A Câmara dos Deputados realizou nesta quarta-feira (11), Sessão Solene para homenagear os voluntários que atuaram no resgate e apoio às vítimas da catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul no final de abril deste ano. “As fortes chuvas que castigaram os gaúchos afetaram 2,4 milhões de pessoas”, disse o deputado Zucco, na abertura da sessão, após agradecer a presença de parlamentares e convidados.
Pessoas desaparecidas
Mais de um quinto da população, foi atingida pelas enchentes, deixando milhares de desalojados e 183 mortos. Mais de meio ano após a tragédia, pelo menos duas dezenas de pessoas seguem desaparecidas.
Impacto poderia ser maior
Sessão solene teve como um dos proponentes o deputado federal Zucco (PL-RS), juntamente com a deputada Any Ortiz (Cidadania/RS)
O deputado federal Zucco (PL/RS) um dos proponentes da homenagem, abriu a sessão e passou a presidência dos trabalhos para a deputada Any Ortiz (Cidadania/RS). O deputado foi o primeiro a falar. Ressaltou que “o impacto das fortes chuvas poderia ter sido muito maior não fossem os milhares de voluntários que participaram da corrente humanitária. Foi uma experiência equivalente a uma guerra. Vivemos os dias mais difíceis das nossas vidas. Entramos de um jeito e saímos totalmente transformados.
Corrente de solidariedade
“Formou-se uma corrente de solidariedade e união sem precedentes em nossa história recente. Tivemos o apoio de todos os brasileiros e também muita ajuda vinda do exterior. Só nos resta agradecer a todos, anônimos ou famosos, indistintamente”, destacou Zucco.
Sem acesso
As consequências da catástrofe climática, acentuou Zucco, “serão sentidas por décadas, haja vista a magnitude da tragédia”. Ele afirmou que “tem muitas pessoas que seguem sem ter onde morar. Recentemente tivemos o nosso aeroporto liberado. Mas temos muitas estradas que seguem interditadas e permanecemos sem acesso por trilhos com o restante do Brasil. Mas se hoje temos força e determinação para reconstruir nosso Estado, devemos muito a todos os voluntários”, concluiu Zucco.
Atos heróicos
Na opinião do deputado Ubiratan Sanderson (PL/RS), a homenagem, na Sessão Solene da Câmara, “representa o reconhecimento do Estado, através do Parlamento, dos Deputados, de atos heróicos com muita abnegação praticados por setores da sociedade gaúcha, brasileira, sobretudo pessoas privadas, pessoas físicas privadas, que naquele momento tão difícil das primeiras desgraças das enchentes, foram fundamentais. Falo das pessoas físicas voluntárias”.
Ato de reconhecimento
“É um ato de reconhecimento proposta do deputado federal, Tenente Coronel Zucco”, acentuou Sanderson. “Nós estamos apoiando, O fato é que hoje, depois de oito meses, nós estamos vendo o tamanho da desgraça. Naquele momento era salvar vidas, eu mesmo procurei ajudar com todas as minhas forças, mas hoje nós estamos vendo que a tragédia é maior do que nós imaginávamos.”
Produção agrícola
Na avaliação de Ubiratan Sanderson, “passados 8 meses, setores da iniciativa privada, ligadas à produção agrícola e urbana, até agora não se recuperaram. Eu estive no Vale do Taquari, no mês passado, e conversando com representantes do comércio, oito meses após, alguns continuam fechados, então, para fazer essa retomada agora, não vejo como, se não for através de um apoio do poder executivo central, federal. Os municípios não têm condições de fazer. O Governo do Estado está falido, e me parece também com pouca vontade, com pouco ânimo para fazer essas transformações”
Produtores sem dinheiro para o plantio
O Governo Federal cobra o parlamentar,” tem um orçamento de quase 8 trilhões de reais. Basta fazer a destinação ali de, por exemplo, 80 bilhões, que é o que nós mais ou menos temos em mente, para salvar todo o Estado, é fácil de fazer, é só querer, só ter vontade política. Muitos produtores rurais que perderam tudo, ainda não conseguiam se restabelecer, estão sem dinheiro para fazer o plantio, inclusive, da soja agora para 2025”.
Pessoas seguem sem casa
Ubiratan Sanderson alerta que” muitas pessoas, muitas vezes, milhares de pessoas seguem sem casas, morando ou em abrigos, ou em casas de parentes. Então, um cenário muito difícil, e que faz com que nós hoje, 8 meses após, olhemos com toda a responsabilidade para que, para esse tipo de situação, para que situações futuras não voltem a abalar. É claro que nós não temos o que fazer contra tragédias climáticas, pouca coisa temos a fazer, talvez ali projetos relacionados ao desassoreamento, a drenagem, sejam projetos importantes e eu diria melhor, fundamentais, mas a chuva ninguém segura, naquela época choveu 40 dias sem parar”.
Defesa Civil
Para fazer o enfrentamento dessas situações precisamos ter equipes de Defesa Civil qualificadas e hoje não tem. O deputado relatou que chegou a visitar municípios do interior do Rio Grande do Sul que sequer tinha defesa civil”. Municípios grandes, municípios de 50 mil habitantes, cadê o agente da defesa civil, não tem”.
Homenagem merecida
O deputado Marcel van Hattem (Novo/RS) disse ao Repórter Brasília que, “nós estamos vendo aqui uma homenagem muito merecida daqueles que mais fizeram. É óbvio que muitos fizeram também no poder público, mas tivemos também muitos percalços em virtude de uma série de fatores históricos já do nosso poder público que tem uma dificuldade muito grande de agir em momentos normais, imagine em momentos excepcionais, mas ainda assim precisamos reconhecer uma série de profissionais: as Forças de Segurança, os Corpos de Bombeiros, as Forças Armadas, que também se mobilizaram, e não só do Rio Grande do Sul, como também de outros estados da federação”.
O povo pelo povo
Na opinião de Marcel van Hattem, “o grande slogan que ficou foi o povo pelo povo, até porque não teria sentido que o Estado atendesse tudo, é impossível, o Estado não está preparado para uma tragédia dessa proporção, unicamente com os seus funcionários, é preciso que haja essa mobilização e não faltou, tanto da parte dos gaúchos, como da parte de brasileiros de outras regiões do nosso país”
Profunda Solidariedade
“Foi um momento de profunda solidariedade, e agora, claro, chegando ao final do ano, não só fazemos esse reconhecimento merecido a quem ajudou, como as cobranças aquelas instituições públicas que deveriam ter ajudado mais, e que até agora não o fizeram. Segundo o parlamentar, “também da parte do governo federal que mais pode ajudar, ainda não compareceu na medida de sua responsabilidade”.
Saber agradecer
Na visão do deputado Heitor Schuch (PSB/RS), “sem dúvida nenhuma, 2024, para nós gaúchos, foi o ano da solidariedade, do voluntariado e da reconstrução”. Para o parlamentar, “ se não fosse o voluntariado, se não fosse tanta doação de comida, de água, que veio de tudo o que lugar e chegou na hora, quando as pessoas não tinham nada para comer, foi da maior importância. Não há dúvida nenhuma que essa homenagem é justa, sou signatário. É fundamenta, a gente saiba agradecer”.
Cobranças dos governos
A sessão solene foi marcada por discursos emocionados e cobranças pela “omissão dos governos federal e estadual no atendimento às vitimas e setores econômicos atingidos
Presentes na sessão solene também os deputados gaúchos Osmar Terra, Pedro Wetsphalen, Giovani Cherini , Bibo Nunes. e Pompeo de Mattos, além de parlamentares de outros Estados.
Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa