Eleições municipais na visão do senador Hamilton Mourão

Aumento das abstenções e desempenho dos partidos

Hamilton Mourão (Crédito: Romério Cunha/Divulgação)

O senador Hamilton Mourão (Republicanos/RS) fez para o Repórter Brasília, uma avaliação sobre as eleições municipais. Ele afirmou que, “já de algum tempo, que nós temos contado nas últimas eleições, o grande número de abstenções. A média no Brasil foi de 20%, destoou da média de Porto Alegre, que foi de 30%”.

Ausência do eleitor

Eleições Municipais com abstenção de 30%, em Porto Alegre. Chuvas também prejudicaram deslocamentos das pessoas (Edgar Lisboa com recursos da Inteligência Artificial)

Para o senador gaúcho, vários fatores podem ter resultado nesta ausência do eleitor nas urnas. “Não sabemos se isso está ligada ao problema das enchentes, que muita gente saiu da cidade, o preço das passagens, ou muita gente se desiludiu com o poder público”, comentou Mourão.

Cisma da Imprensa

Na visão do senador republicano, “de uma maneira geral, a direita venceu, não é questão do centro, a grande imprensa tem tentado sempre colocar que é o centro, porque parece que ela tem a cisma em reconhecer o avanço da direita no Brasil”.

Mais prefeitos e vereadores

Para Hamilton Mourão, “ficou muito retratado, que nessas eleições, os partidos de centro, centro-direita, direita, conquistaram uma quantidade de prefeitos e vereadores muito maior do que à esquerda”.

PT caiu no Rio Grande do Sul

“A esquerda vem encolhendo de uma maneira geral”, apontou Mourão.“O PT aumentou no país, mas no Rio Grande do Sul, caiu, e caiu bem”.

PSDB tem que se reinventar

No entendimento de Hamilton Mourão, “O PSDB é um partido que vai ter que se reinventar, porque desde os episódios de 2022 com o João Dória, aquela disputa de quem seria o candidato a presidente, o partido ali se quebrou ao meio, e muita gente foi embora”.

Só um senador do PSDB

Hoje aqui no Senado, argumentou Mourão, “você só tem um senador do PSDB, que é o Plinio Valério (PSDB/AM). É uma queda, o PSDB é um partido nascido em São Paulo, que era um filhote do MDB, criaram o PSDB tiveram seu ápice, e agora caiu”.

Polarização em São Paulo

Questionado sobre a polarização entre direita e esquerda, no segundo turno, Hamilton Mourão considera que “isso está muito centrado na eleição de São Paulo, porque na cidade de São Paulo, o candidato da esquerda é um personagem polêmico, que não tem nenhuma experiência administrativa, vem de um movimento de reivindicação, como o Movimento do Sem Teto, que era o berço da ação política dele, então isso vai ficar muito realçado aí”, avaliou o senador gaúcho, ex-vice-presidente da República.

Disputa em Porto Alegre

“No nosso caso, por exemplo, em Porto Alegre, o Sebastião Melo contra Maria do Rosário. A Maria do Rosário, tem uma rejeição muito grande, então acho que não foi uma escolha boa do PT, acho que não tinha também muita opção. Mesmo com as enchentes, o Sebastião Melo foi um dos prefeitos mais eficazes e eficientes que Porto Alegre já teve”, na opinião de Hamilton Mourão.

Mais liberdade para compor

Sobre o crescimento do PSD, nas eleições municipais, no país, Hamilton Mourão destaca o trabalho do presidente do partido, Gilberto Kassab. Ele é muito dinâmico e muito hábil. Eu acho que o Kassab é aquela história, ele é o presidente do partido, mas ele não tem cargo político, apesar de estar no secretariado do governador Tarcísio de Freitas, mas eu digo que ele tem mais liberdade para circular e para buscar, compor as alianças necessárias numa eleição. Acho que isso deu essa impulsão no PSD, e ele veio para isso”, acentuou.

Chances em São Paulo  

Indagado sobre as chances no candidato de Bolsonaro (Ricardo Nunes) e o candidato de Lula Guilherme Boulos), no segundo turno, em São Paulo, Mourão disse: “Eu vejo que matematicamente, se você olhar os votos que foram do Marçal e os votos do Nunes, o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é o Nunes venceu a eleição.

Tudo pode acontecer

Mas, é aquele velho ditado, eleição tudo pode acontecer, mas na minha visão, matematicamente o Nunes vence a eleição”, afirmou.

Animal das redes sociais

Avaliando o estilo de Pablo Marçal, fazer política, o senador gaúcho acentuou que não vê o Marçal não como político. Disse que “Marçal é um animal das redes sociais, que se firmou nessa tática dele do confronto, e de buscar derrubar o oponente, instigando o cara a ter uma reação fora das proporções que você considera civilizada”.

Marçal leva a pessoa a sair do limite

Hamilton Mourão comentou o episódio com o José Luiz Datena. Ele levou o Datena ao  limite e mesmo o Datena tendo reagido com aquela violência, no final das contas, terminou por não ser condenado, por ter agredido o Marçal, mas porque ele leva a pessoa a sair do limite”.

Experiência administrativa

Para Hamilton Mourão, as propostas de Pablo Marçal, “são coisas visionárias, por isso que a gente sabe que eram totalmente inexequíveis, e que você olha o seguinte: a administração pública requer experiência administrativa bem grande, e não é qualquer pessoa que se propõe a ser prefeito de uma cidade do tamanho de São Paulo, que consegue fazer”.

Candidatos ao Palácio do Planalto

Perguntado se o senador Hamilton Mourão via algum nome se preparando para subir a rampa do Palácio do Planalto, nas eleições de 2026, ele ponderou: “Eu vejo que tem gente com ambições, teve alguma preparação, o governador de Goiás, o Ronaldo Caiado (União Brasil). Os outros que se especula, como Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná. Estamos falando do nosso lado, porque do outro lado a gente sabe que é Lula, primeiro e único, e não vai variar, não tem outro nome”. Esses que eu citei, estão meio tímidos ainda, não estão querendo se colocar, até para não adiantar uma disputa”, observou.

Sem descartar Jair Bolsonaro

“Eu acho que ainda temos que ultrapassar o ano de 2025, para entrar em 2026 e ver qual é a composição, sempre sem descartar a pessoa do presidente Jair Bolsonaro”. E concluiu: “porque tudo pode, nada pode. Depende, se hoje ele está inelegível, amanhã pode não estar”.

“Não sou candidato”, diz Mourão

Respondendo a uma pergunta se será candidato à Presidência da República, com sua experiência de ex vice-Presidente e conhecedor do caminho da rampa, Hamilton Mourão foi rápido em responder: “Não, não sou candidato a Presidente. Tem muita gente na minha frente nessa fila aí. “Hoje não há essa perspectiva, o meu partido também não tem essa visão, existem esses outros nomes que citei, que estão se posicionando. Vamos ter que aguardar para ver, onde nós vamos apoiar”.

Futuro do Republicanos

Na opinião do senador Hamilton Mourão, “O Republicanos vem se diversificando, com o trabalho do presidente Marcos Pereira. Quando ele assumiu o partido, era bem reduzido, não tinha esse nome, era PRB, e tinha um ou dois deputados federais, hoje nós votamos com 44, 45, temos quatro senadores, e saltamos de pouco mais de 200 prefeituras para 400, um aumento de mais de 100%”, atestou.

Rio Grande do Sul

Hamilton Mourão festejou o resultado das eleições municipais para o Republicano. “Carlos Gomes (Presidente do partido no Estado), e nós trabalhamos bastante, reelegemos 16 prefeitos, 21 vice-prefeitos, mais de 200 vereadores”.

A resposta é trabalhar

Questionado sobre críticas que recebeu no Rio Grande do Sul respondeu: “Primeiro lugar, a crítica que me fizeram em determinado momento, foi um troço muito mal colocado, se olhava até um viés contrário das pessoas, daquela emissora. Para isso aí a gente só tinha uma solução, trabalhar e mostrar que nós estávamos focando sempre em fazer o melhor pelo Estado”, argumentou Hamilton Mourão.

Processo eleitoral

“Essa questão do processo eleitoral, desde o primeiro momento, nós sentamos com o Carlos Gomes, para ver qual era o planejamento, o que tinha, qual eram as perspectivas, fiz essa reunião com ele lá em Porto Alegre, no meu escritório”, contou.

Planejamento de presença

Hamilton Mourão afirmou que o Carlos Gomes apresentou, e nós passamos um planejamento de cidades onde nós estaríamos presente, não só para apoiar os candidatos do nosso partido, eu não apoiei só os candidatos do Republicanos, mas também todos aqueles, situados dentro do nosso campo de direita”.

Mais de 500 vídeos

“Fiz campanha em outras localidades em que nós não tínhamos candidatos, mas era gente alinhada com o nosso pensamento, e aí fizemos esse circuito, gravei mais de 500 vídeos entre candidatos a prefeito, vice-prefeito, vereadores, vereadoras”, afiançou Mourão.

Não conseguimos garantir o 1º turno

“Fizemos esse nosso trabalho, e nos últimos dias agora, o que aconteceu? Nós avaliamos, que por exemplo, em Porto Alegre, o Sebastião Melo não tinha mais o que mexer, não conseguimos um por cento, que faltou ali para ele ganhar no primeiro turno”, afirmou Morão.

Circuitos de apoio

“Não me dediquei muito a Porto Alegre, aí fomos para o interior, fomos a Canoas, fiz um circuito na campanha, fiz um circuito na serra, fiz um circuito na zona metropolitana, fiz circuito no litoral, tudo buscando o melhor para o nosso partido. Acho que o nosso trabalho foi bem-sucedido”, comemora Hamilton Mourão.

Relação Congresso governo

Sobre a relação entre o Congresso Nacional e o governo, Hamilton Morão, avaliou que “o governo não tem maioria aqui dentro, ele tem na câmara ali, apanha muito, e aqui no Senado, pela natureza das pessoas que compõe o Senado, não há uma batalha a morte, aqui dentro, entre governo e oposição”, explicou.

Dificuldades do Governo no Senado

“Mas, os temas mais importantes, o governo não consegue passar aqui, independente dos partidos que estão representados, que tenham assento no governo, como União Brasil, o próprio PSD, que volta e meia votam contra o governo aqui dentro do Senado”, considerou Mourão.

Núcleo Central

Na avaliação do senador gaúcho, “o governo ele tem muita dificuldade, está muito ligado ao núcleo central do presidente, ser só o pessoal do PT, ele não tem pessoa que eu simpatizo no núcleo central dele, é um pessoal que envelheceu, não tem quadros renovados ali dentro, e é uma turma que não entendeu às mudanças que houveram no mundo, as mudanças que houveram na cabeça do eleitorado, as mudanças que houveram no mundo do trabalho, o pessoal ainda está na série do passado”, disparou Mourão.

A força do Centrão

Para o senador Hamilton Mourão, a força do Centrão éporque há lideranças firmes aí, tem o PP, liderado pelo Ciro Nogueira, que fez um baita trabalho lá no Piauí, elegeu 140 prefeitos, não é fácil num estado que é governado pelo PT, o MDB o partido que ele navega nas duas canoas, e o surgimento fortíssimo do PSD e mais atrás o nosso partido Republicanos, e óbvio o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL. Esses cincos partidos, são partidos dependentes para a direita. É pouca gente do PSD, do MDB que são mais de esquerda”, avaliou.

Relação entre Congresso e Supremo

Supremo Tribunal Federal

“Essa posição que o Supremo adotou, de ser um revisor da nação, e nas últimas palavras do próprio presidente da corte, do ministro Luís Roberto Barroso, dizendo que o Supremo tem a responsabilidade de civilizar o país, é algo totalmente desproporcional, parece que os ministros não compreendem, que tu não tens um mandato eletivo do povo”, criticou Hamilton Mourão.

Decisões monocráticas

Na visão do senador Mourao, “eles deviam se concentrar naquilo que é o papel específico do judiciário, que é de inibir conflito, e não aumentar os conflitos pela forma como se pronuncia sobre determinados assuntos, principalmente por meio das chamadas decisões monocráticas”.

Desgaste nas medidas

“Isso vem trazendo muito desgaste, de medidas que são aprovadas aqui dentro do Congresso, onde é discutido, debatido, e chega lá, o ministro com uma canetada, derruba, como no caso, que nós já tivemos a lei das estatais, a questão do Marco Temporal, a questão da lei das drogas”, reclamou o senador Hamilton Mourão.

STF tem que se abster de se meter

São temas que o Supremo tem que se abster de se meter, acentua Mourão. Ele acrescentou: “o Supremo tem que fazer cumprir aquilo que o Congresso votar”.

Reforma tributária

No ponto de vista do senador Mourão, os principais projetos que tramitam no Senado, o primeiro tema, que está na ordem do dia, é a questão da reforma tributária, a regulamentação dela não está sendo simples, pela quantidade de isenções que estão sendo colocadas, que vai levar o imposto do valor agregado a um nível muito elevado. Essa é uma questão importantíssima para o conjunto da população, porque influi na produtividade”.

Regime fiscal do país

Outras questões que saem daqui, são questões ligadas ao regime fiscal do país, afirmou Hamilton Mourão, acrescentando:“O Brasil não pode se permitir aumentar desmesuradamente os gastos sem que haja uma contrapartida de arrecadação coerente com isso, e sem que a gente esgoele o contribuinte, para o governo consiga gastar aquilo que ele acha que tem que gastar”.

Temas dominantes no momento

“Eu acho que esses dois temas, a economia e a questão que é muito ligada a questão tributária, que também está ligada à economia, são os temas dominantes do momento”, disse Hamilton Mourão. Já as pautas de costumes estão ficando meio que para um segundo plano”.

Governo lento

O governo tem sido muito lento na reação das necessidades dos agricultores gaúchos, que sofreram com seca, e agora sofreram com essa questão das enchentes, protesta o senador Hamilton Mourão.

Fundo garantido

“Todo tem dívidas, e dívidas tem que ser cobertas, e quem é que tem condições de colocar um fundo garantidor é o governo. Depois de muitas idas e vindas, nós aprovamos uma legislação aqui em setembro, que foi sancionado pelo Presidente da República no dia 20 de setembro, que é emblemático para nós do Rio Grande do Sul, mas que até o presente momento, não foi operacionalizada, seja pelo Ministério da Fazenda e pelos bancos”, afirmou Mourão.

Agricultores e as dívidas

“Agora os bancos estão correndo atrás, então isso leva aos nossos agricultores a uma situação de estresse total, porque semana que vem venceriam dívidas e eles seriam executados, ” alertou Hamilton Mourão. Acrescentou: “nós procuramos acalmá-los pelos contatos que nós estamos fazendo, no sentido de que banco nenhum vai executar, eles estão procurando se adaptar aquilo que foi o normativo do que o governo está colocando, mas uma própria resolução do conselho monetário nacional, mas não vamos chegar aquilo que era a ambição, de que oito anos para pagamento de dívida, está ficando em quatro”, festejou Mourão.

Condições de recuperação

Na avaliação de Hamilton Mourão, “não vamos chegar no ponto que era o ideal para eles, mas é um ponto que há condições de que eles consigam se recuperar”.

Conselho aos vereadores eleitos

“Eu falei muito durante a campanha eleitoral, sobre o papel do vereador. O vereador ele é um fiscal do prefeito, ninguém pensa que o vereador vai ser o homem das grandes ideias, que vai resolver os problemas do município, principalmente dos municípios pequenos, onde a câmara de vereadores tem 7, 9, 12, 13, 15 vereadores. Ali o vereador ele é o cara que tem que estar atento as ações que a prefeitura está tomando, e fiscalizar aquela ação do prefeito”, aconselhou Mourão.

Capacidade de legislar

Nas cidades maiores aí já tem uma outra capacidade de legislar, e consequentemente influenciar mais nas decisões que serão tomadas pelo conjunto do município”, assinalou o republicano. Hamilton Mourão.

Compreender como estão as finanças

“Meu grande conselho para os vereadores, é em primeiro lugar, compreender como é que estão as finanças do município, ver quais são os pontos sensíveis que estão ligadas, na educação, na saúde, na infraestrutura, e qualquer ato, para que esses problemas sejam solucionados”, aconselhou o senador, ex-vice-presidente da República, portanto que conhece difícil caminho das pedras.

Reorganização das forças

Para finalizar, na minha avaliação, é um momento agora de reorganização das forças, sugeriu Mourão. “Ontem encontrei um companheiro de partido de esquerda, ele estava meio abatido, porque disse ‘vocês nos deram uma surra’, eu digo, “pois, é as coisas são assim, tem que compreender o que aconteceu. Tem que pensar o que estão fazendo de errado”, sugeriu Hamilton Mourão.

Repórter Brasília, Edgar Lisboa

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