
Num país que tem 30 partidos aptos a disputar as eleições, depois que o Movimento Brasil Livre, também criou o Partido Missão, registrado no TSE no último dia 4 de novembro de 2025, fica mais que evidente que nenhum desses partidos sozinhos poderá vencer uma eleição.
Mesmo antes do Regime Militar, quando poucos eram os partidos, as forças ideológicas se compunham para as disputas, como aconteceu quando o mineiro conservador Juscelino Kubitschek, do PSD, preferiu o gaúcho João Goulart do PTB para seu vice. Foi também assim que Jânio Quadros de direita do PTN, pegou de vice João Goulart da esquerda. Mesmo após serem restauradas as eleições diretas Fernando Collor usou o mineiro Itamar Franco como vice. Na sequência, o ideólogo Fernando Henrique Cardoso de esquerda, compôs com Marco Maciel da direita.
Destaca-se que Lula depois de perder a eleição em 1989 tendo como vice o petista José Paulo Bisol, já em 1994 aliou-se com o capitalista e milionário José Alencar da Coteminas da direita, repetindo a chapa em 2002, para vencer sua primeira eleição presidencial. Na sequência o PT com Dilma viu Michel Temer do centro como vice para manter-se no poder. A exceção desta regra só aconteceu em 2018 com o Capitão Bolsonaro e o General Mourão de vice caracterizando o militarismo. Foi o primeiro a não se reeleger exatamente por ter insistido com um vice também militar. Lula novamente se aliou com antigos adversários do centro e direita engolindo as acusações de “voltar à cena do crime” do seu vice Alckmin, bem como repetir a dose em 2026.
Existe uma constante radicalização entre esquerda (mais de 20 anos no poder) e direita, mas a verdade nua e crua é que a maior força política ainda está no centrão e, como se costuma dizer na linguagem popular, a única força política coerente de sempre ser governo não importando que vença a esquerda ou da direita. Foi assim com os últimos presidentes após a redemocratização.
- Fernando Affonso Collor de Mello (15/03/1990 a 02/10/1992) Itamar Franco assumiu peloimpeachment de Collor.
- Fernando Henrique Cardoso (1º/01/1995 a 1º/01/1999)
- Fernando Henrique Cardoso (1º/01/1999 a 1º/01/2003)
- Luiz Inácio Lula da Silva (1º/01/2003 a 31/12/2006)
- Luiza Inácio Lula da Silva (1º/01/2007 a 31/12/2011)
- Dilma Rousseff (1º/01/2011 a 31/12/2014)
- Dilma Rousseff (1º/01/2015 a 31/08/2016)
- Michel Temer (31/08/2016 a 31/12/2018), em virtudedo impeachment de Dilma.
- Jair Messias Bolsonaro (1º/01/2019 a 31/12/2022)
- Luiz Inácio Lula da Silva (1º/01/2023 até o momento)
Neste sistema partidário em que bilhões dos impostos são gastos para pagar as eleições dos políticos profissionais, que criaram a imoral “janela partidária” para que eles possam trocar de partido e mandar seus eleitores catar coquinhos. Em 2018, 91 deputados, quase 20% do total de 513 que mudaram de legenda. Na ocasião, o PT, por exemplo, viu sua bancada diminuir de 69 para 60 cadeiras, enquanto o PP foi de 38 para 53. Para citar um só exemplo deste vira casaca dos nossos políticos, o próprio Bolsonaro, já esteve filiado a 9 (nove) partidos.
Coerentes mesmo são os donos de partidos, que pelo poder de indicação e distribuição dos bilhões dos fundos partidários e eleitorais eles se mantêm no poder abastecendo-se de vira-casacas para serem as mercadorias de troca nas suas bancas de negócios.
Até abril de 2026 todos os candidatos a qualquer cargo devem estar filiados a um partido. Assistiremos então, mais uma vez, a politicagem esquecendo-se dos graves problemas brasileiros, para que a classe política pense nas suas vantagens pessoais com suas reeleições.
Está na hora destes partidos, no primeiro ou segundo turno, apresentarem um candidato com comprovada experiência, sólido e claro preparo pessoal com um PROGRAMA DE GOVERNO que possa tirar o Brasil deste crônico subdesenvolvimento.
A grave realidade brasileira é que continuamos caindo entre a nações desenvolvidas, agora apenas no décimo primeiro (11º) lugar dos potenciais mundiais e mesmo assim temos a escorchante arrecadação federal que bate recordes, estatais dando prejuízos como nunca, indústrias tradicionais mudando-se para o exterior, briga generalizada entre os três poderes que afasta novos investimentos do exterior. Ainda por cima este crescente custo de vida, juros em alta, que impedem novos empreendimentos, sem esquecer desta monstruosa dívida pública de mais de 9 trilhões de dólares.
Será que foi esta a DEMOCRACIA QUE FOI SALVA?
Com este sistema a tendência é afundarmos ainda mais no poço das vaidades políticas dos nossos governantes, a não ser que mudemos as regras deste sistema presidencialista em que só chegam ao poder os demagogos, populistas e mentirosos que gastam mais do que arrecadam e ainda tem a desfaçatez de decretarem silêncio de 100 anos sobre suas contas, mordomias e maracutaias.
Salvador da Pátria mesmo será aquele presidente que não queira se reeleger, mas proponha uma ASSEMBLEIA CONSTITUINTE EXCLUSIVA, para que o POVO, com novas lideranças livres deste ultrapassado e ditatorial sistema partidário de impor emendas parlamentares do orçamento, possa escrever uma NOVA CONSTITUIÇÃO, deixando muito bem claro as responsabilidades dos políticos e governantes, a fim de que uma nova classe política possa ser formada pela coerência, ética, e esmerada capacidade para serem gestores da coisa pública.
NILSO ROMEU SGUAREZI, advogado, ex-deputado constituinte e defensor da tese da Constituinte Exclusiva para homens e mulheres sem vinculação partidária e sem financiamento público escreverem a nova Constituição Brasileira – a primeira escrita pelo POVO.