Governo Prepara pacote sobre as “bets”

Lula (Crédito: Ricardo Stuckert, PR)

A repercussão aumenta, a cada dia, e o presidente Lula se viu obrigado a entrar em cena na polêmica definição sobre as “bets”. Ele vai interferir diretamente no tema. A expectativa é que esta semana o governo anuncia um pacote, com restrições às “bets”, focando em saúde mental dos apostadores e na restrição de propaganda das casas de apostas online. No Congresso as posições se dividem. O senador Eduardo Girão (Novo/CE) intensifica sua campanha contra. Já o deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS) é a favor de todos os jogos, com restrições às “bets”.

Ajustes finais

O Ministério da Fazenda está trabalhando nos ajustes finais que estão sendo concluídos com o auxílio também dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social.

“Bets” no Supremo

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), convocou para o dia 11 de novembro uma audiência pública para discutir a lei que regulamenta as apostas online. O debate se dá no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), apresentada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Transtornos causados

A CNC aponta uma série de transtornos causados a partir da edição da lei, como o aumento do endividamento das famílias e impactos nas esferas econômica, social e de saúde pública, afetando principalmente as classes sociais mais vulneráveis.

Brasileiros inadimplentes

Mais de 1 milhão e 300 mil brasileiros ficaram inadimplentes no primeiro semestre de 2024 em razão de apostas online, argumenta a Confederação Nacional do Comércio.

Legalização dos Jogos

Pompeo de Mattos (Crédito: Mário Agra, Câmara dos Deputados)

O deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS) disse à coluna Repórter Brasília que tem como princípio, de ser sempre a favor da legalização, “porque legalizado, ele tem transparência, tem segurança, tem fiscalização, naturalmente tem cobrança de impostos, ou seja, o estado acaba arrecadando, tudo que é legal é muito melhor”.

Jogo do Bicho, bingo e cassinos

Esse é o princípio, é por isso que eu sou a favor da legalização do jogo do bicho, cujo o projeto é meu, sou a favor da legalização dos bingos, sou a favor da legalização dos cassinos”, afirmou Pompeo de Mattos.

Projeto de legalização

Para o parlamentar, “o que é um absurdo, é nós por todos esses longos anos, eu tenho um projeto da legalização do jogo do bicho desde 1999, 25 anos, e não conseguimos legalizar até hoje. A mesma coisa os bingos, que é fácil, e os cassinos que é um pouco mais difícil, mas não é impossível”.

Suscetíveis à fraudes e falcatruas

No entanto, acentuou Pompeo de Mattos, “esses três tipos de jogos nós não conseguimos legalizar, e estão legalizando os jogos chamados “bets”, que são jogos on-line, que são suscetíveis a todo tipo de fraude, falcatrua, de descontrole, de endividamento”, avalia Pompeo de Mattos.

Sem controle

O congressista aponta que “menores jogam, não tem controle de quem pode jogar, porque ele é on-line, e tu nem tem controle sobre o resultado, que via de regra, os sites estão em outros países”.

Protocolos fora do Brasil

Pompeo de Mattos chama atenção para o fato de que” os sites estão com os seus protocolos em outros países, é um verdadeiro caça-níquel, que leva o dinheiro do Brasil, enquanto que o jogo do bicho é um jogo presencial, de fácil controle, o bingo é um jogo presencial de fácil controle, embora seja eletrônico também”. O deputado destaca que “o cassino também é um jogo presencial embora eletrônico, de fácil controle.

Bicho, bingo e cassinos

O deputado destaca que “o cassino também é um jogo presencial embora eletrônico, de fácil controle, cobrança de impostos, fiscalização, segurança, tudo isso”, acentua Pompeo de Mattos, acrescentando: “É lamentável que em todos esses anos não conseguimos legalizar aquilo que é óbvio, que é o bicho, o bingo e os cassinos. Agora vão legalizar algo que jamais vai ser controlado, que são esses “bets”, que virou uma pandemia, e quando não, um golpe, esse é o nome”.

Inaugurar o “vergonhódromo” 

Na opinião de Pompeo de Mattos, “nós temos que inaugurar para a câmara dos deputados, para o Congresso Nacional, para o governo federal, um vergonhódromo, para medir o tamanho da vergonha que o Brasil está passando, para o sistema de jogos do mundo”.

Preconceito das igrejas

Para o parlamentar, querem legalizar o sistema on-line, internet, cujo controle não tem, cuja a fiscalização não consegue fazer, e cuja receita você não consegue arrecadar, e deixa de legalizar algo que é simples, que é óbvio, a pretexto de religião, a pretexto da questão das igrejas, por puro preconceito, e no entanto, vai legalizar aquilo que é o pior do sistema, que são os jogos on-line”.

“Hecha la lei, hecha la trampa”

Ilustração, Edgar Lisboa com recursos de Inteligência Artificial

Na visão de Pompeo de Mattos, “não tem sistema pior, do que os jogos onlines, os chamados “bets”. Essa é minha posição, eu tenho muita contrariedade contra a legalização dos “bets”, embora repito, não sou contra legalizar nenhum sistema de jogo, mas esses para mim, é como diz o Castelhano “hecha la ley hecha la trampa” (armadilha), tu cria uma lei para eles, para legalizar os “bets”, e eles criam uma trampa, e vão enganar, lograr, mentir, endividar o brasileiro. O Brasil não vai cobrar imposto, eles vão manipular resultado, é toda uma situação que é difícil de acredita”r.

Medir a vergonha

Por isso, dispara o congressista, “a Câmara dos Deputados tinha que inaugurar o vergonhódromo, para medir a vergonha que é legalizar “bets” e não legalizar jogo do bicho, bingo e cassinos no Brasil”.

Cassinos de Las Vegas começam a chegar

Las Vegas, foto Ilustração.

De olho no jogo presencial Cassinos de Las Vegas abrem bets no Brasil. Caesars Palace e MGM Grand já investiram R$ 90 mi em sites de aposta no país

Cassinos de Las Vegas como MGM Grand e Caesars Palace estão próximos de obter uma licença para operar no setor de apostas online no Brasil. Além disso, o Hard Rock Cafe procura oportunidades para entrar no mercado nacional.

As multinacionais do jogo presencial abrem suas bets não só para lucrar com o jogo nos smartphones e computadores, mas também para experimentar a dinâmica do mercado brasileiro. Já estão de olho na chance de abrirem cassinos em pontos paradisíacos e buscam construir suas marcas no país.

Dirigentes dessas empresas dizem que o Brasil seguiu um processo inverso ao visto no resto do mundo: legalizou bets antes de ter o mercado de apostas presenciais organizado sob as regras do Estado.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

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