Taxação e antipatriotismo

Heitor Schuch (Crédito:Vinicius Loure, Câmara dos Deputados)

O segundo semestre promete ser intenso no Congresso Nacional, avalia o deputado Heitor Schuch (PSB/RS), ao destacar as consequências do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras. Com indignação, o parlamentar critica a postura de políticos que, segundo ele, agem de forma contrária aos interesses do país. Apesar da lista de exceções que ameniza parte dos prejuízos, setores produtivos alertam para riscos de desemprego e queda na arrecadação.

Brasileiros que gostam mais dos americanos
“Meu sentimento é que há brasileiros que gostam mais dos americanos do que do Brasil. Não se preocupam com as empresas nacionais, nem com os trabalhadores e, muito menos, com as divisas que as exportações geram para União, Estados e municípios”, disparou Heitor Schuch.

Prejuízo iminente

O Rio Grande do Sul, estado fortemente exportador, é um dos que mais podem sentir o impacto da taxação. “O prejuízo está à porta, assim como pode faltar mercadoria para a nossa indústria nacional”, alerta Schuch. Além do tarifaço, ele lembra que outros temas importantes estarão na pauta do Congresso, como a votação da Lei Orçamentária Anual de 2026, a securitização de dívidas no Senado, projetos voltados à agricultura familiar e a expectativa pelo acordo Mercosul-União Europeia.

Lista de exceções e oportunidades

Embora a taxação de até 50% sobre produtos exportados aos EUA assuste, a lista de exceções divulgada pelo governo americano, com 694 produtos, atenua parte dos danos. Aviões civis, helicópteros, peças aeronáuticas, celulose, móveis de madeira, cobre e alumínio, ficaram de fora do tarifaço. “É um alívio parcial, pois diminui a pressão sobre setores estratégicos e a necessidade de socorro governamental”, avaliam lideranças produtivas.

Mercados alternativos e desafios

Apesar da esperança de avanços nas negociações, setores como o de pescados, cacau e café seguem apreensivos. O café, por exemplo, enfrenta dificuldades para diversificar mercados devido ao peso cultural do consumo nos Estados Unidos, onde mais de 70% da população consome a bebida semanalmente. Já a carne bovina, embora afetada, tem maior capacidade de redistribuição em outros mercados.

Lei Magnitsky e simbolismo

Outro tema que gerou repercussão foi a aplicação, por Donald Trump, da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A legislação, geralmente aplicada contra regimes autoritários, permite congelar bens e restringir transações financeiras.
Para o professor Salem Nasser, da FGV-SP, o ato tem mais peso político do que prático. “Mas, simbolicamente, a medida envia uma mensagem forte e é claramente politicamente motivada”.

Unidade nacional

Para o deputado Heitor Schuch, o momento exige menos antipatriotismo e mais união. “É hora de defender nossos setores produtivos, nossos empregos e nossas divisas. Quem torce contra o país em um momento como esse está, no mínimo, fragilizando a economia nacional e o futuro de milhões de brasileiros”, conclui.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

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