
Os motivos informados pelas autoridades da área, no caso dos pinheiros, é que são frágeis e podem cair durante dias de vento, ou após chuvas, com risco de acidentes para os visitantes.
Também, pelo risco de incêndio pelas folhas e resinas, que são altamente inflamáveis, o que aumentaria o risco de incêndio florestal no Cerrado.
Por outra, que haveria invasão do bioma, por serem espécies exóticas, os pinheiros competiriam com a vegetação nativa, impedindo o desenvolvimento da flora local e comprometendo a biodiversidade do Cerrado.
A nota de esclarecimento feita pelo Jardim Botânico de Brasília, no afã de estabelecer a cronologia dos fatos, amparada por decretos e normativas legais, informa que, à princípio, o plantio de eucaliptos e pinheiros seriam para exploração comercial de madeira. Tempos depois, houve outra orientação no sentido de vedar o plantio destas espécies exóticas.
Ao que se sabe, não houve avanços dos pinheiros nas áreas nativas, embora o JBB afirma que estudos feitos, em 2015, apontam efeitos nocivos no Cerrado. Alega, segundo esta nota, que tudo isso gera uma preocupação com a segurança dos visitantes, servidores e colaboradores, muito embora estas pessoas não tenham sido chamadas a opinar sobre tamanha mudança ambiental.
Desta forma, e por isso, houve um plano de substituição por espécies nativas e manejo, onde serão plantadas árvores nativas do Cerrado, para garantir sombra e conforto aos visitantes. Alegam que a retirada será realizada por etapas, para minimizar impactos, e que tem realizado campanhas educativas para informar a população sobre o andamento do projeto e tirar dúvidas.
Porém, o que se vê numa rápida visita ao Jardim Botânico é uma área devastada e caótica, com pedaços de árvores e galhos soltos por todo o lado, numa visão de desalinhamento e desordem. Não há mais sombra no lugar do estacionamento, marcado por cones desordenados e de difícil acesso. O local onde existe um bar /restaurante, que serve os visitantes está completamente desolado, mas, mantém alguns remanescentes das árvores para serem revestidas por painéis.
Eu presumo: os clientes que chegam devem se deslocar para um lugar longínquo, para serem servidos, embaixo de árvores que restaram nesta devastação. Os quiosques não tiveram a mesma sorte, estão enfrentando um sol escaldante e sem qualquer proteção das árvores.
Evidente que existem perguntas no ar a serem respondidas em face desta incongruente ação predatória, pelos responsáveis pelo Jardim Botânico.
1- Se eram tão prejudiciais ao ambiente porque foram plantados?
2- Os pinheiros existem há décadas no Jardim Botânico, e não consta que provocaram incêndios no Cerrado.
3- Os incêndios havidos, ao longo dos anos, no JBB foram em áreas distantes do Centro de Visitantes.
4- O corte intermitente dos pinheiros não foi planejado, parecendo que a motosserra alugada, seria para ser feita em poucos dias, sem qualquer limpeza ou retirada.
- Onde serão depositadas as madeiras cortadas, serão usadas ou entregues a empresas interessadas no seu manejo?
6- Haverá comercialização das madeiras e das toras de pinheiros, ou haverá um tratamento adequado destas madeiras para a sua utilização.
6- A ação de desfazer-se dos pinheiros para ser mais uma jogada de marketing do que preocupação com o meio ambiente ou com os visitantes.
7- A área devastada deverá ser refeita o mais rápido possível, pois está causando constrangimento e decepção aos usuários e visitantes do Jardim Botânico, que não encontram mais motivo para visitar um cemitério de árvores.
Aguardamos, ansiosamente, as respostas das autoridades do Jardim Botânico de Brasília, uma das joias da cidade.
Décio Guimarães, Escritor e Poeta, morador do Jardim Botânico