Reforma ministerial por etapas

Esplanada dos Ministérios

A Reforma Ministerial que vem sendo ensaiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a pressão dos partidos que querem mais espaços na Esplanada dos Ministérios, deve ocorrer com maior intensidade após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, previstas para primeiro de fevereiro. As alterações devem ser feitas por etapas: com substituições pontuais em pastas comandadas pelo PT, como foi o caso da Secretaria de Comunicação, onde o publicitário Sidônio Palmeira substitui o deputado Paulo Pimenta (PT/RS).

Maior consistência

As mudanças em ministérios de maior consistência e com maior volume de entregues, como chamam agora os parlamentares, deverão ocorrer ao longo de grandes discussões e negociações, voltadas para as eleições de 2026.

PSD quer mais espaço

O PSD de Gilberto Kassab, com a força de quem conquistou o maior número de prefeituras nas últimas eleições, quer aproveitar a reforma ministerial para trocar o comando do Ministério da Pesca, para uma pasta de maior destaque. O partido que já comanda os Ministérios da Pesca, da Agricultura e Minas e Energia, enfrenta a ambição de outras legendas por estas áreas estratégicas. O PSD vem negociando para abrir seu leque de atuação na Esplanada dos Ministérios, e quer ampliar sua projeção dentro do governo.

Pasta mais robusta

O Partido de Gilberto Kassab reivindicou ao presidente Lula, para trocar o Ministério da Pesca, comandado por André de Paula, por outra pasta mais robusta. Hoje o PSD tem três ministérios, o da Pesca, o da Agricultura, com Carlos Fávaro, e o de Minas Energia, com Alexandre Silveira.

Mais visibilidade

A avaliação do PSD é de que a pesca tem pouca entrega nos estados. Os líderes querem uma área em que o partido consiga ter mais visibilidade. A bancada na Câmara reclama que a bancada no Senado é mais privilegiada, porque Alexandre Silveira e Carlos Favaro, que estão à frente de dois ministérios, são senadores.

Lula gosta

No Congresso há ainda uma insatisfação com o desempenho de Alexandre Silveira à frente do Ministério de Minas e Energia. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), mas a avaliação é de que Silveira não recebe deputados e não cumpre acordos prometidos, por isso a relação entre Silveira e Pacheco não seria mais tão sólida como antes. No entanto, no Palácio do Planalto, leia-se,  Luiz Inácio Lula da Silva, Silveira e Favaro são bem avaliados.

Articulação política

O governo tenta abrir espaço para outras legendas para ampliar sua força com vistas às próximas eleições. Isso poderá levar à troca da articulação política, comandada hoje pelo ministro Alexandre Padilha, que poderia substituir Nísia Trindade no Ministério da Saúde. Para a articulação política, começa a ganhar força o nome do líder do MDB, Isnaldo Bulhões.

Acomodar as novas siglas

O novo presidente da Câmara, que deverá confirmar Hugo Motta (Republicanos/PB), terá o desafio de acomodar as novas siglas que apoiam sua indicação.

Buscar governabilidade

Cientistas políticos avaliam que as mudanças são necessárias para que o governo, abrindo espaço, consiga aprovar seus projetos no Congresso Nacional, neste período que se aproximam as eleições. Na opinião do cientista político André Rosa, da Universidade de Brasília, as mudanças precisam ser feitas para que o governo busque a governabilidade no Parlamento, muito em decorrência das eleições das presidências das casas legislativas.

Nunca esquecer do Centrão

A expectativa do ministro da Cássia Civil, Rui Costa, de que mais mudanças nos ministérios deveriam ocorrer até a reunião ministerial, de 21 de janeiro, será muito difícil de acontecer.

Parlamentares acreditam que tudo deve ocorrer após a escolha do comando do Parlamento. Esse período passa também pelas negociações com o Centrão, o bloco com poder de mudar os rumos do pleito.

A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

Edgar Lisboa

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