Pesquisa Quaest: maioria apoia prisão domiciliar de Bolsonaro e vê envolvimento em trama golpista

Uma pesquisa da Quaest, divulgada nesta segunda-feira (25), aponta que 55% dos eleitores consideram justificada a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, contra 39% que a julgam injusta. O levantamento mostra ainda uma mudança significativa na percepção sobre sua participação na tentativa de golpe de Estado: 52% acreditam que ele esteve envolvido, enquanto 36% rejeitam essa ideia. Em março, os números eram de 49% e 35%, respectivamente.

Eleitorado mais informado

O caso Bolsonaro ganhou ampla visibilidade. 86% dos eleitores dizem saber que ele está sendo julgado pelo STF, percentual maior que os 73% registrados em março. Além disso, 84% já tinham conhecimento da prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes em agosto.

Provocação a Moraes

Para 57% dos entrevistados, Bolsonaro agiu deliberadamente para provocar o ministro Moraes ao participar de uma videochamada com o deputado Nicolas Ferreira, pouco antes da decisão judicial. Já 30% acreditam que o ex-presidente apenas não compreendeu as regras e errou ao entrar na transmissão.

Diferenças regionais e sociais

Na avaliação sobre o envolvimento na trama golpista, apenas no Sul a maioria (46%) considera que Bolsonaro não participou, contra 43% que afirmam sua participação. Nas demais regiões prevalece a visão de envolvimento, chegando a 62% no Nordeste. Entre as mulheres, 55% acreditam que Bolsonaro participou, contra 50% dos homens. A percepção de culpa é majoritária também entre eleitores de baixa renda e da classe média.

Católicos e evangélicos divididos

A pesquisa revela forte contraste entre crenças religiosas: 59% dos católicos veem Bolsonaro como envolvido no plano golpista, enquanto 54% dos evangélicos acreditam no contrário, considerando-o alheio à conspiração.

Metodologia

O levantamento ouviu 2.004 eleitores presencialmente entre 13 e 17 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.

Em síntese, a pesquisa mostra um eleitorado cada vez mais informado sobre o processo e dividido em linhas regionais, sociais e religiosas — mas com tendência crescente de associar Bolsonaro à tentativa de golpe.

Portal Repórter Brasília, Edgar Lisboa