Ciro Nogueira (Crédito: Andressa Anholete/Agência Senado)
O líder da minoria no Senado, Ciro Nogueira (PP/PI), soou o alarme: “o Brasil precisa superar com urgência a polarização política que se arrasta há anos”. Para ele, fortalecer as instituições democráticas passa necessariamente por resgatar a autoridade e a imagem da Câmara e do Senado.
Os episódios da última semana, com invasões à mesa diretora, obstruções e cenas de tumulto representam um desgaste inadmissível aos presidentes Hugo Motta (Republicanos/PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil/AP), e não podem se repetir.
Excesso e impunidade no Congresso
Ciro Nogueira, ex-ministro de Jair Bolsonaro, foi direto em entrevista à Globonews: “é preciso punir comportamentos que ultrapassam o limite da convivência democrática. Chegam aos extremos e, depois, no Conselho de Ética se unem para defender esses malucos”, disse. Criticando a tolerância com práticas que desmoralizam o Legislativo.
Garantir o funcionamento
Para ele, “o plenário é a instância máxima da democracia e deve ser respeitado. Se a maioria quer votar, não há justificativa para impedir a deliberação, independentemente da posição dos presidentes das Casas. Eles não foram eleitos para decidir o que deve ou não ser votado; seu papel é garantir o funcionamento”, afirmou.
Paralisação que prejudica o país
O senador vê risco institucional quando matérias são bloqueadas pela minoria, travando decisões importantes. “Não existe democracia em que a maioria quer votar e é impedida. Precisamos colocar em pauta, debater e virar a página dessa situação que paralisa o Parlamento e o país”.
Ele defende que, pelo menos uma semana por mês, seja dedicada exclusivamente a temas de segurança pública, hoje o maior problema da sociedade.
Punições e resistências
O presidente da Câmara, Hugo Motta, prometeu responsabilizar os parlamentares que se apossaram da mesa diretora e impediram as sessões. Negou acordos com governo ou oposição para a retomada dos trabalhos e garantiu independência na definição da pauta. Nos bastidores, o projeto de anistia a investigados de 8 de janeiro, tem poucas chances de avançar; enquanto a PEC do fim do foro privilegiado pode até ser pautada, mas sua aprovação é incerta.
A pauta oculta: impeachment de Moraes
O líder do PL no Senado, Rogério Marinho (PL/RN), celebrou ter obtido metade das assinaturas da Casa para abrir processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. Ainda assim, Davi Alcolumbre já sinalizou que não colocará o tema em votação, mesmo com o número necessário de apoios. É uma decisão que cabe ao presidente.
Do circo à pauta econômica
Depois de uma semana de ‘espetáculos’ que lembraram a expressão de Ulysses Guimarães: “bancada do hospício”, o Senado levou apenas 15 minutos para aprovar a medida provisória que isenta do Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos.
Na cadeira do presidente
Na Câmara, o deputado Marcel Van Hattem (NOVO/RS) chamou atenção ao se sentar na cadeira da presidência e se recusar a sair. O PT pediu a suspensão do seu mandato; Van Hattem rebateu, acusando o partido de “hipocrisia”. Em sua base eleitoral, de perfil conservador, o episódio dividiu opiniões.
O recado de Ciro
Ao cobrar respeito às regras, fim da obstrução sistemática e foco em pautas urgentes, Ciro Nogueira se posiciona como voz pela normalidade institucional. Sua mensagem é clara: sem ordem e respeito às maiorias, o Parlamento perde relevância e a democracia se enfraquece.
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa