábado, que há uma previsão de que o acordo seja sacramentado em dezembro”, revelou Schuch.
Postura resistente da França
Por fim, o congressista gaúcho destacou a postura da França, resistente ao acordo. Independentemente de Lula, ou de quem quer que seja tentar influenciar, isso não vai mudar. Se houver alguma mudança, será apenas em relação a anexos ou à inclusão de alguns produtos na lista de isenção, mas fora isso, não acredito”, concluiu.
Lula quer acordo em seis meses
O presidente Lula anunciou, em Paris, que assume nesta sexta-feira (6) a presidência rotativa do Mercosul e afirmou, com confiança, que pretende concluir, nos próximos seis meses, o aguardado acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia. Com bom humor e otimismo, Lula fez um apelo direto ao presidente francês, Emmanuel Macron, que não se sensibilizou com o pedido. Segundo ele, ainda não existe um nível adequado de regulamentação, e o acordo precisa ser aperfeiçoado, com cláusulas de salvaguarda e respeito aos interesses dos agricultores — do contrário, não será assinado.
“Abra seu coração,” diz Lula à Macron

“Assumi a presidência por seis meses e quero lhe dizer que não deixarei o comando do Mercosul sem concluir esse acordo com a União Europeia. Portanto, meu caro, abra seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul,” apelou Lula.
Agricultores franceses
Esse tratado, que está em negociação há mais de 20 anos, nunca chegou a ser assinado de fato. A França, atualmente, é uma das principais vozes contrárias, principalmente pela preocupação de agricultores franceses que temem prejuízos e consideram que o acordo não traz garantias suficientes para o setor.
Compromisso com o meio ambiente
Lula, por sua vez, reforçou seu compromisso com o meio ambiente, lembrando que é um dos líderes mais engajados do mundo nessa pauta e que o Brasil tem, inclusive, a “melhor ministra do meio ambiente do planeta”. Por isso, acredita que não há motivos para bloqueios, reiterando a defesa da assinatura do acordo.
Mesa de negociações
Em tom conciliador, Lula convidou Macron para uma mesa de negociações, se colocou à disposição para ir à França conversar pessoalmente com os agricultores e, de forma acolhedora, também abriu as portas do Brasil para recebê-los, na esperança de finalmente tirar esse acordo do papel.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa