Ilustração, Edgar Lisboa, com recursos de IA
A promessa era de praticidade, agilidade e segurança. Mas, na prática, o que muitos usuários da Uber enfrentam hoje é frustração, demora e descaso. O excesso de cancelamentos por parte dos motoristas tem se tornado rotina em várias cidades brasileiras, especialmente naquelas onde a fiscalização sobre os serviços de transporte por aplicativo ainda é frágil ou quase inexistente.
Um cancelamento isolado, ainda que incômodo, pode até ser compreendido por imprevistos. No entanto, três cancelamentos seguidos em um único pedido de corrida beira o absurdo — e não é um caso isolado. É sintoma de um modelo que precisa de correção urgente.
Na tarde noite desta quarta-feira (23), por volta das 19h30min, solicitamos uma corrida por meio do aplicativo da Uber, no estacionamento no estande da BYD, em frente o Mané Garrincha, ao lado do centro gastronômico “Mane”. Enfim, três motoristas cancelaram. Mandei pelo WhatsApp, foto do local em que eu estava deixando bastante nítida a localização. Na quarta tentativa consegui embarcar, no Renault laranja do motorista Saulo, educado e gentil, como deveriam ser todos, e cheguei rapidamente em casa. Todas as solicitações foram feitas com pagamento via cartão de crédito, dentro das regras.
O mais alarmante é que, após tantos cancelamentos, não tem para quem se queixar me disse outro passageiro que chamava um Uber.
A sensação é de abandono — o oposto do serviço que a plataforma promete oferecer.
A Uber precisa ser responsabilizada por esse desrespeito com os consumidores. É inadmissível que a empresa, que lucra com cada transação, não ofereça mecanismos eficazes para garantir que o usuário não seja penalizado por sucessivas desistências que não são de sua responsabilidade.
Ao mesmo tempo, os motoristas parceiros também merecem atenção. Muitos relatam que o valor recebido por determinadas corridas não compensa os custos — o que, em parte, explica os cancelamentos. No entanto, é dever da plataforma encontrar soluções e não transferir o peso dessa equação desequilibrada para o passageiro.
Cabe às autoridades do Distrito Federal e também federais reguladoras, inclusive, intensificar a fiscalização sobre o funcionamento desses serviços. A mobilidade urbana por aplicativo não pode se transformar em uma roleta russa, onde o passageiro nunca sabe se vai ou não conseguir chegar ao seu destino. Talvez o presidente da Comissão de Defesa do consumidor da Câmara Legislativa, Chico Vigilante que tantos bons erviços tem prestado à população, possa entrar no circuito e tentar descobrir qual o caminho para cobrar, efetivamente, soluções.
O cidadão merece respeito. E a Uber — assim como os motoristas que aderem à plataforma — deve assumir sua parte de responsabilidade.
Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa