
Antônio Antunes foi preso pela PF na investigação que apura desvios na Previdência Social. Apesar da fala, membros da CPI se referiram a ele como ‘careca do INSS’. Diversos momentos de bate-boca entre parlamentares e o advogado do depoente, Cleber Loes. O deputado Paulo Pimenta pediu uma acareação de Antônio Camilo Antunes com o acusador Eli Cohen. que fez as acusações.
- Antônio Camilo Antunes, preso pela PF na investigação que apura desvios de pensões e aposentadorias pagas pela Previdência, afirmou à CPI que é ‘empreendedor nato’.
- Ele também disse que ‘careca do INSS’ é um personagem fictício, e que não tem ‘nenhuma relação’ com o poder público.
- Antunes é considerado pela PF como um dos articuladores do esquema que desviou bilhões de reais do INSS.
- Ele está detido na superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, desde o dia 12 de setembro.
- Apesar da fala dele, de que a alcunha “Careca do INSS” é ‘fantasiosa’, integrantes da CPI chamavam Antunes pelo apelido.

Careca do INSS se nega a responder perguntas do relator da CPI
Antônio Carlos Camilo Antunes, preso pela Polícia Federal na investigação que apura desvios de pensões e aposentadorias pagas pela Previdência Social, afirmou nesta quinta-feira (25) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS que é um “empreendedor nato”.
Ele também disse que “Careca do INSS” é um personagem fictício. O empresário declarou ainda não ter “nenhuma relação” com o poder público.
“Jamais fui esse personagem fictício, o chamado Careca do INSS. Rótulo criado pelo senhor Eli Cohen, que induziu pessoas de bem, veículos de comunicação respeitados, profissionais de imprensa e toda a sociedade a acreditar em uma narrativa fantasiosa, construída a partir de uma leitura superficial de-mails trocados entre duas entidades privadas”, disse Antunes.
“Sou Antônio Carlos Camilo Antunes, um empreendedor nato, um empresário que constituiu, ao longo de 47 anos de trabalho, uma trajetória marcada pela garra, pela resiliência, pela determinação de vencer na vida. Minha atuação sempre se deu no setor de prestação de serviços”, completou.
Pimenta pede acareação para esclarecer contradições em depoimentos
Habeas corpus e falta de compromisso com a verdade

O deputado Paulo Pimenta criticou a situação de testemunhas que chegam à CPI amparadas por habeas corpus, o que as dispensa de juramento e, portanto, da obrigação de falar a verdade. Para ele, isso gera desconfiança sobre a veracidade das declarações apresentadas.
Contradições entre advogado e acusado
Segundo Pimenta, o primeiro depoente foi o advogado autor das denúncias, enquanto o segundo, Antônio Carlos Camilo Antunes, é o principal acusado. Como ambos apresentaram versões totalmente opostas, o parlamentar solicitou a realização de uma acareação para confrontar os relatos. “Temos que saber quem está falando a verdade e quem está mentindo”, afirmou.
Início do esquema no governo Bolsonaro
O deputado destacou ainda que, ao ser questionado diversas vezes por parlamentares da oposição sobre quando o esquema começou, Antunes foi enfático em apontar o ano de 2019. Para Pimenta, isso comprova que a prática criminosa se consolidou durante o governo Bolsonaro, sustentada pela falta de fiscalização. “O depoimento deixou claro que esse esquema só foi possível porque houve facilitação e omissão do governo”. Na época, Bolsonaro”, acentuou Paulo Pimenta. Participaram ativamente também dos questionamentos ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes os deputados gaúchos: Lucas Redecker (PSDB) e Marcel Van Hattem (Novo).
Preso pela Polícia Federal no último dia 12, Antunes é apontado como facilitador do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas. Os investigadores afirmam que empresas ligadas a ele operaram como intermediárias financeiras de associações investigadas na fraude.
No depoimento desta quinta à CPI, o empresário negou que suas empresas tenham ligação com as fraudes na Previdência. Segundo ele, os negócios apenas prestavam serviços às associações investigadas por descontos irregulares em aposentadorias e pensões.
“Toda minha prosperidade é fruto de trabalho honesto e dedicado. Nunca possui patrimônio oriundo de roubo ou de qualquer prática ilícita. Tampouco ocultei bens no Brasil ou no exterior”, disse o empresário, que também negou qualquer relação com INSS.
Apesar da fala dele, de que a alcunha é “fantasiosa”, integrantes da CPI seguiram chamando Antunes pelo apelido — entre eles, o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
“Falo olhando no olho de cada um de vocês com todo respeito e seriedade: Não sou, nunca fui e nunca serei jamais esse Careca do INSS que estão falando”, reiterou Antunes.
Empresário se nega a responder relator, e sessão é suspensa
Careca do INSS é ouvido na CPI — Foto: Reprodução
Antônio Carlos Camilo Antunes se recusou a responder perguntas formuladas pelo relator da CPI. Antunes permaneceu em silêncio ao longo de todas as intervenções feitas por Gaspar.
O empresário afirmou que, em depoimentos anteriores colhidos pela CPI, o relator “já condenou e me julgou sem me ouvir”.
Alfredo Gaspar iniciou a fase de perguntas com uma provação a Antunes, afirmando que a comissão estava “diante do autor do maior roubo aos aposentados”.
A fala de Gaspar levou a uma reação do advogado do “Careca do INSS”, Cleber Lopes, que foi rebatido pelo deputado Zé Trovão (PL-SC). Os ânimos ficaram exaltados, e o vice-presidente da CPI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), precisou suspender por alguns minutos a sessão.
O depoimento do “Careca do INSS” era o mais aguardado pelos membros da CPI. Ele foi um dos primeiros convocados a depor pelo colegiado.
Ao abrir a oitiva, Antônio Carlos Camilo Antunes afirmou que o “Careca do INSS” era um personagem, que não refletia quem ele era.
No depoimento desta quinta, Antunes terá o direito a ficar em silêncio e não responder perguntas para evitar autoincriminação.
Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa com g1 e TV Senado