O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, um dia após novas sanções dos EUA contra autoridades do Brasil. Sem citar nomes, condenou “os falsos patriotas e a anistia” e reafirmou que democracia e soberania são inegociáveis. Lula defendeu a internet regulada, denunciou a fome em Gaza como arma de guerra e pediu reforma no Conselho de Segurança. Seu tom foi firme, direto, buscando recolocar o Sul Global no centro das decisões.
Trump: Egocentrismo e Provocação
Na mesma tribuna, Donald Trump fez o oposto: exaltou feitos pessoais, atacou a ONU, e ridicularizou a agenda verde europeia. Misturou bravatas — como ter encerrado “sete guerras em sete meses” — com ameaças explícitas a cartéis de drogas. Chamou a ONU de criadora de problemas, e não de soluções, reforçando seu discurso nacionalista e isolacionista.
O Encontro e a “Química”
Apesar da retórica dura, Lula e Trump (foto) se esbarraram rapidamente nos bastidores. O republicano, entre elogios à própria trajetória, disse ter sentido uma “química excelente” com o brasileiro, a quem chamou de “cara agradável”. O episódio revela a ambivalência da política internacional: choques públicos de discursos que não impedem, nos bastidores, acenos de aproximação pragmática. Está sendo agendado para a próxima semana, um encontro entre Donald Trump e Lula.
Entre o Rei e a Democracia
O deputado Heitor Schuch (PSB;RS) avaliou os discursos de Lula e Donald Trump na ONU e fez uma leitura crítica do momento político. Para ele, a postura de líderes que se colocam como “o cara, o rei, o imperador” enfraquece instituições e não contribui para o futuro das nações. “Trump falou muito, mas metade do tempo atacou o próprio governo anterior dos EUA. Parece quem não tem projeto de futuro e fica olhando para o retrovisor”, ironizou.
O recado das ruas
No Brasil, Schuch entende que as manifestações recentes foram um divisor de águas: a sociedade rejeitou privilégios, a blindagem parlamentar e o voto secreto. “O povo já deixou claro que não aceita dois tipos de brasileiros: os que ficam acima da lei e os cidadãos comuns”, disse. Para ele, deputados e senadores entenderam que esconder voto não cabe mais.
Agenda de desenvolvimento
Schuch defendeu que o Congresso deve voltar-se para projetos de crescimento e futuro, superando a polarização que reduz o debate a um jogo de “A contra B, esquerda contra direita”. “O país precisa discutir desenvolvimento, não alimentar brigas que não levam a lugar nenhum”, concluiu.
Estimula a violência
Para o deputado Bohn Gass, do PT gaúcho, a chamada PEC das prerrogativas blinda os parlamentares e legitima a impunidade, enfraquecendo o combate aos crimes e estimulando a violência e o ódio na sociedade
Proposta de anistia
A proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, também é rejeitada pelo deputado Bohn Gass. O congressista afirma que “perdoar esses crimes significa trair a democracia e abrir espaço para novas ameaças ao Estado de direito”.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa