Carlos Alberto Di Franco e Marcelo Rech (Crédito: Portal dos Jornalistas e ANJ/Divulgação)
Os jornalistas têm a responsabilidade de informar e orientar o público com conteúdos precisos e éticos, o que torna seu papel fundamental para que a população tenha uma visão clara das propostas, valores e interesse dos candidatos. Para avaliar a atuação da imprensa, na cobertura das eleições municipais, conversei com o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), jornalista Marcelo Rech, recém-eleito para mais um mandato à frente da entidade que congrega os maiores jornais do País. Falei também com o jornalista e professor de Ética, Carlos Alberto Di Franco que fez uma análise do trabalho da imprensa, nas eleições.
Esclarecimento do eleitor
Para o presidente da ANJ, Marcelo Rech “a imprensa mostrou como é imprescindível, sobretudo neste universo de desinformação, de redes sociais”. Segundo o executivo de comunicação, “a imprensa tem desenvolvido, um papel fundamental, no esclarecimento do eleitor, desde o ponto de vista do serviço, que é uma coisa bem básica, como votar, etc, até a comparação de propostas, a exposição das biografias, os debates, as incontáveis entrevistas”.
Imprensa cumpriu com louvor seu papel
Na visão de Marcelo Rech, “de uma forma geral, a imprensa cumpriu com louvor seu papel, mais uma vez, e aparentemente, como era uma campanha menos radicalizada, não menos ideologizada, ela não se tornou alvo de nenhum candidato, de uma maneira sistemática, pelo menos não se tornou um assunto”, acentuou.
Jornalismo de qualidade
O trabalho jornalístico, “é uma operação complexa, custosa. Não se faz jornalismo de qualidade sem investimento. É repórter, é apresentador, é comentarista, é presente em várias circunstâncias, é uma estrada, é pé no chão, enfim, isso tudo tem um custo realmente, bastante alto e é por isso que a gente defende novos modelos de sustentabilidade da imprensa”, acentuou o presidente da Associação Nacional de Jornais.
Sem ataques radicalizados
No entendimento do presidente da ANJ, “a imprensa pode ter sido alvo aqui, ali, em algumas capitais, algumas cidades, mas de uma forma geral, ela, até pela característica municipal da eleição ela não foi, digamos assim, um elemento constante que nós estamos acostumados, na imprensa, a gente sofreia ataques à esquerda e à direita ao longo das décadas, sobretudo, em ambientes mais radicalizados. Não é o caso agora dessa eleição”, avaliou.
Mostrando os candidatos
“ A imprensa cumpriu bem o seu papel, porque ela denunciou os absurdos que estavam sendo mostrados, seja fake news, ou não mas ajudou, esclarecer o eleitor de quem era quem. O papel da imprensa é comparar as biografias, as propostas, mas também de mostrar quem são os candidatos, mostrar a biografia deles”, afirmou Macelo Rech.
Trabalho jornalístico
Enfim, assinalou Marcelo Rech, ” isso aí eventualmente envolve denúncias, envolve investigação, envolve apuração, seu trabalho jornalístico, não é um trabalho de assessoria de comunicação”.
Mídia um pouco enviesada
O professor Carlos Alberto Di Franco, disse ao Repórter Brasília, que a cobertura da mídia foi melhor. A minha visão é que a mídia tradicional estava um pouco enviesada, eu acho. E ao estar um pouco enviesada, quer dizer, a mídia deixou o que é essencial no nosso trabalho é a informação factual”.
Comprando narrativas
“A mídia foi comprando narrativas em vários campos e muito mais uma vítima do que uma responsável, ela foi vítima da polarização terrível que o Brasil viveu, quer dizer que ficou, isso começa com o governo Lula e depois do outro lado você troca o sinal, vem o Bolsonaro e a mesma coisa, quer dizer, um país onde não há diálogo, tudo é conflitivo”, avaliou o professor de ética.
Perdeu a credibilidade
De alguma maneira, segundo o professor Carlos Alberto Di Franco “a mídia lá atrás, ela comprou um pouco isso e perdeu credibilidade de uma maneira chamativa, quer dizer, isso eu percebia, digamos, estou muito envolvido em conselho de várias empresas de comunicação, você sentia o impacto de uma perda de respeitabilidade”, pontuou.
Recuperada na eleição municipal
Na eleição municipal, de acordo com o professor, “ de alguma maneira, a mídia deu uma recuperada. Acho que adotou uma postura muito mais de olhar os fatos e fazer uma cobertura um pouco mais isenta”.
Mudança de cenário
Em relação à eleição em si, Carlos Alberto Di Franco acha que” houve uma lavada impressionante no PT, quer dizer, há uma mudança clara no cenário do país, quer dizer, o país está deixando de lado essa esquerda mais extrema e está adotando uma postura mais conservadora, liberal, mais conservadora nos valores. Isso para mim está claríssimo”.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa